Historiador explica que não havia risco de “golpe comunista” em 1964

Segundo professor titular do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, acreditar que havia a chance de um golpe comunista no Brasil naquele ano é um "erro flagrante".
31 de março de 2021

O 31 de março, aniversário do golpe civil-militar de 1964, é uma data propícia para a circulação de informações erradas sobre o início do período autoritário brasileiro (1964-1985). Um dos erros históricos mais comuns é a explicação de que o golpe de estado foi dado porque havia um golpe comunista em curso no Brasil, e que o país se tornaria uma “nova Cuba” caso os militares não agissem. Nesta quarta-feira, essa antiga tese, criada pelos próprios setores golpistas, foi requentada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, pelos deputados federais Eduardo Bolsonaro e Carlos Jordy, e por Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, órgão vinculado ao governo federal, em suas respectivas contas no Twitter.

Em 2019, ano que marcou os 55 anos do golpe de 1964, o Café História fez um especial audiovisual sobre a ditadura militar com o historiador Carlos Fico, professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fico, que é um dos maiores especialistas na história da ditadura militar brasileira, explicou, didaticamente, em um dos vídeos desta série, que não havia qualquer chance de golpe comunista no Brasil.

“Isso não é verdade, porque os comunistas tinham muita pouca força política naquele momento, embora houvesse, de fato, muitas greves e manifestações lideradas por comunistas, mas isso está muito longe de permitir a suposição de que houvesse qualquer possibilidade de uma revolução comunista no Brasil”, disse o historiador. Ainda segundo fico, João Goulart não era comunista e as suas reformas de base eram bastante modestas.

Confira no vídeo abaixo a explicação do professor:

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas, justiça no pós-guerra e as duas guerras mundiais. Autor de "Quero fazer mestrado em história" (2022) e "O homem dos pedalinhos"(2021).

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