Nas memórias de Aurélia | Samuel Albuquerque| Editora UFS | 2015 | 150 pp.
Acaba de ser lançado pela Editora UFS o livro “Nas memórias de Aurélia – Cotidiano feminino no Rio de Janeiro do século XIX”, do historiador e professor da Universidade Federal de Sergipe, Samuel Albuquerque. A obra – derivada da tese de doutorado de Albuquerque – esmiúça de forma envolvente e historicamente contextualizada a relação entre duas mulheres que ilustram bem o mundo da virada do século XIX para o XX: Aurélia Dias Mello, mais tar-de, Aurélia Dias Rollemberg, ou ainda “Dona Sinha”, e a sua preceptora germânica, Madame M. R. Lassius. O ofício de preceptora surge no final da segunda metade do século XVIII e se refere a uma espécie de educadora. Como explica o autor, “Distantes dos modelos tradicionais de escola, muitos jovens eram instruídos em seus próprios lares, onde passavam a conviver com essas educadoras. No Brasil, a referida prática tornou-se comum entre as famílias abasta-das do século XUX, sobretudo durante o Segundo Império”. Aurélia, por sua vez, nascida na Província do Sergipe, vinha de uma família abastada da região. Seu pai era Antonio Dias Coe-lho e Mello (182-01904), o “Barão da Estância”, vice-presidente daquela província nordestina e líder do Partido Liberal. Ao analisar essa relação, que começa em Sergipe e transborda para o Rio de Janeiro, então capital do Império, Albuquerque consegue traçar um mapa rico em cores do cotidiano feminino da elite no século XIX, além de mostrar com bastante propriedade o mundo da cultura e das ideias que reinavam não só no plano social, em uma sociedade já abertamente desigual, mas da educação dos mais abastados, um mundo marcado pela presença das preceptoras. Para saber mais sobre o livro, clique aqui.
O ensino de história em questão | Helenice Rocha, Marcelo Magalhães e Rebeca Gontijo (Org.)| FGV Editora | 2015 | 325 pp.
Em novembro de 2015, o ensino de história ocupou como nunca a esfera pública brasileira. O motivo? A polêmica envolvendo a proposta da Base Nacional Comum Curricular de História, disponibilizada publicamente pela primeira vez pelo Ministério da Educação. O documento, que pressupõe a supressão de áreas como história antiga e medieval em detrimento da história nacional brasileira, causou calorosos debates em torno daquilo que os professores devem ensinar, de que forma e porque. Por isso, chega mais do que em boa hora o livro “O ensino da história em questão – Cultura histórica, usos do passado”, publicado pela FGV Editora. O livro é organizado por Helenice Rocha, Marcelo Magalhães e Rebeca Gontijo. De acordo com Luiz Resnik, professor associado do departamento de história da UERJ, “os autores deste livro estão preocupados em como essas históricas são ensinadas às novas gerações. Mas não apenas isso. Investigam também como a sociedade e, em particular, os estudantes apreendem essas narrativas, como se apropriam daquilo que lhes é ensinado”. “O Ensino de história em questão” é dividido em três partes: “Vertentes de estudos sobre o ensino da história”, “história: como se ensina e como se aprende?” e “histórias presentes no rádio, nas bancas de jornal e nas escolas”. No total, essas três partes reúnem 15 artigos que abordam os mais diversos temas e questões relativas ao assunto. Todo o material é fruto do Grupo de Pesquisas Oficinas da História, surgido em 2004. Para saber mais sobre o livro, clique aqui.
Amazônia Indígena | Márcio Souza | Editora Record | 2015 | 255 pp.
“O que podemos dizer de realmente novo a respeito dos índios?” É com esta instigante pergunta que o cientista social Márcio Souza começa o seu livro “Amazônia Indígena”, que acaba de ser lançado pela Editora Record. Com uma bagagem de mais de quatro décadas de dedicação à cultura amazonense, Souza procura ampliar o debate sobre a região para além da questão florestal, sua hidrografia e dos conceitos simplificados de “povos amazônicos”, isolados em áreas densas de fauna e flora. Sua chave de pensamento é engenhosa: “talvez seja interessante tentar compreender os povos indígenas no contexto das mudanças pelas quais a civilização ocidental passou no que diz respeito à diversidade cultural. Especialmente porque estas mudanças foram provocadas pela revelação da existência dos povos indígenas sob o impacto do processo colonial, transformando o pensamento europeu etnocentrista”. Com isso, o autor analisa a cultura indígena amazônica a partir de sua inserção em um contexto mais amplo, desmontando uma esquema muito difundido de que tal cultura manteve-se distanciada de outros atores históricos durante todo o tempo. O livro é dividido em quatro partes: “A Amazônia antes dos Europeus”, “O processo colonial”, “As iluminações lendárias” e “A modernização autoritária”. Márcio Souza nasceu em Manaus, em 1946, e formado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP). É escritor de obras famosas, como “Mad Maria”, adaptada para a televisão. Para ler mais sobre esse lançamento, disponível em e-book, clique aqui.