Golpe virtual deixa meio acadêmico brasileiro em alerta

Estelionatários simulam e-mails de professores universitários com o intuito de obter dados sensíveis e, com eles, praticar fraudes financeiras. Mensagens não devem ser repassadas ou respondidas.
4 de junho de 2021
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Segundo relatório divulgado pela empresa de segurança virtual Kaspersky, o Brasil foi líder mundial em phishing em 2020. Foto: Mohamed Hassan / Pixabay

Nesta sexta-feira, docentes do Departamento de História da Universidade de Brasília receberam um e-mail contendo a assinatura de uma colega de trabalho aposentada, mas ainda ativa, convidando para prestar serviços temporários em processos seletivos. “Tenho um colega e amigo que é dirigente de uma Comissão em Coordenação de Vestibulares & Concursos de algumas Universidades Particulares, Estaduais e Federais no Brasil que me solicitou alguns profissionais que tivessem condições de exercer estas funções informadas abaixo e serem contratados imediatamente para prestar serviços em Vestibulares e Concursos”, explica a mensagem, que também descreve em detalhes cargos, valores de diárias, datas e horários. Apesar da aparente veracidade do e-mail, trata-se de um golpe que tem se tornado muito comum no meio acadêmico brasileiro.

Esse tipo de golpe é chamado phishing, termo que tem origem na palavra inglesa fishing, (“pescar”, em português). A referência é adequada. Nesse tipo de golpe cibernético, o criminoso tenta se passar por uma pessoa conhecida (ou uma empresa) para obter dados sensíveis da vítima. Com esses dados é possível efetuar diversas fraudes. Em muitos casos, é difícil perceber o golpe. No caso do e-mail recebido pelos historiadores da UnB, a mensagem era dirigida, nominalmente, aos professores do departamento, tinha a foto da professora, a sua assinatura, a logo da universidade, o telefone e até link para o currículo lattes. Um dos poucos sinais da fraude estava em um detalhe no endereço do e-mail, que revelava o remetente falso: o sobrenome da professora se escreve com “z” e não com “s”.

Os professores da UnB, que já foram avisados da fraude, não foram os primeiros a serem expostos a essa tentativa de golpe virtual. Nos últimos dois anos, com o aumento das atividades docentes em regime remoto, essa tentativa de golpe tem sido registrada em diversas universidades brasileiras, deixando as áreas de tecnologia da informação em alerta máximo. O golpe já foi denunciado pela  Universidade Federal de Minas Gerais, pela Universidade Federal de Ouro Preto, pela  Universidade Federal de Lavras e pela Universidade Federal de Santa Maria, dentre outras. Todas iniciaram protocolos de segurança.

Brasil é líder mundial em phishing

Segundo relatório divulgado pela empresa de segurança virtual Kaspersky, o Brasil foi líder mundial em phishing em 2020. Um a cada oito brasileiros sofreu tentativas de ataque entre abril e junho do ano passado, segundo o relatório. Dentre as principais dicas dos especialistas, o usuário deve suspeitar de mensagens urgentes que ofereçam benefícios, que peçam depósitos ou informações pessoais. Caso receba algo do gênero, o usuário não deve responder tais mensagens ou encaminhá-las, mas acionar imediatamente os canais de segurança da universidade.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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