História do Esoterismo

10 de fevereiro de 2015
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Professor da Universidade Federal de Santa Maria é o nosso especialista convidado.

Por Francisco Mendonça Júnior

A presença acadêmica da pesquisa sobre o Esoterismo é algo relativamente novo, ainda que o tema estivesse já há muito tempo presente, de uma forma ou de outra. Contudo, somente com iniciativas como a criação de cátedras específicas ao estudo do Esoterismo, enquanto fenômeno histórico, em Paris, Exeter e Amsterdã é que entendemos ter-se inaugurado de fato a pesquisa acerca do Esoterismo como uma área acadêmica em si, não sendo apenas objeto de outros campos de investigação, buscando construir uma análise livre de preconceitos e julgamentos de valor. Na qualidade de codiretor do Centro de Estudios sobre el Esoterismo Occidental de la Unión de Naciones Suramericanas (CEEO-UNASUR) apresento algumas obras que considero fundamentais para se começar a conhecer essa área de pesquisa. Convido a todos para visitar nosso site, onde são disponibilizadas mais referências bibliográficas, além de informações sobre nossas atividades.

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Lista traz grandes clássicos do campo da história do esoterismo.

1. YATES, Frances Amelia. Giordano Bruno e a tradição hermética. São Paulo: Cultrix, 1995.

Ainda que a obra da historiadora inglesa Frances Yates não trate em momento algum do Esoterismo, consideramos tal trabalho como um daqueles fundamentais para a área. A partir de sua formação no Warburg Institute, Yates buscou compreender aquilo que ela identificou como pedras angulares para a construção do pensamento do italiano Giordano Bruno, se tratando de correntes esotéricas, como o hermetismo, por exemplo. Ainda que seu olhar esteja hoje datado e criticado, permanece inegável a contribuição de Yates ao trazer à tona a importância das ideias de natureza esotérica para a formação da paisagem intelectual do Renascimento.

2. FAIVRE, Antoine. O Esoterismo. Campinas; São Paulo: Papirus, 1994.

Tradução de L’Esoterisme de 1992, essa obra de Antoine Faivre é um dos trabalhos fundamentais para a pesquisa acadêmica acerca do Esoterismo. Adotando um recorte histórico que parte da Antiguidade até o Século XX, Faivre se propõe a discutir as principais correntes esotéricas que surgiram nesse extenso período. Contudo, talvez até mais importante do que tal discussão, seja a reflexão que ele apresenta na Introdução. Ele realiza uma discussão acerca do termo Esoterismo e da relação de seus significados com alguns contextos históricos, culminando na definição de Esoterismo a partir da possibilidade de identificar em um dado fenômeno histórico quatro qualidades fundamentais (Correspondências; Natureza Viva; Imaginação e Mediações; Experiência da Transmutação), podendo estar presentes mais duas qualidades relativas (Prática da Concordância e a Transmissão).

3. CORSETTI, Jean-Paul. História do esoterismo e das ciências ocultas. Braga: Círculo de Leitores, 2004.

Tributário declarado do trabalho de Antoine Faivre, Jean-Paul Corsetti apresenta uma proposta muito semelhante à de seu autodeclarado referencial. Corsetti também se propôs a construir uma História do Esoterismo tendo como recorte desde a Antiguidade egípcia até o século XIX na Europa, apresentando um esforço mais profundo do que aquele que pode ser percebido em O Esoterismo. Ressaltamos a rica discussão que Corsetti faz na busca por diferenciar Esoterismo e Ocultismo.

4. BUBELLO, Juan Pablo. Historia del esoterismo en Argentina. Prácticas, representaciones y persecuciones de curanderos, espiritistas, astrólogos y otros esoteristas. Buenos Aires: Editorial Biblos, 2010.

Fruto de sua tese de doutoramento, este livro do Professor Juan Pablo Bubello possui como grandes virtudes o trabalho sério e exaustivo de historiador, bem como apresentar uma discussão acerca do esoterismo na América Latina, mais especificamente na Argentina. Tendo como recorte temporal o final do Período Colonial até a Contemporaneidade, Bubello busca analisar as manifestações esotéricas na sociedade argentina, tanto rural quanto urbana, se valendo dos mais variados tipos de documentos, como filmes, jornais, processos judiciários, entre outros. O esforço de Bubello é de apresentar o esoterismo enquanto campo autônomo de análise historiográfica, livre dos olhares pré-concebidos de folcloristas, historiadores da ciência e da medicina, podendo assim perceber as relações do fenômeno esotérico com os demais campos da experiência humana, como o mundo da política, por exemplo. Incluímos este trabalho na presente lista motivados pela forma como ele apresenta o emprego do conceito de Esoterismo para compreender a realidade histórica sul-americana, servindo portanto como ponto de diálogo para quem decidir realizar esforço semelhante em terras brasileiras.

5. HANEGRAAFF, Wouter, FAIVRE, Antoine, Van der BROEK, Roelof & BRACH, Jean-Pierre. Dictionary of Gnosis and Western Esotericism, Leiden-Boston, Brill, 2006.

Este dicionário contendo algumas centenas de verbetes foi organizado e composto por expoentes da pesquisa acadêmica acerca da História do Esoterismo, sintetizando boa parte da produção de qualidade sobre esse tema. De fácil consulta e com textos ágeis, além de seu grande potencial para a introdução dos diversos temas atinentes à História do Esoterismo, cada verbete ainda apresenta sugestões bibliográficas que permitem ao leitor encontrar uma direção caso deseje se aprofundar sobre algum tema.


Francisco Mendonça Júnior – possui graduação em História (2005) pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado (2009) e doutorado (2014) em História e Culturas Políticas pela mesma universidade, com a realização de estágio sanduíche na Université Paris-Est Créteil. Atualmente, é professor do departamento de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Já atuou como analista de gestão, proteção e restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Tem experiência na área de pesquisa em História, com ênfase em História Medieval, História do Renascimento, História do Esoterismo, História Política e História do Livro e da Leitura. Também é membro do LEME – Laboratório de Estudos Medievais (USP-UNICAMP-UFMG-UNIFESP-UFG), bem como da Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM) e da European Society for the Study of Western Esotericism (ESSWE). Atualmente ocupa o cargo de codiretor do Centro de Estudios sobre el Esoterismo Occidental de la UNASUR (CEEO-UNASUR), grupo de pesquisas afiliado a ESSWE, e de diretor assistente do Studia Hermetica Journal.

Francisco Mendonca

Possui graduação em História (2005) pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado (2009) e doutorado (2014) em História e Culturas Políticas pela mesma universidade, com a realização de estágio sanduíche na Université Paris-Est Créteil. Atualmente, é professor do departamento de história da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Já atuou como analista de gestão, proteção e restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. Tem experiência na área de pesquisa em História, com ênfase em História Medieval, História do Renascimento, História do Esoterismo, História Política e História do Livro e da Leitura. Também é membro do LEME - Laboratório de Estudos Medievais (USP-UNICAMP-UFMG-UNIFESP-UFG), bem como da Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM) e da European Society for the Study of Western Esotericism (ESSWE). Atualmente ocupa o cargo de codiretor do Centro de Estudios sobre el Esoterismo Occidental de la UNASUR (CEEO-UNASUR), grupo de pesquisas afiliado a ESSWE, e de diretor assistente do Studia Hermetica Journal.

4 Comments Deixe um comentário

    • Oi, Kaio. Tudo bem? Ele é professor da Universidade Federal de Santa Maria.
      Certamente no site do Departamento de História deve ter o contato atual dele.

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