A invisibilidade dos arquivos femininos: entrevista com Luciana Heymann

De acordo com pesquisadora, “o menor número de arquivos de mulheres nas instituições de memória reflete a desigualdade de oportunidades que tem marcado a sociedade brasileira, responsável por reservar mais e melhores lugares para os homens”.
16 de março de 2020
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A invisibilidade dos arquivos femininos: entrevista com Luciana Heymann 1

Na apresentação do dossiê “Mulheres, arquivos e memórias”, publicado pela Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), em março de 2018, as organizadoras apontam para a invisibilidade feminina nos arquivos públicos, nacionais e internacionais. Para além da presença ou ausência de mulheres na historiografia, o texto de apresentação do dossiê indica algo importante: não há apenas lacunas em narrativas sobre mulheres, mas uma imensa ausência de fontes sobre ou produzidas por elas. 

Os arquivos são instituições que expressam relações de poder. Silêncio e invisibilidade não são elementos neutros na construção de suas fontes e fundos. A partir deles podemos perceber questões como a negociação entre memória e esquecimento, o direito ao uso e à privacidade de dados pessoais e a luta por reconhecimento e prevalência de desejos e interesses. Em momento no qual vozes femininas são caladas, muitas vezes à força e violentamente, há que se ressaltar a importância dos processos de arquivamento de suas experiências como sujeitos históricos e o papel das instituições de memória.  

Para se ter uma percepção do contexto aqui referido, dos 305 arquivos pessoais custodiados pelo Arquivo Nacional (AN), no Rio de Janeiro, apenas 26 são de mulheres. Na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, dos 88 arquivos pessoais sob a guarda do Departamento de Arquivo e Documentação, apenas seis (6) são de sujeitos femininos – os nomes e um pequeno resumo de cada um estão ao final do artigo.

Para falar sobre o tema, entrevistei Luciana Quillet Heymann, historiadora, doutora em Sociologia e pesquisadora do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Segundo explica a historiadora, “o menor número de arquivos de mulheres nas instituições de memória reflete a desigualdade de oportunidades que tem marcado a sociedade brasileira, responsável por reservar mais e melhores lugares para os homens”.

A que você atribui a baixa representatividades das mulheres nos arquivos?

Em primeiro lugar, creio que essa baixa representatividade espelha a presença minoritária das mulheres na vida pública. Essa presença vem aumentando, mas ainda está longe de uma situação paritária. Prova disso é que está para ser votado um projeto de Lei (PL 2.235/2019) que prevê a reserva de ao menos 30% das cadeiras de Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador para mulheres. Não tenho dados sobre outros campos de atuação, mas o que se observa, em geral, é tanto uma menor presença feminina como mulheres em cargos de menor prestígio em relação aos ocupados por homens.

Como você avalia a situação das mulheres em arquivos de instituições de memória e científicas?

O menor número de arquivos de mulheres nas instituições de memória reflete a desigualdade de oportunidades que tem marcado a sociedade brasileira, responsável por reservar mais e melhores lugares para os homens (e aqui não estou me detendo na enorme desigualdade que atinge negros e negras, fazendo com que a representatividade das mulheres negras seja infinitamente menor do que a das mulheres brancas). Embora haja sinais de que essa situação está mudando, o número de mulheres em cargos políticos ou na liderança de grupos de pesquisa, ao menos nas ciências biomédicas, segue sendo bem menor, o que explica que homens sejam franca maioria como titulares de arquivos em instituições o Arquivo Nacional e a Casa de Oswaldo Cruz. Até as instituições voltadas para o campo literário, onde poderíamos imaginar uma situação mais paritária, a presença masculina é bem mais expressiva (basta consultar o Guia de Acervo do Arquivo Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa).

Há outros fatores no âmbito dos arquivos que fomentam essa situação?

Essa baixa representatividade também espelha as políticas de aquisição de acervo nas instituições, que naturalmente priorizam titulares que tiveram atuação destacada nos seus respectivos campos de atuação. A desatenção com relação a essa situação, porém, colabora para a reprodução da invisibilidade das mulheres.  Se pensarmos que tais espaços estão inseridos nas dinâmicas de poder, produzindo hierarquias e definido condições de acesso às fontes históricas, fica claro que é preciso assumir uma postura crítica com relação à disparidade entre homens e mulheres nos acervos institucionais.

O que poderia ser feito para reverter esse quadro?

Vejo como caminho para reverter a baixa representatividade das mulheres em instituições arquivística uma política ativa de prospecção de arquivos de mulheres que possam ser incorporados. Devem ser arquivos compatíveis com a linha de acervo de cada instituição, já que é importante manter coerência na constituição dos acervos, mas privilegiar arquivos de mulheres é uma forma de ativismo diante da invisibilidade da atuação feminina em diferentes áreas da vida social. Trata-se de uma ação que, a médio prazo, resultará em acervos mais plurais e representativos e, por isso mesmo, mais atraentes para diferentes públicos. Isso sem falar na possibilidade de criar espaços de arquivamento voltados, especificamente, para arquivos de e sobre mulheres.

Pode sugerir uma ação?

Uma possibilidade seria investir na história arquivística dos arquivos de titulares homens, já que muitos foram reunidos, organizados e preservados por mulheres (esposas, filhas, secretárias). Há muitos casos que documentam esse “cuidado feminino”, responsável, muitas vezes, pela própria existência dos documentos. Jogar luz sobre essa atuação teria como resultado não apenas dar visibilidade a essas “guardiãs da memória”, mas denunciar a própria subalternidade feminina nos âmbitos privado e público.

Outra possibilidade seria desenvolver projetos que prospectassem, nos arquivos existentes, a presença de mulheres. Missivistas mulheres presentes nos arquivos pessoais de homens, mas também personagens femininas cuja atuação esteja documentada em arquivos institucionais.  

Os arquivos da casa Oswaldo Cruz
Alda Lima Falcão (1925-)

Doação feita por Valéria Lima Falcão em 2013.

Nasceu em 27 de março de 1925, em Aracati (CE), filha de João Barbosa Lima e Raimunda Pereira Lima. Sua trajetória profissional, iniciada em 1939, aos 14 anos, esteve ligada a instituições da área da saúde pública. Primeiramente atuou no Serviço de Malária do Nordeste (1939-1942), depois no Serviço Nacional de Malária (1942-1956), e posteriormente no Instituto Nacional de Endemias Rurais (1956-1975), que a partir de 1976 passou a fazer parte da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nessa instituição foi pesquisadora e chefe do Laboratório de Leishmanioses do Centro de Pesquisas René Rachou, como também curadora da Coleção de Flebotomíneos. Em 1958 fez o curso de especialização em entomologia médica da Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Aposentou-se em 1994, mas permaneceu desenvolvendo seus trabalhos sobre sistemática de flebotomíneos. Em 2007 recebeu o título de pesquisadora emérita da Fiocruz.

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/alda-falcao
Dely Noronha de Bragança Magalhães Pinto (1942-)

Nasceu em 24 de novembro de 1942, no Rio de Janeiro, filha de Décio Noronha e Ottilia Noronha. No pré-vestibular para medicina, conheceu o professor Fritz de Lauro, médico aposentado e futuro padrinho de formatura do Curso de História Natural, e que teve grande influência em sua trajetória profissional. Foi nas aulas deste professor que desenvolveu seu interesse pela biologia. Em 1963 ingressou no Curso de História Natural da Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, concluindo-o em 1968. Ainda em 1963, iniciou seu trabalho como estagiária no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), graças à influência de Domingos Arthur Machado Filho, que havia sido seu professor no científico. No IOC trabalhou inicialmente na Seção de Bacteriologia e, depois, na Coleção de Diptera, com Lauro Travassos. A contratação definitiva como pesquisadora do IOC se deu em 1983, quando por um breve período passou a se dedicar ao estudo dos moluscos. À época, foi responsável por amplas modificações nas instalações do Laboratório de Esquistossomose Experimental do Departamento de Helmintologia, como a implantação do sistema de água corrente para os aquários de moluscos. Em 1989 assumiu a curadoria da Coleção Helmintológica, cargo que ocupou até 2007, mesmo após a sua aposentadoria em 1996. 

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/dely-noronha
Dyrce Lacombe de Almeida (1932-)

Doação feita pela própria pesquisadora em 2013.

Nasceu em 16 de março de 1932, no Rio de Janeiro, filha de Luís Lacombe e Maria Franco da Cunha. Em 1955 graduou-se em história natural pela Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) da Universidade do Brasil. Ainda estudante, trabalhou na faculdade como assistente de Olympio da Fonseca Filho e participou do curso de extensão universitária em zoologia ministrado por Newton Dias dos Santos, do Museu Nacional. Em 1952 fez o Curso de Entomologia Geral do IOC com Rudolf Barth. A partir desse momento, como bolsista da instituição, iniciou uma frutífera carreira de pesquisa junto ao pesquisador, trabalhando com anatomia e histologia de insetos, principalmente barbeiros. Aposentou-se em 1991, mas permaneceu no IOC desenvolvendo suas pesquisas sobre cracas, embiópteros e histologia de barbeiros. 

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/dyrce-lacombe
Elizabeth Rachel Leeds (1942-)

Doação feita pela própria Elizabeth Rachel Leeds em 2007. 
Nasceu em 30 de agosto de 1942, em Worcester (Massachusetts, Estados Unidos). Formada em ciência política pela Universidade de Boston, foi voluntária do Peace Corps Volunteers e colaboradora do antropólogo Anthony Leeds, com quem se casou em 1967, em suas pesquisas sobre favelas, iniciadas em 1965. Sua dissertação de mestrado foi defendida na Universidade do Texas e sua tese de doutorado, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Além das favelas, pesquisou a imigração em Portugal, direitos humanos e políticas de segurança pública no Brasil. De 1989 a 1997 foi diretora executiva do Centro de Estudos Internacionais no MIT. É co-fundadora e presidente honorária do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, iniciado em 2005.

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/fundo-elizabeth-leeds
Hortênsia Hurpia de Hollanda  (1917-2011)

Doação feita por Virgínia Torres Schall em 2013.

Nasceu em 26 de maio de 1917, em Corumbá (MS), filha de Horácio Hurpia Filho e Olívia Bacchi Hurpia. Em 1941 formou-se em língua e literatura anglo-germânica pela Faculdade Nacional de Filosofia e, em 1949, concluiu o curso de nutrição pela Universidade do Brasil. Especializou-se em saúde pública e educação em saúde na Universidade do Chile em 1950. Dois anos depois obteve o título de mestre em saúde pública e educação na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Estados Unidos. De 1949 a 1955 foi assistente técnica da Divisão de Educação Sanitária do Serviço Especial de Saúde Pública. A partir de 1954 atuou no Departamento Nacional de Endemias Rurais, onde formulou e coordenou, em caráter pioneiro, programas de educação em saúde, em perspectiva multiprofissional, integrando as áreas de epidemiologia, psicologia, educação, ciências sociais e clínica médica. Morreu em 5 de maio de 2011, em Votuporanga (SP).

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/hortensia-de-hollanda 
Maria Cristina Fernandes de Mello (1950-)  

Os documentos foram doados pela titular à COC /Fiocruz em 2011, por intermédio do arquiteto Renato Gama-Rosa, do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH/COC).

Nasceu em 21 de setembro de 1950, em São Paulo. Graduou-se em 1974 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1976 ingressou, por concurso público, na Universidade Federal Fluminense (UFF), como professora do curso de Teoria e História da Arquitetura. No mesmo ano ingressou na Universidade Gama Filho, onde permaneceu até 1979 como professora de Desenho. Cursou o doutorado em Restauração de Monumentos entre 1982 e 1988 na Scuela de Specializzacione da Universidade de Roma, tendo defendido a tese “Le torri del Padiglione Moresco nella Fondazione Oswaldo Cruz a Rio de Janeiro”. Em 1986 foi contratada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a convite de Sérgio Arouca, para projetar e coordenar a obra de restauração do Pavilhão do Relógio. Posteriormente, também coordenou as obras de restauração dos prédios que constituem o Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos. Em agosto de 1989 foi instituído o Departamento de Patrimônio Histórico da Casa de Oswaldo Cruz, do qual foi a primeira chefe. Em 1990 tornou-se servidora pública nesta instituição.  

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/maria-cristina-de-mello
Sarah Hawker Costa (1949-)

Nasceu em 4 de junho de 1949, em Londres, filha de Albert Arthur Hawker e Rosamund Ann Maurenn Hawker. Sua formação acadêmica foi realizada na Inglaterra, onde obteve os títulos de bacharel em ciências pela Universidade de Surrey (1971), de mestre em demografia médica pela Universidade de Londres (1972) e de doutora em saúde pública pela Universidade de Oxford (1995), com a apresentação da tese “The determinants and consequences of induced abortion in Rio de Janeiro, Brazil”. Foi professora e pesquisadora titular do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz. Atuou também como assessora de programas na Fundação Ford no Brasil, na área de saúde reprodutiva.

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/fundo-sarah-hawker
Virginia Maria de Niemeyer Portocarrero (1927-)

A coleta dos documentos foi realizada entre 2008 e 2010, através de contato da titular com a equipe do DAD/COC e com a intermediação de Margarida Maria Rocha Bernardes. A assinatura do Termo de Doação ocorreu em 2010.

Nasceu em 23 de outubro de 1917, no Rio de Janeiro, filha de Tito Portocarrero e Dinah de Niemeyer Portocarrero. Formou-se bacharel em ciências e letras pelo Colégio Pedro II da avenida Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro, e mais tarde realizou o Curso de Aperfeiçoamento e Arte Decorativa da Escola Politécnica Nacional de Engenharia, adquirindo formação de decoradora, professora de desenho e desenhista. Ao ler uma matéria no jornal “O Globo”, na qual o governo solicitava voluntários para a Segunda Guerra Mundial, inscreveu-se sem o conhecimento da família e foi selecionada. Ficou à disposição do Primeiro Escalão da Força Expedicionária Brasileira, cujo contingente total era de 25.334 cidadãos, sendo 67 enfermeiras. Em 7 de julho de 1944 seguiu para Nápoles, Itália, como integrante do 2º Grupo (General Diretor de Saúde Marques Porto). Após quase um ano de trabalho voluntário na guerra, regressou ao Brasil em 7 de julho de 1945. Em 1957, as enfermeiras “febianas” foram incorporadas ao Exército Brasileiro. Voltou ao serviço ativo do Exército como 2º tenente e passou a atuar como enfermeira na Policlínica Central do Exército. Passou para a reserva em 25 de setembro de 1962 como 1º tenente e foi promovida a capitão em 1963.

Fonte: http://basearch.coc.fiocruz.br/index.php/virginia-portocarrero

Referências bibliográficas

SIMIONI, A. P.; ELEUTÉRIO, M. DE L. Apresentação do Dossiê Mulheres, arquivos e memórias. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 71, p. 19-27, 12 dez. 2018.

VASSALLO, Jaqueline. “Mujeres y patrimônio cultural: el desafio de preservar lo que se invisibiliza”. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 71, p. 80-94, dez. 2018.

Cristiane d’Avila é jornalista, doutora em Letras pela PUC-Rio, Tecnologista em Saúde Pública da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), onde atua no Departamento de Arquivo e Documentação. Mestre em Comunicação Social e Especialista em Comunicação e Imagem pela PUC-Rio. É organizadora do livro “Cartas de João do Rio a João de Barros e Carlos Malheiro Dias”, publicado pela Funarte em 2013, e autora do livro “João do Rio a caminho da Atlântida”, publicado em 2015 com apoio da Faperj. Colabora mensalmente com o Café História com textos sobre História das Ciências e da Saúde.

Como citar este artigo

HEYMANN, Luciana Quillet. A invisibilidade dos arquivos femininos: entrevista com Luciana Quillet Heymann (Entrevista feita por Cristiane d’Avila). In: Café História – história feita com cliques. Publicado em 16 de março de 2020. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/entrevista-com-luciana-heymann/. ISSN: 2674-5917

Cristiane d’Avila

Jornalista, doutora em Letras pela PUC-Rio, Tecnologista em Saúde Pública da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), onde atua no Departamento de Arquivo e Documentação. Mestre em Comunicação Social e Especialista em Comunicação e Imagem pela PUC-Rio. É organizadora do livro “Cartas de João do Rio a João de Barros e Carlos Malheiro Dias”, publicado pela Funarte em 2013, e autora do livro “João do Rio a caminho da Atlântida”, publicado em 2015 com apoio da Faperj. Colabora mensalmente com o Café História com textos sobre História das Ciências e da Saúde.

5 Comments Deixe um comentário

  1. Entrevista interessante, “A invisibilidade dos arquivos femininos”. Todavia, se traçarmos um perfil socia das mulheres dos arquivos citados por Luciana Heymann, veremos que todas pertencem a uma elite da sociedade. Quando, pensamos as mulheres pobres, pretas e pardas, a invisibilidade é ainda maior. Na minha pesquisa de doutorado, analisei as mulheres trabalhadoras de uma fábrica de tecido desativada situada no interior rural de Diamantina – A Fábrica do Biribiri. Os arquivos a que eu tive acesso, estavam situados nos “porões da história”, isto é, amontoados em salas de arquivos da empresa que hoje administra o lugar, sem os devidos tratamentos. Após a tese consegui encaminhar parte desse arquivo para um projeto de extensão de uma universidade digitalizar e publicizar. Lastimável, a invisibilidade das mulheres e o descaso das instituições privadas que não se dispõem a doar seus arquivos mortos.

  2. Conteúdo arretado, atual, corajoso e necessário nos cursos de Arquivologia (Técnicos, Graduação e Pós), nos eventos científicos, nos editais de projetos públicos e, enfim, nas próprias práticas cotidianas dos acervos públicos e privados, em que pesem diversos e distintos desafios de gestão, bem como culturais. O papo, ora publicado, com a Luciana é, de fato, uma prática salutar e urgente de popularização científica. É isso.

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