Arquivo disponibiliza documentos que revelam participação da CIA em golpe de Estado no Irã, em 1953

21 de junho de 2017
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Arquivo de Segurança Nacional divulgou cerca de 1000 documentos que explicam, pela primeira vez, como agência esteve por trás do golpe.

Por Bruno Leal | Agência Café História

O Arquivo de Segurança Nacional dos Estados Unidos disponibilizou no último dia 15 de junho um grande volume de documentos que detalham como a CIA participou ativamente do golpe de Estado contra o então Primeiro-Ministro do Irã, Mohammad Mossadeg, em 19 de agosto de 1953. A revelação não chega a ser exatamente nova. Desde os anos 1980, a participação americana no episódio tem sido alardeada. Em abril de 2000, documentos sobre o envolvimento da CIA foram pela primeira vez revelados à imprensa, mostrando como os serviços secretos americano e inglês executaram a chamada “Operação TP-Ajax”, que tinha o intuito de assegurar o controle do petróleo iraniano por parte do Ocidente. A extensão e os detalhes desta operação conjunta, porém, só se tornaram conhecidos agora, com a publicação dos novos documentos.

Golpe de Estado no Irã
Tanques nas ruas de Teerã, em 1953. Foto: Wikipedia.

Esses novos documentos –1000 no total – foram publicados no site do Arquivo de Segurança Nacional sob a forma de uma publicação única intitulada Foreign Relations of the United States, 1952-1954, Iran, 1951–1954. O material engloba as administrações de Henry Truman (1945-1953) e Dwight Eisenhower (1953-1961). São fontes históricas valiosas que descrevem, por exemplo, como a CIA avaliou os serviços de inteligência e segurança iranianos, e estabeleceu uma estação de transmissão clandestina no Irã.

O golpe de Estado 1953 é um acontecimento chave na história recente do Irã. Em 1951, Mossadegh liderou um movimento nacionalista que nacionalizou a indústria petrolífera iraniana, até então controlada pela Anglo-Persian Oil Company (APOC), de propriedade britânica. Dois anos depois, Mosaddegh, eleito democraticamente, foi derrubado por um movimento golpista patrocinado por americanos e britânicos. Em seu lugar, foi colocado o general Fazlollah Zahedi, homem forte de Mohammad Reza Pahlavi, Xá do Irã, aliado americano até a sua queda, em 1979, com a eclosão da chamada Revolução Iraniana.

O material disponibilizado pelo Arquivo de Segurança Nacional é importante não só por seu valor histórico, mas também por seu valor político, uma vez que os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido durante décadas negaram envolvimento no golpe, mesmo uma série de indícios e de relatos indicarem o contrário. A CIA só reconheceu sua participação no golpe em 2013 e, agora, pela primeira vez, os detalhes desta participação podem ser conhecidos em profundidade.

“Esta será uma fonte importante para qualquer pessoa interessada no relacionamento tortuoso entre Washington e Teerã”, disse Malcolm Byrne à imprensa. Byrne administra o Projeto de Relações Irã-EUA do Arquivo de Segurança Nacional. Ele também foi crítico a demora na liberação dos documentos: “O fato de ter levado mais de seis décadas para desclassificar e liberar registros sobre um evento histórico tão crucial é incompreensível.”

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

2 Comments Deixe um comentário

  1. SISTEMATICAMENTE A CIA SE INTROMETEU NOS ASSUNTOS PRIVADOS MUNDIAIS DESDE SEMPRE, INCLUSIVE NOS NOSSOS. O SEU SISTEMA É PLANTAR EXPERTS EM INFORMAÇÕES LOCAIS QUE CHECAM PESSOAL E INDIVIDUALMENTE O QUE OS SEUS SISTEMÕES ELETRÔNICOS CAPTAM COMO UM TODO. A SUA MALIGNIDADE É RECONHECIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNCIONÁRIOS, HAJA VISTO O QUE DISSE O PHILIP AGEE EM ‘INSIDE THE COMPANY’ TRADUZIDO COMO ‘DENTRO DA COMPANHIA’ CREIO QUE DOS ANOS DE 1980. É FODA!

  2. a mesma coisa que aconteceu agora nesse ultimo golpe que estamos ainda sofrendo, instalaram transmssão clandestina na presidenta eleita, e fizeram o que fizeram. so que la o pessoal resiste mais por isso foi pior, digo mais violenta

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