Os “cavalos-soldados” da Primeira Guerra Mundial

A Inglaterra enviou aproximadamente um milhão de cavalos para os campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Somente 65.000 retornaram.
25 de fevereiro de 2014
Homem com máscara antigás em cima de um cavalo durante a Primeira Guerra Mundial.
Cavalos foram utilizados ainda na Primeira Guerra Mundial. Foto: circa 1915, reproduçõa.

Historiadores calculam que mais de 90% dos cavalos ingleses enviados para os campos de batalha na Primeira Guerra Mundial (1914-1919) nunca retornaram. Na época, embora já se empregassem carros e tanques em conflitos armados, os animais ainda representavam uma das principais formas de locomoção em combate. Era a chamada “cavalaria”, considerada uma tropa rápida e eficaz de luta envolvendo soldados.

Mas os cavalos não serviram apenas para carregar combatentes: os animais também foram vitais para o envio de mensagens, transporte de armas e suprimentos. E isso, claro, consumia muitos recursos. Como passavam horas e até dias carregando excesso de objetos e peso, passando frio e calor, precisavam ser alimentados corretamente. Durante os quatro anos de campanha, o exército britânico, por exemplo, precisou arcar com toneladas de alimentos para manter seus cavalos vivos.

Conforme o site World War History Online, estima-se que até o fim da Primeira Guerra Mundial cerca de oito milhões de cavalos tenham sido utilizados pelos dois lados no conflito, além de 213 mil mulas. Do lado britânico, dos quase 1 milhão de cavalos enviados ao front aliado, apenas 65.000 retornaram. No que diz respeito às forças francesas, esse número pode ter chegado a pouco mais de 500 mil. E do lado alemão, historiadores acreditam que as fatalidades envolvendo cavalos podem ter alcançado a casa dos dois milhões. A maioria morreu em combate. No entanto, devemos considerar que muitos também se perderam ou foram simplesmente vendidos.

Cavalos na Primeira Guerra Mundial
Membros da Royal Scots Greys próximos de Brimeux, França, em 1918. Foto: funcionário do governo britânico. National Library of Scotland, Shelfmark ID L.714. Domínio Público.

Os “cavalos-soldados” eram extremamente respeitados entre os combatentes. Documentos encontrados no Ministério da Guerra Inglês, revelam que dezenas de milhares de animais que corriam risco de morte após lutarem na guerra foram salvos graças a um ofício que Winston Churchill enviou para a sua própria secretaria de Estado de Guerra e par ao Ministério de Transporte. O esforço logrou êxito: em apenas uma semana, foram enviados de volta para a Grã-Bretanha 21 mil cavalos.

Cavalos na Primeira Guerra Mundial: muito ainda por saber

A História dos cavalos na Primeira Guerra Mundial ainda é desconhecida do grande público. Mas, recentemente, foi possível descobrir um pouco mais sobre ela com o filme do diretor americano Steven Spielberg, “Cavalo de Guerra”, lançado em 2012. A sinopse do filme:

“Ed Narracot (Peter Mullan) é um camponês destemido e ex-herói de guerra. Com problemas de saúde e bebedeiras, batalha com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert (Jeremy Irvine) para sobreviver numa fazenda alugada, propriedade de um milionário sem escrúpulos (David Tewlis). Cansado da arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo inadequado para os serviços de aragem nas suas terras. O que ele não sabia era que seu filho estabeleceria com o animal uma conexão jamais imaginada.”

Se você quiser saber mais sobre a “guerra dos cavalos”, pode acessar também o ótimo blog “Warrior – A Real War House”, do historiador Brough Scott, que escreveu um livro de referência sobre o assunto.

Referências

World War History Online | Jornal de Notícias | Warrior War Horse

Como citar este artigo

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Os “cavalos-soldados” da Primeira Guerra Mundial (Artigo). In: Café História. Disponível em https://www.cafehistoria.com.br/os-cavalos-soldados-da-primeira-guerra-mundial/. Publicado em: 25 fev. 2014. ISSN: 2674-5917.


Os "cavalos-soldados" da Primeira Guerra Mundial 1

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Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas, justiça no pós-guerra e as duas guerras mundiais. Autor de "Quero fazer mestrado em história" (2022) e "O homem dos pedalinhos"(2021).

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