A História da África está em alta. Criada há seis anos, a Lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira em todas as escolas brasileiras. A medida foi bastante comemorada pelos profissionais da educação, sobretudo pelos professores de história.
No entanto, embora a implementação da lei tenha sido uma grande conquista, muitos educadores continuam tendo dificuldades em ministrar o conteúdo de História da África. Há poucos livros publicados sobre o assunto e o número de especializações na área ainda está longe de atender à demanda. Esse cenário, contudo, começou a mudar neste fim de ano.
História da África
Acaba de ser lançada no Brasil a coleção “História Geral da África”, um material de extrema importância para professores que atuam em diversos níveis de ensino. E o melhor: a obra é totalmente gratuita.
Publicada originalmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) entre 1960 e 1990, “História Geral da África” é uma obra de referência. No total, são mais de seis mil páginas divididas em 8 volumes: I) “Metodologia e Pré-História da África”; II) África Antiga; III) África do século VII XI; IV) África do século XII ao XVI; v) África do século XVI ao XVIII; VI) África do século XIX à década de 1880; VII) África sob dominação colonial, 1880-1935; VIII) África desde 1935.
O material foi produzido por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos. “História Geral da África”, por isso, vem sendo considerada uma obra de valor único e inédito.
A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês. A versão brasileira, que acaba de ser lançada,foi possível graças a uma parceria entre a Unesco, o Ministério da Educação e a Universidade de São Carlos (UFSCar). Entre tradução, revisão técnica e adaptação às normas ortográficas custou R$ 2 milhões e envolveu 45 pesquisadores do Núcleo de estudos Afro-Brasileiros da UFSCar.
Para os organizadores, o principal objetivo da tradução é fazer com que professores e estudantes lancem um novo olhar sobre o continente africano e entendam sua contribuição para a formação da sociedade brasileira. Segundo Fernando Haddad, ministro da Educação, a coleção vem preencher uma lacuna na educação brasileira.
“De fato, a história africana ainda não está inserida no currículo escolar, como estão as histórias da Europa e da América, não há dúvida que há um vácuo. Temos que ter consciência de como nosso povo se formou. A importância da África é crucial para nosso presente e para o futuro da nação brasileira”, afirma.
O Ministério da Educação irá distribuir a coleção para bibliotecas públicas municipais, estaduais e distritais; bibliotecas das Instituições de Ensino Superior, dos Polos da Universidade Aberta do Brasil, dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, dos Conselhos Estaduais ou Distrital de Educação.
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