A Imperatriz de Ferro Jung Chang | Cia das Letras | 2014 | 516 pp.
A Companhia das Letras lançou recentemente o livro “A Imperatriz de Ferro – a concubina que criou a China moderna”, da pesquisadora chinesa Jung Chang, cujos livros já venderam mais de 15 milhões de cópias fora da China (onde são proibidos), e foram traduzidos para mais de quarenta idiomas. O livro conta a história da Imperatriz viúva Cixi (1835-1908), uma das mulheres mais importantes da recente história chinesa. Aos dezesseis anos, Cixi foi escolhida para ser uma das várias concubinas do imperador. Depois de sua morte, em 1861, seu filho de apenas cinco anos assumiu o trono, mas sua mãe organizou um golpe e se tornou a verdadeira líder da China, superando os regentes indicados por seu falecido marido. Cixi governou o país por mais de quarenta anos e durante este tempo encarou grandes desafios. Nesta biografia, Jung Chang tenta desconstruir uma visão tradicional que vê Cixi apenas como uma déspota. Chang enfatiza em sue livro como Cixi foi responsável por transformar a China em uma potência moderna, com indústrias, ferrovias, eletricidade e novos armamentos, até mesmo o reconhecimento de determinados direi-tos das mulheres. Ricamente ilustrado, o livro foi considerado pela revista The Economist como uma “história extraordinária” contendo “todos os elementos de um bom conto de fadas: o bizarro, o sinistro, o triunfante e o terrível.” Para conhecer mais sobre o livro, clique aqui.
Luís Carlos Prestes | Daniel Aarão Reis | Cia das Letras | 2014 | 536 pp.
Outro interessante livro recém-lançado pela Companhia das Letras é “Luís Carlos Prestes – Um revolucionário entre dois mundos”, do historiador Daniel Aarão Reis, professor do departamento de história da Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro (UFF). O livro é uma biografia de uma das maiores figuras políticas do Brasil do século XX, Luís Carlos Prestes, ícone do oficialato do exército nos anos 1920 e personagem central do comunismo no Brasil, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas e pela ditadura militar. A biografia foi resultado de mais de cinco anos de pesquisa e, segundo o autor, busca rever alguns lugares comuns sobre Prestes, que ora o enxergam como demônio, ora como santo. Em entre-vista recente, Reis declarou: “Penso que a biografia procurou alcançar um certo equilíbrio, desfazendo mitos e restituindo o ser humano, dilacerado por contribuições, as suas e as de seu tempo”. Dentre o material utilizado pelo historiador encontram-se documentos inéditos, dos arquivos da Internacional Comunista em Moscou, de 1935, e fitas com gravações de reuniões que foram importantes para a reconstrução do PCB, realizadas em Moscou e Praga, entre 1976 e 1979. O resultado foi um livro de mais de 500 páginas, bastante ilustrado e que, tal como o biografado, também provoca polêmicas. Pouco depois de seu lançamento, a filha que Prestes teve com Olga Benário, a historiadora Anita Leocádia Prestes, fez duras críticas ao livro, chegando a dizer que a “metodologia adotada por D. A. Reis, marcada pela incompetência e a irresponsabilidade do pesquisador, contribui para que nos encontremos diante de um texto repleto de erros factuais e de informações falsas, assim como de análises supostamente psicológicas de Prestes e dos demais personagens retratados no livro, embora não conste que o autor possua formação de psicólogo.” Para conferir o livro e fazer a sua própria análise, clique aqui.
História da Beleza no Brasil | Denise Bernuzzi de Sant’Anna | Contexto | 2014 | 205 pp.
Das últimas duas décadas do século XIX as primeiras do século XX era praticamente impossível abrir um jornal do Rio de Janeiro e não encontrar o anúncio da renomada Madame Escoffon. A receita para o sucesso era tão simples na época quanto para nós parece é curiosa: cintas e coletes hipogástricos que “reconhecidas pela academia de Paris e pelos facultativos e parteiras do Rio de Janeiro” prometiam resolver qualquer problemas relativos à gravidez, saída de parte e doenças do abdômen. E o negócio não poderia ter um endereço mais apropriado: Rua da Ajuda, número 7. A busca incessante pela beleza, pelo corpo de medidas perfeitas, pode parecer algo recente, mas, na verdade, trata-se de algo bem mais antigo. Para quem se interessa por este tema, não pode deixar de conferir “História da Beleza no Brasil”, da historiadora Denise Bernuzzi de Sant’Anna, atual professora da PUC-SP. O livro, lançado recentemente pela Editora Contexto, é baseado no doutorado que Sant’Anna defendeu em julho de 1994, na Universidade de Paris VII. “História da Beleza”, nas palavras da própria autora, “narra os esforços masculinos e femininos para se tornar belo. Desde o garbo e a elegância nos primeiros anos da República até a atual banalização das cirurgias plásticas, o livro trata das transformações ligadas aos padrões estéticos e aos cuidados com o corpo, mas também do martírio causado pela feiura e da tumultuada luta para driblar o envelhecimento, a solidão e o fracasso”. Para ler mais sobre o livro, inclusive sua introdução e apresentação, clique aqui.
Mundos em Mediação| Celso Castro e Graça Índias Cordeiro (Org,) | FGV Editora | 2014 | 132 pp.
Em 2015, o antropólogo brasileiro Gilberto Velho completaria 70 anos e, para marcar as celebrações do seu aniversário, a Editora FGV acaba de lançar o livro “Mundos em mediação: ensaios ao encontro de Gilberto Velho”. Organizado pelos professores Celso Castro e Graça Índias Cordeiro, a obra reúne textos de pesquisadores portugueses e brasileiros de variadas gerações e de diferentes instituições que apresentam não apenas uma visão abrangente da obra do antropólogo, mas também focam em aspectos centrais de sua influência sobre a formação e os trabalhos de cada autor, mantendo a ligação entre relacionamento pessoal e reflexão intelectual. São 11 textos no total, que debatem sobre a visão do antropólogo a respeito das cidades, da história, do mundo militar, entre outros. Gilberto Velho contribuiu para o desenvolvimento da sociologia e foi um dos pioneiros no estudo da antropologia urbana em língua portuguesa, incentivando formas abertas de diálogo interdisciplinar, literário e artístico. Os textos reunidos no livro “Mundos em mediação: ensaios ao encontro de Gilberto Velho” possuem em comum, embora por diferentes caminhos, o nexo entre reflexão intelectual e relacionamento pessoal. Em seu conjunto, permitem uma visão holística, embora necessariamente parcial, da importância que Gilberto teve sobre os autores reunidos nesse livro. É possível adquiri-lo na versão impressa e em e-book. Clique aqui para conferir. E mais. Gosta mesmo de Gilberto Velho? Então, clique aqui e conheça a página em homenagem ao antropólogo no site do CPDOC.
Cortés e seu duplo | Christian Duverger | 2014 | 379 pp.
Há um conjunto de narrativas socialmente difundidas sobre o explorador e cronista espanhol Bernal Diaz del Castillo, liderado por Hernán Cortés, que certamente atiçaria as mentes mais engenhosas em busca de boas histórias. Essas narrativas dão conta de um insaciável aventureiro do século XV e XVI que esteve presente nas viagens exploratórias daquilo que mais tarde conheceríamos como Panamá, Cuba, Guatemala, entre outros lugares que estiveram no centro da expressão ultramarina espanhola. O livro “Cortés e seu duplo – Pesquisa sobre uma mistificação”, recém-lançado pela Editora Unesp, porém, veio desmontar essas narrativas. Quem propõe essa desmistificação, como o subtítulo sugere, é Christian Duverger, historiador e arqueólogo especialista em Mesoamérica, professor na École des Hautes Etudes en Sicences. No livro, Duverger tenta demonstrar, por meio da análise de farta documentação historiográfica, que Diaz del Castillo foi na verdade uma criação do conquistador espanhol Hernán Cortés, protagonista e verdadeiro autor do épico. O autor coloca em dúvida até mesmo a autoria de certas obras que Castilho teria deixado, haja vista que “ele era provavelmente iletrado”. Díaz del Castillo, sugere Duverger, não passa de uma criação do conquistador Cortés, que produzira obras anteriores e, à época, proibido de escrever pelo Rei Carlos V, poderia ter concebido um duplo. Com tradução de Ana de Alencar, o livro é organizado em seis capítulos, além de uma introdução e um “epílogo imaginário”. Confira mais sobre esse lançamento clicando aqui.
Cultura Ilegal | Arthur Coelho Bezerra | Mauad X | 240 pp.
Você já fez o download de um livro através de algum programa de torrent? Já compartilhou com seus amigos músicas retiradas de algum blog obscuro da internet? Mesmo que num passado longínquo ou somente bem recentemente você já comprou a cópia de um filme que ainda nem entrou no circuito de cinemas da sua cidade? Você pode nunca ter feito nada disso, mas certamente conhece que alguém que já tenha feito. Isso demonstra o quanto o debate da reprodução ilegal de bens culturais – a mais conhecida “pirataria” – está na ordem do dia em nossas sociedades. Tais questão são bem complexas. Envolvem problemas morais, éticos e sociais, para além da discussão jurídica. Se você se interessa pelo tema, fique atento(a) ao lançamento da Editora Mauad X em parceria com a FAPERJ, “Cultura Ilegal – as fronteiras morais da pirataria”, de Arthur Coelho Bezerra, doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador adjunto do Instituto Brasileiro de Informação em Ciências e Tecnologia (IBICT/MCTI). A partir de um trabalho de pesquisa junto a jovens consumidores, comerciantes de mídias piratas e associações defensoras das leis de direitos autorais, Bezerra discute a circulação de bens culturais nas redes digitais e nos mercados clandestinos de rua, tendo em vista a condição de ilegalidade dos atos de compartilhamento, compra e venda de cópias não autorizadas. O livro é dividido em duas partes: cultura e ilegal, por sua vez, divididas em subcapítulos, que exploram temas que vão desde o consumo cultural na era digital pela juventude até as representações dos jovens sobre a pirataria. Confira mais sobre o livro aqui.