Griselda Pollock foi a vencedora da mais recente edição do Prêmio Holberg, um dos maiores prêmios internacionais concedidos anualmente a um(a) destacado(a) pesquisador(a) em humanidades, ciências sociais, direito ou teologia.
Bruno Leal | Agência Café História
Nascida na África do Sul, mas com cidadania britânica e canadense, Pollock é professora de Histórias Sociais e Críticas da Arte na Universidade de Leeds, na Holanda. A pesquisadora receberá o prêmio de 650 mil dólares na Universidade de Bergen, Noruega, em 4 de junho deste ano.
Pesquisa e reconhecimento internacional
Griselda Pollock é uma das fundadoras da chamada “história da arte feminista”, surgida na década de 1970, na Europa. Um dos marcos deste movimento é a publicação do artigo de Linda Nochlin “Porque não houve grandes mulheres artistas?” (Why have there been no great women artists?, no original, em inglês), publicado na revista na Artnews. A pergunta, que tem caráter irônico e provocador, remexeu com as estruturas da história da arte, até então basicamente masculina, e deu início a um novo subcampo da disciplina, que reuniu grandes pesquisadoras, artistas e intelectuais. Pollock é uma dessas mulheres, tendo contribuindo sobremaneira para o estabelecimento de novas abordagens, conceitos e questões.
O trabalho de Pollock logo acabou se tornando uma referência internacional nos estudos feministas pós-coloniais nas artes visuais. Seu Ela também se tornou um nome conhecido por causa de suas intervenções feministas, sociais e queer na arte e na cultura. Sua obra é vasta, com impacto na ideia de curadoria e tem influenciado debates sobre gênero e ideologia em todo o mundo nos últimos 40 anos. Suas ideias também possuem penetração em áreas como estudos sobre o trauma e o Holocausto.
Ao repensar a arte visual através das lentes emaranhadas de gênero, classe e raça, Pollock tornou visíveis as obras mais inovadoras de artistas que, de outra forma, foram excluídos do cânon da história da arte, especialmente mulheres.
Descrevendo o objetivo principal de seu trabalho, Pollock diz:
“Analiso e resisto aos danos de classe, raça, gênero e sexualidade, causados por imagens e formas culturais, como mídia, cinema, arte, literatura e pensamento acadêmico. Passei quarenta anos criando novos conceitos com os quais procuro desafiar a estrutura patriarcal branca da história da arte para produzir maneiras de pensar sobre arte, suas imagens, suas práticas, seus efeitos que não são sobre a admiração da grandeza seletiva. Em vez disso, busco entender o trabalho que a arte faz como representação e como as representações moldam as idéias sobre o mundo e quem somos nele”.
Sobre o Prêmio Holberg
Estabelecido pelo Parlamento norueguês em 2003, o Prêmio Holberg é um dos maiores prêmios internacionais anuais de pesquisa concedidos a acadêmicos que fizeram contribuições extraordinárias para pesquisas nas áreas de humanidades, ciências sociais, direito ou teologia.
O prêmio é financiado pelo governo norueguês através de uma alocação direta do Ministério da Educação e Pesquisa à Universidade de Bergen. Laureados anteriores incluem Julia Kristeva, Jürgen Habermas, Manuel Castells, Onora O’Neill, Cass Sunstein e Paul GilIlroy. Para saber mais sobre o Prêmio Holberg e a chamada para indicações, visite: holbergprisen.no/en .
Com informações de Eurekalert!
Como citar esta notícia
CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Historiadora da arte feminista vence prêmio internacional (notícia). In: Café História – História feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/historiadora-da-arte-feminista-vence-premio-internacional./ ISSN: 2674-5917. Publicado em: 14 abr. 2020. Acesso: [informar a data].