Laboratório é composto por professores, pesquisadores e alunos interessados na reflexão sobre a produção do conhecimento histórico, suas matrizes teóricas e seus aspectos metodológicos.
Agência Café História
Em 2016, as historiadoras Denise Rollemberg, Francine Legelski, Giselle Venancio e Maria Verónica Secreto, professoras do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), criaram o laboratório ESCRITAS UFF (Escritas da História/Historiografias do Sul), interessado em fomentar a discussão no campo da teoria e da historiografia. E para iniciar as atividades do laboratório, as suas organizadoras acabam de divulgar um ciclo de palestras com a presença de professores da UFF e de convidados externos. Ele se chama “A história que se faz e que se quer fazer” e é aberto a toda a comunidade, acadêmica ou não. Não é necessário qualquer inscrição prévia. Certificados, se solicitados, poderão ser emitidos para os presentes. A ideia do ciclo, segundo as historiadoras do laboratório, é contribuir para ampliar ainda mais o espaço de discussão acadêmica no Instituto de História da UFF.
A primeira mesa, que ocorre no dia 28 de março de 2017, terça-feira, na sala 1 (da Pós-Graduação), bloco O, 5o andar, no campus da UFF no Gragoatá. Ela intitula-se “Encontros e desencontros: a Escola dos Annales e a Epistemologia Histórica francesa” e conta com a participação de Tiago Almeida (USP) e Kaori Kodama (FIOCRUZ). “A história que se faz e que se quer fazer” se estende até novembro de 2017, com palestras todos os meses, com exceção do mês de julho. Entre os temas abordados estão: “História e Historiografia Atlântica” (abril), “História e Literatura” (maio), “História, ensaio e erudição” (junho), “História europeia contemporânea” (agosto), “A história da historiografia: entre o nacional e o global” (setembro), “História e historiografia: a América Latina como sujeito e objeto” (outubro) e “História Conceitual” (novembro). Para conferir os palestrantes e os horários de cada ciclo, clique aqui.
O laboratório
A coordenadora do ESCRITAS UFF, Maria Verónica Secreto, explicou ao Café História que a iniciativa do laboratório surgiu a partir de discussões entre seus colegas do departamento. Secreto destaca dois os movimentos no caminho de sua criação. O primeiro se caracteriza pelo “diagnóstico da ausência” e o segundo por uma “proposição” que buscava ter a marca da UFF. “Assim, chegamos à conclusão de que devíamos nos reunir em torno da Escrita da História como problema, não que considerássemos que esse era um aspecto descuidado entre os núcleos e laboratórios existentes – coisa difícil já que ninguém na UFF descuida a teoria ou a historiografia – mas cobrir esse espectro de forma mais explícita, sem ênfase (cronológica, territorial ou metodológica)”.
Além disso, explica a historiadora, também foi definido que a reflexão sobre o fazer história, embora “global”, devia responder a um ponto de vista “nosso”, americano, do sul global. Para simbolizar essa decisão, o grupo escolheu como símbolo do laboratório o mapa do artista uruguaio Joaquín Torres Garcia. “Se bem sabemos que a parte de cima e de baixo nos mapas são uma convenção para indicar o Norte e o Sul, a inversão ainda causa certa surpresa. Daqui a segunda parte do nome de nosso núcleo: Historiografias do Sul”.
Os temas e as linhas de pesquisa que se desenvolvem no laboratório são 1) Teoria da História; 2) Historiografia; 3) Práticas historiográficas e pesquisa empírica; 4) A História no ensino de História. Secreto sublinha ainda que o historiador Giovanni Levi, autor de do clássico livro Herança Imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII, “é um exemplo modelar daquilo que buscamos nessa linha que definimos como Práticas historiográficas e pesquisa empírica, qual é a reflexão teórica e historiográfica a partir de nossa própria prática de pesquisa sobre objetos empíricos”.
Em 2017, além do ciclo de palestras “A história que se faz e que se quer fazer”, o laboratório também vai promover, entre os dias 26 e 27 de abril, a I Jornada Brasil-Argentina de Estudos Afrolatinoamericanos, em parceria com o grupo Afro-latino-América: Estudos Comparados e com o Consejo Nacional de Investigaciones científicas y Técnicas- Argentina (CONICET).