Na última segunda-feira, a “rainha do rock brasileiro”, Rita Lee, faleceu, aos 75 anos, após se recuperar de um câncer de pulmão. Rita Lee foi personagem marcante da música popular brasileira. Foi uma das fundadoras da banda “Os Mutantes”, que marcou a cena musical dos anos 60 e 70 com sua mistura de rock psicodélico e tropicalismo. Foi presa durante a ditadura e posicionou-se cortocontundente contra a repressão. Em sua carreira solo, Rita Lee lançou dezenas de álbuns, vendendo milhões de cópias. Suas letras irreverentes, divertidas e engajadas conquistaram fãs aos montes. Rita Lee também se destacou como escritora, atriz, apresentadora de TV e defensora dos direitos dos animais. Antes de partir, publicou sua autobiografia, “Rita Lee: Outra autobiografia”, uma atualização de sua autobiografia de 2016, “Rita Lee: Uma autobiografia”.
Em 2001, Rita Lee foi objeto de estudo da pesquisadora Gláucia Costa de Castro Pimentel. Sua dissertação intitula-se “Guerrilha do prazer: Rita Lee Mutante e os textos de uma transgressão” e foi defendida em 2001 no âmbito do Centro de Comunicação e Expressão do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina.
“No final dos anos 60, sob forte repressão ditatorial com a vigência do AI-5 e vivendo a luta armada, o Brasil presenciou o surgimento de um movimento que se colocou de forma singular ao lado das manifestações de crítica e resistência à ditadura, e que ganhou igualmente as ruas, buscando, no humor e na irreverência munição para discutir um vasto espectro de códigos de conduta e de valores. Esse movimento foi chamado Tropicalismo. De origem baiana, o Tropicalismo desenhou uma ideia edênica de ser brasileiro, em meio às muitas influências internacionais propostas pelas revoltas de 68. Do sul, em meio ao movimento, uma nova imagem de mulher foi exposta por Rita Lee, uma garota hippie-tropicalista, integrante do grupo musical de rock “Os Mutantes”. Esse grupo, mais alinhado com a proposta hippie internacional, problematizou temas predominantemente urbanos. Rita Lee, na interseção dessas duas ideias, projetou uma imagem que propôs formas libertárias e hedonistas para fazer frente à política, à estética, à ética, à sexualidade e às manifestações religiosas, até então amplamente aceitas. Com uma perspectiva bakhtiniana, o presente trabalho analisa 23 canções e 12 imagens do grupo onde a paródia e o plurilingüismo comprovam os meios utilizados para a busca de novas fronteiras sensoriais rumo à inserção do múltiplo. Os Mutantes, e em especial Rita Lee, construíram, assim, uma obra sonora e performática na tentativa de expandir os limites impostos pelo Estado e a sociedade daquele período”, diz o resumo do trabalho.
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