Na última sexta-feira, 17 de março, a professora Ana Flávia Magalhães Pinto realizou sua cerimônia de posse como Diretora-Geral do Arquivo Nacional. A professora é a primeira mulher negra a ocupar o cargo de titular em 185 anos da Instituição. Antes dela, apenas uma mulher negra ocupou o cargo, de forma interina, a servidora Maria Izabel de Oliveira, em 2016, após a gestão de Jaime Antunes da Silva.
A cerimônia foi realizada no Palácio da Fazenda, no centro do Rio de Janeiro, e contou com a mediação do ator negro Hilton Cobra. A mesa foi composta por várias lideranças que expressam o compromisso da nova Diretora-Geral com a pluralidade de existências que formam o Brasil. Dentre os presentes estavam o professor na Licenciatura Intercultural Indígena e liderança indígena Edson Kayapó, a professora Sara Wagner York, ativista e integrante da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Sueli Carneiro, Coordenadora Executiva do Geledés, e Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial. A escritora Conceição Evaristo também esteve lá.
Todas as lideranças demarcaram a importância de tornar pública as memórias e a História das coletividades minorizadas nas narrativas históricas tradicionais. Foi destacado que a presença de Pinto na direção-geral do Arquivo Nacional é uma “recusa ao silenciamento”.
Após a fala dos convidados e convidadas, Ana Flávia Magalhães Pinto, que é professora do Departamento de História da Universidade de Brasília, assinou do termo de posse. Em seu discurso, a nova Diretora-Geral falou sobre a importância de pessoas negras assumirem cargos de liderança, e lembrou que os caminhos foram pavimentados pela luta coletiva. A historiadora também lembrou que o Arquivo Nacional é uma instituição viva, composta por servidores e usuários, e que um de seus principais compromissos, como Diretora-Geral, é com a promoção da cidadania e dos Direitos Humanos.
Trajetória acadêmica e profissional
Historiadora e jornalista, Ana Flávia é doutora em História pela Unicamp (2014) e mestre em História pela UnB (2006). Sua trajetória acadêmica é marcada pelo compromisso com a luta antirracista e com a preservação da documentação da população negra no Brasil. Em 2018, publicou o livro “Escritos de liberdade: literatos negros, racismo e cidadania no Brasil Oitocentista”, pela editora da Unicamp.
A nova diretora-geral do Arquivo Nacional possui uma trajetória na luta coletiva pela valorização e publicização da História da população afro-brasileira, tendo sido membro da Coordenação Regional Centro-Oeste do Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-Abolição da Anpuh, além de integrar a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros.