Campos nos Estados Unidos abrigaram prisioneiros de guerra nazistas Foto meramente ilustrativa de Hoshino Ai.
Campos nos Estados Unidos abrigaram prisioneiros de guerra nazistas Foto meramente ilustrativa de Hoshino Ai.

Novo livro sobre prisioneiros de guerra nazistas tem abordagem inovadora

Durante o auge da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos se viu diante de um desafio logístico sem precedentes: como lidar com quase 400.000 prisioneiros de guerra nazistas.
26 de março de 2025

Pode ser difícil acreditar que ainda há coisas novas a se aprender sobre o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas a verdade é que há, sim, e muito. É o que mostra, por exemplo, o livro The FifteenMurder, Retribution, and the Forgotten Story of Nazi POWs in America, do jornalista William Geroux, lançado no último dia 18 de março, nos Estados Unidos, pela editora Penguin Random Books, dona da editora Companhia Das Letras no Brasil.

Durante o auge da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos se viu diante de um desafio logístico sem precedentes: como lidar com quase 400.000 prisioneiros de guerra nazistas? A certa altura, o então presidente Franklin D. Roosevelt deu ordens ao Departamento de Guerra para criar rapidamente centenas de campos de prisioneiros espalhados por todo o território americano, da Costa Leste ao Oeste.

O livro de Geroux conta a história desses campos. Isso é, de soldados nazistas capturados que passaram anos fora da Alemanha, nos Estados Unidos. Isso por si só seria uma trama interessante. Mas o jornalista americano consegue inovar ao ajustar sua lente investigativa para focar em uma subtrama bastante inovadora: uma série de crimes que ocorreram dentro desses campos.

Sem misericórdia

Nesses campos americanos, foi comum que os prisioneiros fizessem contato e até amizades com seus captores. Uma conversa aqui, outra ali, um cigarro aqui, outro ali. Nada muito fora do esperado. A Convenção de Genebra estabelecia que esses soldados recebessem tratamento digno. Mas isso começou a incomodar outros soldados nazistas, que viam seus compatriotas como traidores. Para muitos soldados alemães, a questão de lealdade ao regime nazista era clara e imutável – mesmo presos. E foi então que começaram a atacar aqueles que consideravam “desleais”.

Novo livro sobre prisioneiros de guerra nazistas tem abordagem inovadora 1

O que era para ser um local relativamente seguro de custódia, longe da guerra, se transformou em um terreno fértil para jogos de poder e lealdade. Vários prisioneiros começaram a ser mortos dentro do campo, nas mãos de seus próprios colegas, acusados de trair o regime nazista.

Quando o número de mortos começou a crescer, os Estados Unidos, em segredo, criaram tribunais militares para julgar os responsáveis, resultando na condenação de quinze soldados alemães à morte. Poderia ser o fim da história. Mas não foi. No fim da guerra, mais um capítulo inesperado.

Novo livro sobre prisioneiros de guerra nazistas tem abordagem inovadora 2

Se liga nessa história: logo depois da Segunda Guerra Mundial, Herberts Cukurs imigrou para o Brasil vindo da Letônia. Ele criou os pedalinhos da Lagoa Rodrigo de Freitas e refez a vida. Mas, em 1950, ele foi denunciado como criminoso de guerra nazista. Essa incrível história real é examinada pelo historiador Bruno Leal no livro “O homem dos Pedalinhos” (FGV Editora), que em breve vai virar filme. Confira aqui o livro, em formato físico e digital.

Em uma jogada arriscada, os nazistas propuseram uma troca de prisioneiros. Quinze vidas alemãs seriam trocadas por quinze vidas americanas. Era uma proposta audaciosa, que refletia tanto a brutalidade do conflito quanto a complexidade das negociações em tempos de guerra.

Com uma pesquisa minuciosa, Geroux busca contar os detalhes dessa história de assassinato e diplomacia arriscada. Para isso, o pesquisaror examina os quinze soldados alemães e os quinze prisioneiros de guerra americanos, cujas histórias pessoais são marcadas por coragem, tensão e drama. Entre esses heróis anônimos estavam desde um destemido piloto de caça P-51 Mustang até um tenente-coronel de temperamento explosivo, apelidado de “King Kong”.

O autor

William Geroux escreveu para o Richmond Times-Dispatch por vinte e cinco anos. Seus escritos apareceram no The New York Times, Associated Press e várias revistas regionais. Seu livro anterior é The Mathews Men . Natural de Washington, DC, e graduado pelo College of William and Mary, ele mora em Virginia Beach, VA.

Não há notícias de que The Fifteen será publicado no Brasil. Mas você pode comprar o livro no original, em inglês, aqui. E se quiser ler um pouco antes de comprar, a editora oferece um pequeno trecho – clique aqui para conferir.


Café História

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Livro em destaque

O historiador Bruno Leal (UnB) entrega algo inovador: um livro que é, ao mesmo tempo, um guia para a seleção do mestrado em História e uma introdução ao universo do mestrando e da mestranda. Com linguagem simples, Leal explica tudo o que você sempre quis saber sobre o mestrado em História, mas teve medo de perguntar. Clique na imagem e confira.

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