O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter morreu neste domingo, aos 100 anos. Carter era do Partido Democrata e foi o 39º presidente americano (1977-1981). Ele curou-se de um câncer cerebral em 2015, mas em 2019 enfrentou uma série de complicações após passar por uma cirurgia para diminuir a pressão no cérebro. No início de 2023, um debilitado Carter se retirou para o rancho da família, na Georgia, onde passou a receber cuidados paliativos. Ele deixa quatro filhos e três netos.
“Meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta”, disse Chip Carter, filho de Carter, em um comunicado.
A vida política de Jimmy Carter
Nascido em 1º de outubro de 1924 em uma pequena cidade agrícola de Plains, Geórgia, Jimmy Carter cresceu na comunidade vizinha de Archery. Seu pai, James Earl Carter, era fazendeiro e empresário; sua mãe, Lillian Gordy Carter, uma enfermeira. Formado na Academia Naval dos Estados Unidos em 1946. Em 1953, seu pai faleceu e ele trocou a vida na Marinha pela vida como gestor das terras da família. Na comunidade, ele se tornou uma liderança, servindo nos conselhos do condado, supervisionando a educação, a autoridade hospitalar e a biblioteca. Começava a vida política.
Em 1962, Carter ganhou a eleição para o Senado da Geórgia. Ele perdeu sua primeira campanha para governador do estado em 1966, mas venceu a eleição seguinte, tornando-se o 76º governador da Geórgia em 12 de janeiro de 1971. Ele foi o presidente da campanha do Comitê Nacional Democrata nas eleições de 1974 para o Congresso e para governador.
Em 12 de dezembro de 1974, embalado pelo sucesso eleitora, Jimmy Carter anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos. Ele ganhou a indicação de seu partido na primeira votação na Convenção Nacional Democrata de 1976 e foi eleito presidente em 2 de novembro de 1976.
Presidente Carter
Na presidência dos EUA, Carter ganhou fama por seus esforços de mediação no Oriente Médio, incluindo a assinatura dos Acordos de Camp David entre Israel e Egito em 1978. Ele também foi um defensor dos direitos humanos, tendo estabelecido o Departamento de Direitos Humanos do Departamento de Estado dos EUA durante seu mandato.
No entanto, enfrentou várias controvérsias. Ele foi criticado por sua resposta à crise dos reféns americanos no Irã em 1979, quando 52 americanos foram mantidos como reféns por mais de um ano. Muitos americanos acreditavam que Carter não estava sendo suficientemente firme com o governo iraniano, e acabou perdendo a reeleição em 1980.
Jimmy Carter também enfrentou críticas por sua política externa em relação à América Latina. Ele apoiou regimes militares de direita em países como Brasil, Argentina e Chile, apesar das violações dos direitos humanos cometidas por esses governos. No Brasil, Carter foi criticado por não pressionar mais o governo brasileiro em relação aos direitos humanos.
Após deixar o cargo, Jimmy Carter fundou o Centro Carter, uma organização sem fins lucrativos que trabalha em prol da paz e dos direitos humanos em todo o mundo. Ele também foi um defensor da democracia e das eleições livres e justas em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.
Em 10 de dezembro de 2002, o Comitê Norueguês do Nobel concedeu o Prêmio Nobel da Paz de 2002 a Carter “por suas décadas de esforço incansável para encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, promover a democracia e os direitos humanos e promover o desenvolvimento econômico e social. ” Em outubro, Jimmy Carter, ainda lúcido, votou nas eleições presidenciais, vencidas pelo republicado Donald Trump.