Bebês britânicos nascidos no período receberam nomes como “Somme”, “Victory” e “Cavell”.
Bruno Leal | Agência Café História
O historiador britânico Jessamy Carlson tem uma pesquisa super original: ele estuda a nomeação de bebês como forma de homenagem a batalhas, fatos ou figuras da Primeira Guerra Mundial. Ele é um dos muitos pesquisadores do chamado “Home Front”, em português, “frente doméstica”, que busca entender como a população de um determinado país beligerante participou do esforço de guerra, mesmo a distância.
No total, Carlson identificou cerca de 1600 bebês com nomes inspirados na Primeira Guerra Mundial, todos nascidos entre 1914-1919. “Cerca de 220 dessas crianças morreram ainda quando bebês, o que representa cerca de 14% de mortalidade. É de partir o coração considerar que muitas mães deram a seus seus filhos nomes de batalhas onde seus pais morreram apenas para perdê-los logo depois”, sublinha o historiador.
Segundo Carlson, esse tipo de homenagem teve o seu auge em 1916, quando 812 crianças nascidas neste ano receberam algum nome inspirado na Primeira Guerra Mundial.
Os nomes
Muitos bebês receberam nomes como “Verdun”, “Somme” e “Ypres”, em referência às maiores e mais sangrentas batalhas da Primeira Guerra Mundial. Contudo, os pais também nomearam seus filhos e filhas com nomes de militares e políticos famosos, como “Haig” (de Douglas Haig, comandante da Força Expedicionária Britânica), “Kitchener” (de Horatio Herberts Kitchener, Secretário de Estado para assuntos de guerra, o “rosto” do mais famoso cartaz de alistamento para a guerra, ao melhor estilo “Tio Sam”) e “Cavell” (de Edith Cavell, enfermeira executada pelos alemães).
A partir de 1918, houve um declínio dessa prática de nomeação, muito provavelmente um reflexo do cansaço da população diante da guerra. Porém, ainda assim, no ano final da Primeira Guerra Mundial, o historiador identificou dezenas de crianças nesse período que receberam nomes como “Vitória”, “Armistício” e “Paz”, respectivamente, em inglês, “Victory”, “Armistice” e “Peace”.
O estudo, publicado, em parte, no site do Arquivo Nacional Britânico, permite compreender melhor os efeitos da guerra a guerra na vida cotidiana de milhares de pessoas, criando formas de resistência e apoio que a historiografia até então ou não havia considerado.
Como citar esta notícia
CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Estudo revela que Primeira Guerra Mundial deu origem a nomes de bebês britânicos (Notícia). In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/primeira-guerra-mundial-deu-nomes-a-bebes/. Publicado em: 4 jun. 2020. ISSN: 2674-5917.
Antes da unificação da rede de ônibus no Rio de Janeiro quando Eduardo Paes foi prefeito, existia a viação “Verdun”. Alguém sabe da origem ?
Ótima pergunta, Armelle! Pesquisei na Web e encontrei o seguinte:
“A empresa foi fundada em 1962 e começou com uma que passava pelo largo do Verdun, o que levou ao nome da empresa. Após a padronização imposta pelo poder público municipal, em 2010, deixou suas cores originais e adotou a pintura do Consórcio Internorte. Até o fim da norma, em 2019, quando começou a tingir sua frota em tons azuis com modernização da marca.”
A pergunta muda, então: teria o nome “Largo do Verdun” algo a ver com a batalha? Parece que sim. Neste blog, encontramos uma explicação:
http://blogdobranquinho.blogspot.com/2012/08/rio-grajau-largo-do-verdun-perde-memoria.html