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Livro clássico do historiador Robert Darnton ganha nova edição no Brasil

Livro clássico do historiador Robert Darnton ganha nova edição no Brasil 5

Livro está disponível em dois formatos: e-book e impresso.

A Companhia das Letras relança no Brasil o clássico do historiador americano Robert Darnton, “Boemia Literária e Revolução – O Submundo das Letras no Antigo Regime”, publicado pela primeira vez no país em 1987. A obra examina a vida dos “homens de letras” na França pré-revolucionária do século XVIII, destacando seu papel na queda do Antigo Regime. Há anos a obra, que se tornou referência na historiografia, estava esgotada.

O livro de quase 300 páginas já está em pré-venda através da Amazon Brasil, com entrega agendada para 14 de janeiro. Clique aqui para conferir a versão impressa e aqui para conferir a versão e-book (a mais barata)

Foco nos “marginais”

Em “Boemia literária e revolução”, Darnton investiga como “escritores marginais” influenciaram o pensamento revolucionário. Esse grupo inclui diversos tipos do “submundo literário”: philosophes falidos, editores piratas e livreiros clandestinos ― ou os “Rousseaus de sarjeta”, termo que, já no século XVIII, havia sido aplicado à Restif de la Bretonne. Assim, Darnton analisa o final do Iluminismo do mesmo modo como historiadores, desde os anos 1980, vêm examinando a Revolução Francesa: a partir de uma perspectiva vista de baixo.

Para o autor, esse é um momento ímpar da história europeia. Emergiu naquele período o que se poderia chamar de “público leitor”. Rapidamente, a ideia de uma opinião pública ganhou forma e força, influenciando na maneira como os governos tomavam suas decisões e como o poder se estrutura. Neste contexto, os livros vão adquirir uma grande importância, assim como os subliteratos, parte singular deste fenômeno.

Na introdução do trabalho, o autor conta como o livro se tornou possível:

“Fui capaz de iluminá-los [os subliteratos] porque, dezessete anos atrás, esbarrei com um sonho de historiador: um enorme depósito de arquivos intocados, os documentos da Société Typographique de Neuchâtel, na biblioteca municipal de Neuchâtel, na Suíça. A Société Typographique foi uma das maiores dentre as muitas editoras que brotaram em torno das fronteiras da França com o fim de atender à procura, no interior do reino, por livros piratas ou proibidos. Seus papéis são o mais rico filão de informações sobre uma editora do século XVIII. Depois de pesquisá-los, resolvi consultar fontes complementares na França — arquivos da polícia, da Bastilha e da corporação dos livreiros — e escrever uma série de estudos sobre a força do livro no século XVIII. A primeira parte, The Business of the Enlightenment: A Publishing History of the Encyclopédie, 1775-1800 (O Iluminismo como negócio: uma história editorial da Encyclopédie, 1775-1800), foi publicada em 1979. Esta é a segunda.”

Nós conversamos com o historiador Daniel Carvalho, professor de História Moderna da Universidade de São Paulo, autor de uma bibliografia comentada sobre Iluminismo aqui no Café História. Carvalho disse que “Boemia Literária e Revolução” foi muito importante na iniciação científica dele, durante a graduação em História. “Existem outros iluminismos, além do iluminismo desses grandes autores, como Voltaire e Montesquieu. Darnton mostra um contexto intelectual visto de baixo, uma história do pensamento vista das ruas e não apenas dos grandes nomes”.

O autor

Robert Darnton nasceu em Nova York em 1939, filho de jornalistas. Graduado em história pela Universidade de Oxford, trabalhou como repórter policial no jornal The New York Times entre 1964 e 1965, antes de abandonar o jornalismo para dedicar-se às pesquisas sobre a França pré-revolucionária. Reconhecido como um dos maiores especialistas na história intelectual e cultural do século XVIII, suas obras inovadoras exploram a relação entre literatura, cultura e sociedade, abordando temas como a história do livro, a disseminação das ideias iluministas e a cultura popular. É professor emérito e bibliotecário emérito da Universidade Harvard, onde também dirigiu a Biblioteca Universitária.

Recebeu o Prêmio Pulitzer de História em 1985 por seu livro O grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural francesa. Pela Companhia das Letras, no Brasil, publicou em português títulos como Boemia literária e revolução, Edição e sedição, O Iluminismo como negócio, Os best-sellers proibidos da França pré-revolucionária, Os dentes falsos de George Washington, A questão dos livros, O beijo de Lamourette, O diabo na água benta, Poesia e polícia e Censores em ação.

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