Com quantos monitores e monitoras se faz um Simpósio Nacional de História

28 de julho de 2017

Trabalho dos estudantes de graduação da Universidade de Brasília (UnB) foi fundamental para a realização do Simpósio de História da ANPUH.

Por Bruno Leal | Agência Café História

Os participantes do XXIX Simpósio Nacional de História da ANPUH, na Universidade de Brasília (UnB), viram jovens incansáveis vestindo camisas verdes claras e passando de um lado para outro – davam orientações, realizavam inscrições, montavam equipamentos, vendiam tíquetes de almoço e participavam de diversas outras atividades, planejadas ou surgidas no calor do evento. Esses jovens eram as monitoras e monitores do evento, graduandos do curso de História da UnB. Juntos, eles foram fundamentais para tornar possível um simpósio nacional de grandes proporções.

Monitoria
Exemplo de cartaz produzido pelos monitores do SNH2017. Foto: Bruno Leal.

Conversamos com alguns desses graduandos e graduandas – no total, foram mais de 100 monitores selecionados pela organização do evento – procurando saber por que escolheram participar do simpósio e, principalmente, o que acharam da experiência.

Emmanuel Medeiros Bezerra, de 22 anos, estudante do décimo semestre, trabalhou na área de inscrições e contou que esta foi a sua primeira participação na ANPUH. Até então, ele havia participado apenas de duas edições do Encontro Nacional de Estudantes de História (ENEH). Ele explicou que resolveu participar pela grana (os monitores são pagos) e porque se tratava de um evento do seu curso , na universidade dele.

– O que eu mais gostei foi de trabalhar com os monitores, de ver que quando nós nos organizamos, as coisas acontecem. E isso pode ser um indício para outros movimentos… políticos, sociais, enfim. O minicurso que eu participei, sobre imprensa negra no Brasil, com a Ana Flávia Pinto Magalhães e Maria Lúcia, também foi top, muito bom mesmo. Foi genial, bem didático. Foi realmente aquilo que eu estava esperando.

Raphael Zenas da Silva, também de 22 anos, do nono semestre, explicou que se interessou na monitoria do simpósio porque elas contam como horas complementares, as quais ele precisa para se formar, e também pelo fato de ser um trabalho pago. Além disso, Silva citou o contato com os professores e a experiência em participar da organização de um evento de grande porte, o que pode lhe ajudar futuramente na montagem de outros eventos, como o ENEH, que ele já teve vontade de trazer para Brasília, mas não sabia muito bem como fazê-lo. Silva trabalhou na área da feira de livros, na organização dos simpósios temáticos e dos minicursos.

Embora tenham considerado a experiência positiva, os dois monitores acham que algumas coisas ainda podem melhorar. Bezerra contou, por exemplo, que achou o evento muito “academicista” e disse que percebeu muitas relações hierárquicas ao longo da semana. Silva também mencionou a questão das hierarquias mencionada pelo colega de curso e destacou o fato de muitas atividades serem pagas. “Mas”, ele ponderou, “no todo, a experiência é boa; são experiências que permeiam a academia”.

Contato com autores de textos de referência

João Pedro Salles Fernandes, 21 anos, do oitavo semestre, trabalhou na parte da orientação, na elaboração dos espirituosos cartazes de dicas que foram espalhados pelos muros da UnB (ver imagem abaixo) e também participou de um simpósio e de um minicurso. Ele mencionou que se tornou monitor do evento por se tratar de uma oportunidade única, uma vez que não era realizado um Simpósio Nacional de História no Distrito Federal há mais de 30 anos. E, além disso, era muito próximo da casa dele. Fernandes disse que valeu bastante ter participado como monitor:

– Teve uma programação muito boa. Nós tivemos a oportunidade de ter contato com historiadores que nós lemos na graduação e isso é muito interessante. A aprendizagem sobre organizar um evento de grande porte também é muito interessante para a nossa carreira. E o contato, claro, com o que está sendo pesquisado no momento.

Trabalho de monitoria
Monitor João Pedro Salles , do quarto período do curso de História da UnB. Foto: Bruno Leal.
Trabalho de monitoria na Anpuh
Analiana Rodrigues, Gabrielle Gomes e Giovanna Nascimento também foram monitoras no simpósio. Foto: Bruno Leal.

Débora Facundes, do quarto semestre, atuou na inscrição, fornecendo informações e vendendo tíquetes para o Restaurante Universitário. Ao explicar o que a atraiu na monitoria, a estudante destacou as oportunidades acadêmicas que ele proporciona:

– É um evento único. Eu, por exemplo, na graduação, só vou poder atuar como monitora uma única vez. [Na ANPUH] vou poder conhecer vários professores, aprender mais sobre vários temas. É uma oportunidade muito rica.

Facundes disse que a semana foi “puxada”. Mas que, no final das contas, valeu muito a pena. “Nós demos toda a assistência aos professores. Eu conheci muitos professores nos simpósios, comprei livros. Foi tudo muito enriquecedor”.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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