Drama escolar é forte concorrente de “Ainda estou aqui” no Oscar

Longa premiado em Cannes é o escolhido da Noruega como representante ao Oscar 2025. O diretor do filme é ninguém menos que o neto de Liv Ullmann e Ingmar Bergman.
19 de dezembro de 2024
Drama escolar é forte concorrente de "Ainda estou aqui" no Oscar 1
Elisabeth (Renate Reinsve) está sozinha na defesa de seu filho em “Armand”. Foto: Eye Eye Pictures e Norwegian Filmdistribution.

A corrida pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025 vai tomando forma. Um dos mais cotados para ser indicado ao prêmio é Armand, filme norueguês dirigido por Halfdan Ullmann Tøndel. O longa, que marca a estreia de Tøndel na direção de longas-metragens, explora as complexidades de um incidente escolar envolvendo Armand, um menino de 6 anos acusado de ultrapassar limites com seu melhor amigo. A narrativa intensa e a atuação marcante de Renate Reinsve, no papel de Elizabeth, mãe de Armand, têm sido elogiadas pela crítica internacional.

Armand teve sua estreia mundial na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes em 18 de maio de 2024, onde conquistou a Caméra d’Or, prêmio destinado ao melhor primeiro filme. Desde então, o filme tem acumulado prêmios, incluindo o European Discovery. A seleção do longa como representante norueguês no Oscar 2025 reforça sua força nesta temporada de premiações, embora os indicados finais à categoria de Melhor Filme Internacional só sejam anunciados pela Academia em janeiro.

Halfdan Ullmann Tøndel

O diretor estreante em longas tem 34 anos, e antes de Armand, produziu apenas dois curtas. Bird Hearts e Fanny. Tøndel vem de uma família de artistas e intelectuais. Sua mãe é a jornalista e crítica literária Linn Ullmann, e seus avós são Liv Ullmann, considerada uma das maiores atrizes europeias de todos os tempos, e Ingmar Bergman, famoso diretor e roteirista de cinema e teatro, reconhecido como um dos mestres do cinema, tendo dirigidos clássicos como “Morangos Silvestres” (1959), “Gritos e Sussuros”(1973) e “O sétimo selo” (1957)

Em reportagem sobre o filme, a revista americana Indie Wire explica:

“O enredo específico de ‘Armand’ foi inspirado por uma história que um amigo contou a Tøndel sobre um incidente entre duas crianças em um acampamento na juventude. ‘Fiquei super intrigado com o quanto eu era capaz de imaginar sobre essa criança, mesmo sem conhecê-la e… mesmo sem conhecer os pais’, disse ele. Mas Tøndel tinha a personagem Elisabeth no bolso de trás há anos, uma mulher que é alternadamente forte em um momento e indefesa no outro. E, trabalhando com o diretor de elenco de “Worst Person”, Jannicke Stendal Hansen, ele sabia que queria que Reinsve a interpretasse.”

Forte concorrente de “Ainda estou aqui”

A produção norueguesa é forte concorrente de Ainda Estou Aqui (leia a nossa crítica aqui), dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres, cotada para concorrer ao Oscar de melhor atriz. O filme escolhido como representante do Brasil é ambientado no início da década de 1970, durante a ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva – Rubens, Eunice e seus cinco filhos – vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece.

Drama escolar é forte concorrente de "Ainda estou aqui" no Oscar 2

Filme de Walter Salles é baseado no livro de mesmo nome do escritor Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado pela ditadura militar. O livro está há várias semanas na lista dos mais vendidos da Amazon.

Confira aqui.

No dia 17 de janeiro, todas as categorias indicadas ao Oscar serão publicamente anunciáveis. A cerimônia do Oscar 2025 ocorrerá em Los Angeles, no dia 2 de março, um domingo de Carnaval no Brasil, e está prevista para começar às 21h. O apresentador deste ano será Conan O’Brien, comediante e apresentador de televisão americano.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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