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Os livros de história que historiadores e historiadoras mais gostaram de ler em 2024

Os livros de história que historiadores e historiadoras mais gostaram de ler em 2024 21

E você, o que mais gostou de ler em 2024? Foto: Pixaby.

O que os historiadores e historiadoras mais gostaram de ler em 2024? Para responder a essa pergunta, o Café História ouviu 10 especialistas de diferentes regiões do Brasil, que compartilharam os livros de história que mais os marcaram ao longo do ano. As escolhas refletem a diversidade do campo historiográfico, tanto em termos de trajetórias acadêmicas quanto de áreas de atuação, abrangendo perspectivas e temas que ajudam a iluminar o passado e a compreender os desafios do presente.

Os livros indicados não se destacam apenas por sua relevância acadêmica, mas também por sua capacidade de dialogar com questões contemporâneas. A lista fala de livros lidos em 2024, e não de livros publicados em 2024. De obras consagradas a lançamentos, os títulos sugeridos demonstram o vigor das pesquisas históricas e a amplitude de interesses dos profissionais da área. Há livros sobre fascismo, Revolução Francesa, Luiz Gama, autobiografias e muito mais!

Confira o que os nossos convidados e convidadas recomendam.

Abner Francisco Sótenos professor no Departamento de Estudos Africanos da San Diego State University (SDSU) e doutorando em História da América Latina na University of California, San Diego (UCSD). Sua pesquisa aborda estética negra, cinema negro diaspórico, cinema brasileiro e internacionalismo negro, além de ser ativista na Coalizão Negra por Direitos, Uneafro Brasil – EUA e rede de Historiadorxs Negrxs.

Em 2020, em meio ao escandaloso assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, Sótenos escreveu uma coluna de opinião no jornal O Dia, onde comparou o que acontecia naquele país e no Brasil. Ele disse:

“No Brasil, é improvável a formação de uma mobilização antirracista tão diversa quanto a que vemos nos Estados Unidos e na Europa. Isto porque geralmente se ignora o peso do racismo sobre a vida das pessoas negras e indígenas. Assim como se ignoram que as pessoas consideradas brancas no Brasil têm mais privilégios, proteção e dignidade do que as que não são brancas. Assim, não há como combater o racismo estrutural a partir de uma frente multirracial quando não se reconhece que pessoas brancas são as únicas a se beneficiarem dele. Portanto, são elas que precisam enxergar os privilégios que elas possuem por serem brancas e abrir mão deles”.

A emergência de uma nova consciência sobre a questão do negro, na sociedade brasileira nos anos 40 e 50 do século XX, é tema que arrolou intelectuais, instituições, projetos, criações artísticas e movimentos culturais, capazes de lhe dar dimensão nacional – malgrado a relativa escassez da sua vulgarização no interior das grandes massas populacionais, especialmente a dos próprios negros e mulatos. É sobre isto que trata o livro de José Jorge Siqueira, no qual ele trabalha criticamente a própria produção do conhecimento da temática, tanto no plano da academia quanto no movimento social.

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Bárbara Mangueira do Nascimento Professora de História Contemporânea na Universidade de Brasília. Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS/UFRJ), mestra em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAV/UFRJ), graduada em História e em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília. Pesquisa a relação entre história, imagem e memória em contextos de guerras, conflitos armados e violência política nos séculos XIX e XX.

Em 2023, Nacimento publicou na Revista Eletrônica Anphlac um artigo intitulado “A violência de gênero na obra de três artistas latino-americanas: Doris Salcedo, Teresa Margolles e Regina José Galindo”. Neste artigo, ela discute como a violência de gênero ocupa um lugar central na perpetração da violência política. Na conclusão deste estudo, ela diz:

“É importante destacar que a violência não se esgota no que atinge diretamente as vítimas, mas também no medo que recai sobre todas as vítimas em potencial. A questão de gênero, perpassada pelas questões étnico-raciais e de classe, faz com que o grupo de potenciais vítimas nos países analisados seja um grande quantitativo populacional, fraturando assim de forma intensa o tecido social.”

Em Salazar e os fascismos ― Ensaio breve de história comparada, premiado pela Academia Portuguesa da História, Fernando Rosas investiga a tradição autoritária que elegeu líderes como Adolf Hitler e Benito Mussolini, detendo-se sobre o salazarismo numa análise à luz de tais fascismos europeus. A reflexão sobre esse momento histórico o lança para a atualidade, num esforço de apreender as semelhanças com a onda conservadora que toma o mundo nos anos recentes. Lira Neto, autor da celebrada trilogia sobre Getúlio Vargas e de biografias de outras importantes figuras da cultura nacional, assina a orelha da edição.

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Luís Edmundo de Souza Moraes professor associado de História Contemporânea da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e membro do Núcleo de Estudos da Política e de História Social da UFRRJ (NEPHS-UFRRJ). Doutor em História pelo Centro de Pesquisas Sobre o Antisemitismo da Universidade Técnica de Berlim (2002). No campo da História Contemporânea, desenvolve pesquisas com problemas relativos à política, à história de Instituições, à memória e aos usos do passado, principalmente nos seguintes temas: Nacional Socialismo, Holocausto, movimentos de extrema-direita no tempo presente, em particular aqueles ligados à negação do holocausto (negacionismo), partidos políticos, polícia e regimes autoritários.

Moraes é uma das poucas pessoas que já deu mais de uma entrevista ao Café História. Na última delas, em 2021, o historiador falou sobre o negacionismo histórico, tema que ele investiga há, pelo menos, 10 anos. Nesta conversa com a gente, que pode ser lida aqui, ele afirma: “A negação existe exclusivamente porque ela é politicamente necessária e, como tal, a fraude é uma condição necessária para o negacionismo”.

Nos ensaios que compõem este volume, James N. Green se debruça sobre seus temas de pesquisa mais caros, a saber, o movimento LGBTQIA+ e o período da ditadura militar brasileira, sem se afastar do tom pessoal e da prosa fluida que lhe são característicos. Trata-se de uma obra que já nasce como referência para todos que estudam ou têm curiosidade sobre o tema.

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Hallhane Machado É professora de Teoria e Metodologia da História na Universidade Federal de Goiás (UFG). É doutora em História pela mesma instituição, com estágio doutoral de pesquisa na Université Paris 1 – Panthéon-Sorbonne. Venceu duas vezes o concurso da SBTHH, na categoria “História da historiografia geral” (mestrado, em 2017, e doutorado, em 2023). Em 2017, também foi vencedora do concurso Expressão Acadêmica (UFG). É autora do livro “Da crise na razão à razão na crise”, publicado em 2020 pela Editora UFG.

Em 2021, Machado defendeu sua tese de doutorado, intitulada “A liberdade do pensamento: estudo sobre o fundo místico da história de Alexandre Koyré”, orientada por Marlon Salomon, na Universidade Federal de Goiás. A tese pode ser baixada aqui, gratuitamente. Neste trabalho, a autora analisa a obra de Alexandre Koyré, destacando sua concepção fundamental da liberdade do pensamento como capacidade de autoformação. Essa ideia, expressa na “ideia mística” da superioridade da vontade sobre o entendimento, aparece em seus estudos sobre Jacob Boehme, René Descartes e na história das ciências. Em Boehme, Koyré enfatiza a liberdade como oposição à predestinação, e em Descartes, a capacidade de reformar o pensamento. Essa concepção perpassa sua interpretação da revolução científica, onde a liberdade é condição de mudança e fundamento de sua teoria historiográfica descontinuísta.

“Este livro pretende ajudar a gerar argumentos para desconstruirmos essa lógica colonial que nos engessa e tende a reproduzir a violência colonial em nossos dias, com práticas racistas, de opressão e violência de classe, misóginas e sempre a favor de uma elite cada vez mais indiferente ao sofrimento dos espezinhados. É importante destacar que, quando falo de ‘virada testemunhal do saber histórico’, me refiro a novas sensibilidades desenvolvidas nesse contexto pós-colonial em que o corpo e sua localização passam a ser reconhecidos como parte da construção de outras narrativas e epistemologias.” 

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Rafael Nascimento Gomes Doutor em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília. Professor de História no Ensino Básico do Distrito Federal. Foi bolsista CAPES. Realizou intercâmbio na Universidad de la República (UdelaR), em Montevidéu (2012). Pesquisa sobre a História da América Latina, História do Brasil, História das Relações Internacionais do Brasil e História do Rio da Prata, com ênfase nas relações entre Brasil, Uruguai e Argentina.

Gomes é autor de um artigo do Café História, chamado “O Plano Cohen: ficção e realidade na antessala do Estado Novo”, que pode ser lido aqui. O texto fala sobre a falsificação atribuída ao capitão do exército que contribuiu para o golpe que inaugurou a ditadura do Estado Novo.

“As reais motivações da criação desse embuste foram conhecidas somente anos depois. Em meados de 1945, durante a crise política do governo Vargas, o general Góes Monteiro revelou que o Plano Cohen era uma fraude. O documento, segundo informou Monteiro, fora escrito pelo capitão Olimpo Mourão Filho. Mourão era uma figura importante do movimento integralista e redigiu o material como uma simulação de golpe de estado comunista para um exercício defensivo dos integralistas.”

A obra, que nasce clássica, corresponde à versão revista e atualizada da tese de doutorado que o autor defendeu na Faculdade de Direito da Johann Wolfgang Goethe-Universität Frankfurt am Main e que lhe rendeu o prêmio Walter Kolb de melhor tese de doutorado da Universidade de Frankfurt e a medalha Otto Hahn de destaque científico da Sociedade Max Planck. Combinando lições metodológicas de micro história e biografia para examinar a literatura normativo-pragmática e a prática jurídica de Gama nos juízos locais, a obra pode ser lida tanto como biografia jurídica, quanto como uma história do direito do século XIX a partir da vida e obra de um jurista.

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Alexandre Busko Valimdoutor em História pela Universidade Federal Fluminense, é professor de História do Cinema na Universidade Federal de Santa Catarina. Desenvolve pesquisas na área de história e cinema, propaganda e relações entre Brasil e Estados Unidos. Publicou, dentre outros trabalhos, Imagens Vigiadas: Cinema e Guerra Fria no Brasil, 1945-1954 (EDUEM/Fundação Araucária, 2010). Também atua no Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História e no Programa de Pós-Graduação de História.

Valim é também autor do livro “O Triunfo da Persuasão”(confira aqui), que discute uma temática super interessante historicamente. Nele, Valim explora aqui a máquina de propaganda que os Estados Unidos criaram para manter a América Latina em sua esfera de influência, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. Uma vasta programação de filmes de ficção e documentários foi montada para formar uma opinião pública favorável aos interesses estadunidenses”.

Este livro, escrito pelo filósofo e crítico cultural britânico Mark Fisher, desnuda o desenvolvimento e as principais características do “realismo capitalista”, conceito que delineia a estrutura ideológica em que estamos vivendo. Usando exemplos de política, filmes, ficção, trabalho e educação, argumenta que o “realismo capitalista” captura todas as áreas da experiência contemporânea. Mas também mostra que, devido a uma série de inconsistências e falhas internas ao programa de realidade do Capital, o capitalismo é, de fato, tudo ― menos realista. “Realismo capitalista” revela que a ideologia está hoje assentada positiva e diretamente na crueza material do capital. 

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Monica Grin professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e co-organizadora do livro “Violência na História: memória, trauma e reparação” (Ponteio, 2012) e autora de “Identidades ambivalentes: desafios aos estudos judaicos no Brasil” (7 Letras, 2016), ao lado de Michel Gherman. É editora da Revista Digital do NIEJ; É Membro do Board da The Latin American Jewish Studies Association; Membro do Conselho Diretor do Centro Edelstein de Pesquisas Sociais. Pesquisadora do CNPq. Seu último livro, de 2023, se chama “A Ucrânia de cada um – relatos de filhos e netos do Leste Europeu”, organizado com Flávio Limoncic.

Uma das pesquisas mais recentes de Grin envolve o ressentimento no conteúdo do Holocausto. Para a historiadora, o ressentimento não pode ser visto apenas como um sentimento negativo, um recalque. Ele deve ser visto também como direito da vítima, que exige justiça e reparação. Isso é particularmente importante para períodos posteriores à guerra, ditaduras e de outras situações de violações dos direitos humanos. Quer ler mais sobre essa perspectiva da autora? Confira, então, o artigo “Jean Améry e o advento da vítima ressentida”, gratuitamente, aqui.

Quando Ethel Rosenberg foi condenada à morte por espionagem a favor da União Soviética, eu nasci. Meus pais, indignados com a barbárie da sentença, batizaram-me de Ethel.  Tinha quatro anos quando entrei para o Scholen, escola judia não sionista, onde aprendi yiddish e hebraico que esqueci poucos anos depois. Tinha cinco anos quando o meu pai me mostrou a sua fotografia no jornal. Uma cena de pugilato entre antifascistas e polícia brasileira no final de um jogo internacional de hóquei onde Portugal era finalista. Os portugueses exilados no Brasil invadiram o campo exigindo a libertação das ex-colônias. Tinha dez anos quando aconteceu o golpe militar no Brasil e dezesseis quando vim morar para Portugal. Matemática, designer, desenhista, comunicadora e documentalista foram as minhas paragens profissionais.

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Moema Vergara doutora em História Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC). Atualmente é professora do quadro permanente do PPGEFHC da Universidade Federal da Bahia, membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de História da Ciência, professor do quadro permanente da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e pesquisadora titular do Museu de Astronomia e Ciências Afins. Tem experiência na área de História, com ênfase em História, atuando principalmente nos seguintes temas: história da ciência, divulgação científica, século XIX história do Brasil e território.

Em 2008, Vergara coordeou o projeto intitulado “A história da divulgação da ciência no Brasil oitocentista através d´O Vulgarisador: jornal dos conhecimentos úteis”, que contou com apoio da FAPERJ. O projeto examina as representações da ciência em espaços de divulgação no Brasil do século XIX. Você pode ler esse projeto/artigo aqui e conhecer também o site. Segundo explica a autora, “narrar a história da divulgação da ciência a partir de imagens ainda é algo pouco explorado no Brasil. Nos periódicos do século XIX a circulação de imagens era intensa e os editores nem sempre faziam referência às fontes de origem, o que se constitui em um desafio para o historiador atual. No presente site se poderão ver alguns casos em que se conseguiu rastrear a origem da gravura publicada no jornal.”

O modernismo brasileiro teve um importante incentivador em Paulo Prado, herdeiro de uma família ilustre de São Paulo e formado em Paris. Elegante, culto e apaixonado por livros e história, Prado organizava reuniões com artistas como Villa-Lobos e Di Cavalcanti, sendo peça-chave na Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1928, lançou Retrato do Brasil, um ensaio crítico que confrontava o ufanismo, abordando os problemas nacionais decorrentes de séculos de exploração e conformismo. O livro foi um sucesso imediato, com três edições consecutivas, mas caiu no esquecimento por décadas, sendo reeditado em 1997. A nova edição, revisada e ampliada, inclui cartas, resenhas e textos complementares. Retrato do Brasil permanece relevante, apontando desafios ainda atuais na política e na modernização do país.

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Mariana Damasco graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) e mestre em História das Ciências e da Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Saúde Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: hanseníase, história oral, políticas públicas de saúde, gênero, raça e saúde da mulher no Brasil. É professora de História do município e estado do Rio de Janeiro.

Damasco é também mais uma autora do Café História. Em 2017, ela publicou com a gente um artigo chamado “A questão da saúde reprodutiva e o feminismo negro no Brasil”, que fala sobre como inter-relações entre raça, gênero e saúde reprodutiva estiveram no centro do processo de formação do feminismo negro brasileiro. O artigo pode ser lido na íntegra aqui. Nesse texto, ela diz:

“Na esfera parlamentar, a polêmica em torno da prática da esterilização cirúrgica no Brasil se deu em 1993, quando foi criada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), sob a liderança da então deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ) e da militante negra Luiza Bairros. A CPMI tinha o intuito de apurar as alegações de que as mulheres negras eram mais esterilizadas que as brancas, principalmente, durante a década de 1980, bem como de averiguar se a prática da esterilização cirúrgica se configurava como uma política eugênica direcionada à população negra no país.”

No Yom HaShoá, dia de lembrança das vítimas do Holocausto, Theo Coster costumava contar aos netos como sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Ex-colega de Anne Frank no Liceu Judaico de Amsterdã, Theo decidiu registrar sua história e a de outros sobreviventes em um documentário, reencontrando cinco antigos colegas, espalhados pelo mundo, mas unidos pelo passado em comum e pela memória de Anne. Entre eles está Nanette Konig, que vive em São Paulo e também sobreviveu a Bergen-Belsen, onde esteve com Anne. O reencontro inspirou o filme e o livro Os colegas de Anne Frank, que narra não apenas o impacto da guerra, mas também as lembranças de Anne antes de seu destino trágico. O relato revela outra face da jovem e explora a diversidade de experiências e sofrimentos dos judeus perseguidos, mostrando como a sorte foi crucial para a sobrevivência.

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Daniel Gomes de Carvalhoprofessor de História Moderna no Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP). Professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social pela Universidade de São
Paulo (USP). Podcaster no História Pirata. Autor de “Revolução Francesa” (Contexto, 2022).

Carvalho é um dos grandes parceiros do Café História, já tendo publicado vários artigos, entrevistas e bibliografias comentadas. A mais recente contribuição dele foi uma bibliogarfia sobre Iluminismos. Ou melhor, sobre iluminismos, no plural. Ela está aqui, na íntegra. Diz o historiador nela:

“Historiadores como Antoine Lilti alertam que o Iluminismo não pode ser reduzido a Kant, como se “razão iluminista” e “razão kantiana” fossem sinônimos. Ao mesmo tempo, historiadores como Vincenzo Ferroni criticam a excessiva teologização do Iluminismo promovida pelas autoridades do Vaticano durante o pontificado de Joseph Ratzinger. Trabalhos como o de historiadoras como Marlene Daut, em sua Intellectual History of the Haitian Revolution, bem como a publicação, em português, dos textos de Toussaint de Louverture (Segundo Selo, 2024) e Olaudah Equiano (Editora 34, 2022), têm definitivamente mostrado a diversidade dos iluminismos atlânticos. Continua verdadeira a máxima de Luciano Guerci na abertura de seu capítulo sobre Iluminismo da obra, de 1988, L’Europa del Settecento Permanenze e Mutamenti: “O fenômeno ‘iluminismo’ aparece tão intricado, fugidio, proteiforme, que desencoraja os que procuram estabelecer seus traços unificadores.”


Historiadores dividem-se sobre Robespierre: herói revolucionário ou ditador fanático do Reinado de Terror. Peter McPhee, em nova biografia, explora sua juventude difícil, revelando um homem emotivo e idealista, longe da imagem fria. Apesar de colapsos nervosos durante crises, Robespierre manteve uma liderança implacável. O livro reavalia se o Terror representou uma transformação ou traição de seus ideais iniciais, equilibrando ideologia e realidade.

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