Dispositivos Urbanos e Trama dos Viventes | Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado e Sandra de Sá Carneiro | FGV Editora | 2015 | 501 pp.
Na virada do século XIX para o XX, o mundo observou um processo acelerado de urbanização. De Nova York a Tóquio, de Londres ao Rio de Janeiro, nascia um tecido urbano singular, vivo, contraditório e repleto de indivíduos que isoladamente ou em comunidade transformaram a superfície do planeta e acumularam experiências igualmente singulares, modelos de interpretação de uma nova sociabilidade. Os sociólogos da chamada “Escola de Chicago” foram um dos primeiros a investigar cientificamente esse ambiente de “encontros”. A partir daí, abriu-se uma porta que nunca mais se fechou. “Dispositivos Urbanos e a Trama dos Viventes – Ordens e Resistências” é tributário desta forma de olhar as cidades, seus vícios, defeitos, virtudes e sujeitos. O livro, lançado pela FGV Editora, em parceria com o FAPERJ, é o resultado de um colóquio que apresentava o mesmo título foucaltiano. Ele reúne vinte textos de diversos autores. Esses textos dão conta dos mais diferentes aspectos da etnografia urbana, dos crimes às igrejas, das favelas aos refugiados, da questão da moradia a questão da herança escravista. Esse trabalho de síntese se deve ao trabalho de quatro organizadoras: Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado e Sandra de Sá Carneiro. Aliás, são essas quatro pesquisadoras que definem logo de cara o objetivo da obra, “que não é oferecer soluções para os problemas supostamente ainda mal resolvido nas cidades, as sim problematizar a produção deles como questões sociais que mobilizam o medo, o racismo e favorecem as políticas de exclusão e segregação de grande parte de seus habitantes”. Clique aqui e sabia mais sobre o livro.
História, Ciências e Linguagem | Carla Alvarez Maia | Mauad X | 2015 | 181 pp.
Aqui no Café História nós adoramos recomendar livros sobre Teoria da História. Por isso, não poderíamos deixar de anunciar mais um lançamento da editora Mauad X nesta área tão importante para a nossa disciplina: “História, Ciência e Linguagem – o dilema relativismo-realismo”, do historiador Carlos Alvarez Maia, professor de Teoria da História e História da Ciência no Departamento de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O livro, editado pela primeira vez na Espanha, em 2011, é uma reflexão sobre o complexo papel das interações entre história, linguagem e produção do conhecimento científico. Ou, nas palavras do próprio autor, “é uma análise historiográfica dos saberes. Ele investiga textos já estabelecidos na história e na história das ciências e revela suas inconsistências. Os alvos de sua crítica são as formas idealistas que alimentam e garantem a sobrevivência de diversos mitos que ainda ofuscam o entendimento humano da acadêmica.” “História, Ciência e Linguagem” se inscreve assim dentro de um debate que envolve autores como Hayden White, Ludwik Fleck, Jacques Derrida, Vilem Flusser, Bruno Latour e Roger Chartier, entre outros, e divide-se em cinco capítulos: “Crise da História ou Crise dos historiadores?”; “O relativismo pós-social e o agenciamento recíproco”; “Saber ou fazer? Representação ou prática simbólica”; “Uma leitura realista e pragmática do saber científico” e “A teoria da dinâmica histórica do ativo-passivo em Fleck”. Para saber mais sobre a obra, clique aqui.
Linchamentos | José de Souza Martins | Editora Contexto | 2015 | 207 pp.
Talvez você não saiba, mas o Brasil está entre os países que mais lincham no mundo. São nada menos de quatro linchamentos e tentativas de linchamentos por dia. Nos últimos 60 anos, mais de um milhão de brasileiros participou de ações de justiçamento de rua. Mas o que estaria por trás deste tipo de violência? Quais são as raízes desse fenômeno? Em que medida os linchamentos atuais se aproximam ou se distanciam dos linchamentos praticados no passado? “Linchamentos – A justiça popular no Brasil”, do cientista social e professor titular aposentado de sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, José de Souza Martins, é uma tentativa de responder todas essas questões. O livro, recém-lançado pela Editora Contexto, estabelece uma ligação entre os linchamentos (ou a justiça popular) e uma crise da ordem social, o que envolve instituições, imaginários e a própria justiça formal. Neste sentido, para o autor, os linchamentos que aconteciam no século XVI, ainda nos tempos de colônia, não diferem tanto nos “justiçamentos” que com enorme frequência vemos no noticiário televisivo. Dividido em três partes (“A Justiça do Povo”, “Revelações sociológicas da morte” e “Questão de método”), “Linchamentos” é um livro de capítulos curtos e fácil de ler. Para saber mais a respeito – inclusive ler a introdução e o sumário do livro, na íntegra – clique aqui.
A ditadura em tempos de milagre | Janaina Martins Cordeiro | FGV Editora | 2015 | 360 pp.
A historiografia já discutiu bastante sobre a busca contínua da ditadura militar brasileira em busca de legitimidade política. Esse debate, via de regra, privilegiou antes de tudo a constituição de um universo jurídico próprio, indo desde atos complementares e institucionais até a elaboração de uma nova carta constitucional. Tal fenômeno, contudo, também tem um lado simbólico: as comemorações. O tema está no cerne de “A ditadura em tempos de milagre – Comemorações, orgulho e consentimento”, de Janaína Martins Cordeiro, publicado pela FGV Editora, em parceria com a FAPERJ. No livro, Cordeiro, que é professora adjunta de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), se debruça especificamente na análise original das festividades dos 150 anos da Independência do Brasil, em 1972, que foi entusiasticamente comemorada pela ditadura militar brasileira, tendo servido para recuperar, inclusive, a imagem positiva de D. Pedro I. Segundo a historiadora, a proposta do livro “é compreender esse evento como um momento privilegiado para observar as relações entre sociedade e regime em sua complexidade, buscando ultrapassar a lógica, por vezes simplificadora – dominante, sobretudo nos discursos de determinada memória – e que coloca de um lado um Estado opressor e de outro ima sociedade vitimizada.” Para saber mais sobre esse interessante e importante lançamento em História do Brasil, clique aqui.
Prostituição à brasileira |José Carlos Sebe B. Meihy | Editora Contexto | 2015 | 235 pp.
A Editora Contexto acaba de lançar “Prostituição à brasileira”, de José Carlos Sebe B. Meihy, professor titular aposentado do Departamento de História da USP e coordenador do Núcleo de Estudos em História Oral (NEHO-USP). Neste livro, Meihy, um dos introdutores da moderna História Oral no Brasil, trata de cinco casos, cinco relatos de vida, de brasileiros e brasileiras que entraram no universo da prostituição internacional. A diferença do trabalho de Meihy para muitos outros dos gênero é que seu livro dá ampla voz aos seus personagens, ao invés de ater-se somente à estatísticas ou à grandes chaves explicativas. Estima-se que já aproximadamente 40 milhões de pessoas no mundo se prostituindo. São histórias atravessadas pelas mais diversas forças, questões e complexidades. Meihy não busca explicar esse vasto e intricado universo a partir dessas cinco histórias. Mas é através delas que ele procura problematizar a questão, seu estatuto, suas imagens e estereótipos. Como o próprio autor diz, em tom de conclusão, “a leitura dessas cinco histórias me permitiu apreender como o viver pode ser grandioso se o ser humano puder compreender e ordenar seu vivido por valores éticos em confronto com a moral vigente. Vidas que brotaram belas em meio a tantas violações sem sentido”. Para saber mais sobre o livro e ler clique aqui. No link, você poderá ver o sumário e baixar, gratuitamente, a apresentação do livro.
Sentidos da Morte e do Morrer na Ibero-America | Claudia Rodrigues e Fábio Henrique Lopes | EdUERJ | 2015 | 512 pp.
Poucos fenômenos preocuparam tanto a sociedade humano ao longo do tempo quanto a morte. Objeto de reflexão desde tempos imemoriais, o fim da vida está relacionado com o temporário, com o cíclico, com a memória, com a religiosidade e, claro, com a maneira como se estrutura a vida. O homem, único animal a ter consciência da própria finitude, sempre colocou o morrer entre as principais questões filosóficas e existenciais. Um tema assim não poderia escapar, naturalmente, do olhar de historiadores e sociólogos. É o que demonstra o livro “Sentidos da Morte e do Morrer na Ibero-America”, dos pesquisadores Claudia Rodrigues e Fábio Henrique Lopes, que acaba de ser publicado pela Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a EdUERJ. O livro cumpre seu papel de observar as representações desse rito final (ou de passagem), dividindo-se em quatro partes: Morte, cultura e alteridades; A morte em imagens e memórias; A morte e os processos históricos de secularização, e Morte e o tempo presente. A obra tem uma abordagem multidisciplinar, com diversos recortes temporais, constituindo uma leitura ampla e que buscam entrelaçar o social, o político, o cultural e o sagrado em torno de um tema bastante instigante. Os dois autores lideram o grupo de pesquisa do CNPq “Imagens da Morte: a Morte e o Morrer no Mundo Ibero-Americano, sediado na Universidade Federa; do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Clique aqui para saber mais sobre o livro.