Historiador examina relações entre protestantismo e esquerda no processo de redemocratização

12 de maio de 2017
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Tese de doutorado premiada, “À direita de Deus, à esquerda do povo: protestantismo, esquerdas e minorias”, de Zózimo Trabuco, acaba de virar livro.

Por Ana Paula Teixeira | Agência Café História

Os evangélicos são um grupo heterogêneo. E não somente no que diz respeito à fé. É o que procura deixar claro o historiador baiano Zózimo Trabuco, professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), no seu mais recente trabalho, o livro “À direita de Deus, à esquerda do povo: protestantismo, esquerdas e minorias”, que acaba de ser lançado pela editora Sagga. Na obra, baseada em sua tese doutorado, vencedora do prêmio de melhor tese do Programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ em 2015, Trabuco investiga a aproximação de setores do protestantismo com grupos de esquerda e movimentos de minorias no final do regime militar e na primeira década pós-ditadura (1974-1994), período que compreende o longo arco do processo de redemocratização do Brasil. Clique aqui para ler um trecho do livro.

Capa do livro de Zózimo Trabuco
Livro do historiador Zózimo Trabuco é um dos grandes lançamentos em história do ano.

O livro está dividido em três partes. Na primeira, o autor contextualiza o que significava ser protestante na América Latina, abordando as questões de identidade e relacionamento entre as instituições religiosas. Na segunda, Trabuco aborda não somente o socialismo cristão, mas também o feminismo e grupos ligados ao movimento negro e LGBT, em sua relação com diferentes perspectivas teológicas. O autor destaca a importância de se observar os processos sem perder de vista a heterogeneidade dentro deste amplo grupo chamado protestante. Na última parte do trabalho, Trabuco analisa a ação de grupos evangélicos no período da abertura democrática e nas eleições, abordando grupos progressistas, grupos à esquerda e a ascensão de uma bancada evangélica mais tradicional e à direita.

Sobre a pesquisa que deu origem, Jessie Jane, orientadora do autor, comenta no prefácio do livro:

– A Igreja Católica, com sua capacidade de produzir sentidos aos seus caminhos e descaminhos, vinha sendo o objeto de quase todas as pesquisas que se debruçavam sobre a relação entre religião e política no campo da história. No entanto, para minha alegria, nos últimos anos vários jovens pesquisadores têm se voltado para tentar compreender o campo evangélico como portador de múltiplos movimentos teológico-políticos que impactaram e, como assistimos, impactam o espaço público em nosso país.

Este é o segundo livro de Zózimo Trabuco. Ele também é autor de “A Seara e os ceifeiros: educação teológica, narrativas de conversão e identidade religiosa (1960-1990)” publicado pela UEFS.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

5 Comments Deixe um comentário

    • Penso que não. Creio que essa expansão está mais relacionada à conjuntura política e econômica na qual vivemos hoje e na tentativa de ampliação do campo religioso para alcançar cada vez mais fiéis.

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