Museu Transgênero de História e Arte visibiliza artistas trans no Brasil

O MUTHA conta com um acervo de mapeamento de artistas trans que atuam no Brasil e organiza exposições online e gratuitas.
29 de janeiro de 2022
Museu Transgênero de História e Arte visibiliza artistas trans no Brasil 1
"Escolha", pintura virtual de Guilhermina Augusti. Tamanho: 8192 x 6824 pixels. Materiais: Arte Digital. Ano: 2018. Fonte: MUTHA.

Em 29 de janeiro celebra-se o Dia Nacional da Visibilidade Trans e Travesti. Essa data marca a memória e a resistência da população trans e travesti no Brasil desde 2004, quando ocorreu, em Brasília, a campanha “Travesti e Respeito”, protagonizada por pessoas trans e travestis na luta pela garantia de direitos.

Desde então, a questão da visibilidade tem sido objeto de grande debate público e muita coisa tem mudado. Exemplo disso é o Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA). Fundado em 2019 por Ian Habib, homem trans, artista, escritor e professor da UFMG, o museu tem o objetivo de criar incentivos, ferramentas e alternativas à produção de dados sobre violências cotidianas às vivências transgêneras no Brasil. O MUTHA possui dois arquivos principais, um deles online e gratuitamente sobre a memória da população trans.

O “Arquivo Histórico de Dados” possui uma base de dados interativa, com o suporte do Google Formulários, que pode ser preenchida por qualquer artista trans interessada/e/o. O arquivo consiste em um mapeamento de artistas trans a nível nacional. Nesse espaço, é possível encontrar fotografias das/es/os artistas, suas minibiografias e links de acesso a seus currículos e redes sociais. Já o “Arquivo Histórico” está com chamada aberta para receber documentos, como fotografias, panfletos, correspondências, periódicos etc., que remetam à História e memória da população trans no Brasil.

O MUTHA é um museu denominado “transformacional” por seu fundador, ou seja, encontra-se em constante processo de transformação.  Um de seus principais objetivos, além de promover a visibilidade de artistas trans, é “destruir” narrativas históricas tradicionais que silenciam a diversidade de existências e (re)contar histórias com protagonismo da população trans.

Museu Transgênero de História e Arte visibiliza artistas trans no Brasil 2

A galeria do museu, com demais conteúdos além dos arquivos, pode ser acessada também de forma online e gratuita. Toda a exposição conta com recursos de acessibilidade, como audiodescrição e tradução para a Língua Brasileira de Sinais.

O projeto recebe apoio financeiro da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia, por meio da Lei Aldir Blanc, e conta com um acervo construído de forma coletiva e dialógica. Confira mais detalhes sobre a iniciativa clicando aqui.

 Violência

O Brasil é hoje um dos países mais hostis para a população trans no mundo e a luta por direitos básicos, como reconhecimento do nome social, a própria sobrevivência e qualidade de vida seguem sendo pautas indispensáveis desse movimento social.

Segundo a Agência Brasil, em 2021, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans no Brasil. Deste total, 135 tiveram como vítimas travestis e mulheres transexuais e cinco vitimaram homens trans e pessoas transmasculinas.

Não é à toa a palavra visibilidade compõe o nome da data da celebração da memória trans: essa população sofre historicamente as consequências do silenciamento.

Thaís Pio Marques

Faz parte da equipe do Café História, onde realiza estágio voluntário. Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante a graduação fez parte do Grupo PET Conexões de Saberes – Licenciaturas, voltado para a elaboração e desenvolvimento de Projetos pedagógicos interdisciplinares. Atualmente, organiza o perfil de Instagram “Poesia e oralidade”, onde compartilha textos breves sobre competições de poesia (slams) e seus participantes. O trabalho na rede social é
articulado aos estudos sobre História Oral e História Pública.

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