Ponto decimal é 150 anos mais antigo do que se pensava

Publicada na revista Historia Mathematica, a análise demonstra como a contribuição de Bianchini transcende o reconhecimento histórico,
6 de dezembro de 2024
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Giovanni Bianchini, matemático renascentista italiano, ganha novo destaque na história da matemática após pesquisadores identificarem o uso do ponto decimal em um manuscrito seu datado de 1440 — 150 anos antes de sua aplicação formal reconhecida. Publicada na revista Historia Mathematica, a análise demonstra como a contribuição de Bianchini transcende o reconhecimento histórico, influenciando diretamente o desenvolvimento de cálculos modernos e simplificados.

O ponto decimal, uma notação que revolucionou os cálculos matemáticos, era anteriormente atribuído ao matemático alemão Christopher Clavius, que o utilizou em 1593. No entanto, como observa José Chabás, historiador da astronomia da Universidade Pompeu Fabra, “a inspiração veio de Bianchini”. Chabás destaca que essa inovação foi “um avanço para a humanidade”, facilitando cálculos fundamentais para o progresso científico e tecnológico.

A origem dessa abordagem remonta ao Tabulae primi mobilis B, um tratado em que Bianchini detalhou como realizar multiplicações e interpolações usando o ponto decimal. Suas tabelas trigonométricas, que apresentavam senos expressos em frações decimais, demonstram uma visão à frente de seu tempo. Glen Van Brummelen, historiador que estudou o manuscrito, afirma que é “impossível” que Clavius não conhecesse o trabalho de Bianchini, sugerindo uma conexão intelectual entre os dois matemáticos.

Bianchini, que começou como mercador em Veneza antes de atuar como administrador da poderosa família d’Este, trouxe à matemática uma perspectiva prática derivada de suas experiências econômicas. Segundo Sarah Hart, historiadora da matemática, sua obra reflete a interação entre necessidades cotidianas e ideias teóricas, moldando o pensamento científico para gerações. Embora tenha sido inicialmente negligenciada, sua invenção foi essencial para transformar como números não inteiros passaram a ser calculados, consolidando-se como uma das bases da matemática moderna.

Com informações de Nature

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas, justiça no pós-guerra e as duas guerras mundiais. Autor de "Quero fazer mestrado em história" (2022) e "O homem dos pedalinhos"(2021).

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