Em novo episódio, o Podcast História FM, do canal Leitura ObrigaHISTÓRIA, discute Carlos Marighella. Com a participação de Mario Magalhães, autor da biografia “Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo”.
Agência Café História
Fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Marighella foi considerado o inimigo púbico N° 1 da Ditadura Militar no Brasil, e até hoje é alvo de embates políticos ferrenhos em torno de sua atuação e do que representava politicamente. Os embates se acirraram em 2019 por conta do lançamento – cancelado, diga-se de passagem – do filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura e protagonizado por Seu Jorge.
No novo episódio do Podcast História FM, o jornalista Mario Magalhães, autor de uma biografia de Marighella, fala de sua pesquisa (de nove anos – cinco deles em dedicação exclusiva) para a escrita de seu livro. No papo, ele comenta sobre a infância de Marighella, o início de sua atuação política, as várias prisões e torturas sofridas por diferentes governos, seu tempo como deputado eleito, a perda de seu mandato quando seu partido, o PCB, foi considerado ilegal, e todo o caminho que fez com que este personagem deixasse de tentar fazer a diferença apenas por vias legais e democráticas.
Quando a ditadura se radicalizou, Marighella decidiu que era a hora de partir para a luta armada, e essa decisão faz com que esta figura histórica suscite os debates ferrenhos que hoje se dão em torno dele, já que mesmo a maioria da esquerda da época entendia que a luta armada seria contraproducente e acirraria a violência do Estado.
Magalhães afirma que, a despeito de cada um poder ter sua opinião sobre a luta armada empreendida pela ALN, desconsiderar a legitimidade de lutar contra um regime que oprime seu próprio povo desconsidera, por tabela, outras resistências históricas, como foi o caso dos franceses que lutaram contra a ocupação nazista, mesmo depois de ela ter sido bem-sucedida. E vai mais além. Ao se referit à tortura sofrida por Marighella por agentes do Estado, diz: “Quem equivale o torturador com o torturado está, na verdade, sendo cúmplice do torturador”. Segundo explica, nem mesmo agentes da ditadura acusaram Marighella de ter sido um torturador, ao contrário do que, por vezes, ocorre hoje nas redes sociais.
Além disso, Magalhães fez uma extensa pesquisa que lhe levou a descobrir alguns fatos pouco conhecidos sobre Marighella, e um dos mais emblemáticos foi a verdadeira história de sua execução. A versão oficial da ditadura afirmava que ele foi morto em um confronto armado, e que durante a ação, os membros da ALN teriam sido responsáveis pela morte de uma policial e um civil. Conversando com policiais que fizeram parte da emboscada, o jornalista descobriu que o ocorrido foi consideravelmente diferente da versão oficial do regime então vigente.
De acordo com o biógrafo, “eu tenho a convicção de que, da esquerda mais combativa à direita mais extremada, qualquer juízo, qualquer opinião sobre Carlos Marighella será – ou corre grande risco de ser – leviana, desconhecendo o que foi a trajetória dele. Então eu acho absolutamente legítimo odiar ou amar Marighella, as ações que ele empreendeu, as ideias que ele cultivou […], embora considere impossível ficar indiferente à vida trepidante que ele teve.[…] Eu acho que é preciso conhecer a história dele, e essa foi minha contribuição.”
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