Giovanni Bianchini, matemático renascentista italiano, ganha novo destaque na história da matemática após pesquisadores identificarem o uso do ponto decimal em um manuscrito seu datado de 1440 — 150 anos antes de sua aplicação formal reconhecida. Publicada na revista Historia Mathematica, a análise demonstra como a contribuição de Bianchini transcende o reconhecimento histórico, influenciando diretamente o desenvolvimento de cálculos modernos e simplificados.
O ponto decimal, uma notação que revolucionou os cálculos matemáticos, era anteriormente atribuído ao matemático alemão Christopher Clavius, que o utilizou em 1593. No entanto, como observa José Chabás, historiador da astronomia da Universidade Pompeu Fabra, “a inspiração veio de Bianchini”. Chabás destaca que essa inovação foi “um avanço para a humanidade”, facilitando cálculos fundamentais para o progresso científico e tecnológico.
A origem dessa abordagem remonta ao Tabulae primi mobilis B, um tratado em que Bianchini detalhou como realizar multiplicações e interpolações usando o ponto decimal. Suas tabelas trigonométricas, que apresentavam senos expressos em frações decimais, demonstram uma visão à frente de seu tempo. Glen Van Brummelen, historiador que estudou o manuscrito, afirma que é “impossível” que Clavius não conhecesse o trabalho de Bianchini, sugerindo uma conexão intelectual entre os dois matemáticos.
Bianchini, que começou como mercador em Veneza antes de atuar como administrador da poderosa família d’Este, trouxe à matemática uma perspectiva prática derivada de suas experiências econômicas. Segundo Sarah Hart, historiadora da matemática, sua obra reflete a interação entre necessidades cotidianas e ideias teóricas, moldando o pensamento científico para gerações. Embora tenha sido inicialmente negligenciada, sua invenção foi essencial para transformar como números não inteiros passaram a ser calculados, consolidando-se como uma das bases da matemática moderna.
Com informações de Nature