História Thrash Metal

2 de setembro de 2011
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Banda brasileira de Thrash Metal inova ao compor músicas sobre história do Brasil.
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Show do TTT no “Calabouço”, Rio de Janeiro. Foto: Elisa Travalloni.

Duas poderosas guitarras fazem os solos, além de uma bateria animada, um baixo potente e um vocal gutural, no melhor estilo Sepultura. O Tamuya Thrash Tribe (TTT) bem que poderia ser mais uma banda de Thrash Metal. Mas não é. Ela possui uma proposta que a torna especial no cenário do metal brasileiro: todas as suas letras se baseiam na história do Brasil.

Formada há aproximadamente um ano, no Rio de Janeiro, a banda é composta por Luciano Vassan (Guitarra e Voz), Leonardo Emanoel (Guitarra), Alex Tiyug (Baixo) e Guilherme Pollig (Bateria). O vocalista do TTT, Luciano Vassan, um publicitário de 32 anos, explicou ao Café História como surgiu a ideia de formar uma banda cujas letras se inspiram em fatos e personagens da história brasileira:

Nós tínhamos uma banda “cover”. E em agosto do ano passado, fomos convidados para fazer uma festa no Rio. Era uma festa com bandas de músicas com temática Viking, algo que é bastante comum na Europa. Preparamos um repertório e todos curtiram bastante. Então, alguém sugeriu: façam uma banda Viking! Nós achamos estranho. Somos brasileiros, não tem muito a ver. Mas a ideia era boa. Então, o que fizemos foi trocar os Vikings pelos índios e outros temas da história do Brasil. Foi assim que surgiu o Tamuya Thrash Tribe. O nome “Tamuya” vem da Confederação dos Tamoios. É a palavra em Tupi para Tamoio.

O elemento brasileiro não chega a ser uma novidade no universo do metal. A banda brasileira Sepultura, por exemplo, sempre abordou temáticas indígenas em suas letras. Um de seus mais importantes álbuns, “Roots” (1996), contou com a participação do músico Carlinhos Brown na canção “Ratamahatta” e diversas faixas tiveram a presença marcante de instrumentos tipicamente brasileiros, como o berimbau, o que deu ao disco uma sonoridade tribal. “Roots” teve ainda duas músicas gravadas com os índios xavantes Jasaco e Itsari, no Mato Grosso. No entanto, o experimentalismo do Sepultura marcou um momento da banda. Nunca chegou a ser a sua essência. Por isso, o Tamuya Thrash Tribe é tão original. Todas as suas letras abordam elementos da história do Brasil Colônia do Brasil Império. O próprio nome, como explicou Vassan, é uma referência explícita a sua “brasilidade”. E como as letras são compostas em língua inglesa, o TTT ainda divulga, de quebra, a história do Brasil para outros países.

Embora recém-formado, o Tamuya Thrash Trib já está alçando voos mais altos. Há três semanas, lançaram o primeiro álbum, “United”, que traz seis faixas. O trabalho foi gravado em três meses, entre maio e julho de 2011 no “Lokomotiv Studio”, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. A produção é totalmente independente, da gravação ao design gráfico da capa. As seis músicas foram compostas por Vassan. Para escolher os temas da canção o vocalista recorreu a livros didáticos e, principalmente, a internet.

As bandas Vikings se orgulham de sua história. Mas nós também devemos nos orgulhar da nossa. O Brasil tem 500 anos de história. Temos muita coisa para falar, assunto inesgotável para letras de músicas. Não precisamos de forma alguma nos sentir diminuídos diante da história europeia.

Mesmo sendo uma banda que escreve e canta temas da história do Brasil, Vassan faz pondera:

Não queríamos nada que lembrasse a leitura de um livro. Não se trata de um relato histórico. Há alguma liberdade poética. A banda não tem pretensão de querer ensinar história. Não é isso. Mas bem que pode ser uma ótima iniciação. O estudante gosta da música, se interessa pelo tema que é cantado e vai procurar mais à respeito, pode ficar mais atento às aulas. Se servir para despertar a curiosidade já está ótimo.

O Tamuya Thrash Tribe fez o seu primeiro show no último mês de agosto no bar de rock “Calabouço”, na Tijuca. Na ocasião, os ingressos esgotaram rapidamente. E no que depender do rápido crescimento dos fãs, é bem provável que o TTT não saiba mesmo o que é um show vazio. Até o momento, a banda já possui mais de 1200 amigos em sua página no Facebook e mais de 1700 seguidores no Twitter, entre brasileiros e estrangeiros. Isso sem falar dos perfis da banda em outras redes sociais, como o Myspace e Youtube, que contabilizam centenas e até milhares de visualizações. “Há pessoas do Canadá e Turquia que falam comigo todo dia, tentando arrumar shows para nós nesses países” – revela Vassan.

É muito fácil conhecer o trabalho do TTT. Basta acessar o Myspace da banda. Todas as musicas estão disponíveis na íntegra via streaming. Mas atenção: se você não está habituado com a voz gutural do Thrash Metal, não deixe de acompanhar as letras. Por isso, abaixo, você encontra não apenas os links para as músicas, como também os links para as comunidades da banda em outras redes sociais e todas as letras do álbum “United”.


O Tamuya nas redes sociais:

(1) www.tamuyathrashtribe.com (em construção)
(2) www.facebook.com/tamuya.thrash (perfil)
(3) www.facebook.com/TamuyaThrashTribe (fan page)
(4) www.twitter.com/tamuyathrash
(5) www.twitter.com/tamuyathrash
(6)www.myspace.com/tamuyathrashtribe


Bruno Leal Pastor de Carvalho – doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professor do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense. Pesquisa os seguintes temas: criminosos nazistas, mídias sociais e divulgação de história. É fundador e editor do Café História. Atualmente, é pós-doutorando em História Social pela UFRJ.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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