“Detroit”: filme explora histórica revolta contra racismo e abuso de poder policial nos EUA

13 de abril de 2017
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Baseado em fatos reais, filme vai trazer à tona o tumulto que se formou nas ruas da cidade por 5 dias, num já fervilhante contexto de luta pelos direitos civis do final dos anos 1960.

Agência Café História

Na madrugada do dia 23 de julho de 1967, uma ação policial em um bar e casa de apostas de Detroit deu início a um dos maiores e mais dramáticos tumultos sociais da história dos Estados Unidos, conhecido como “12th street riots“.  Em uma cidade e um país já saturados por atos de discriminação racial e abuso de força policial, o evento de Detroit acabou se tornando um estopim para uma longa e intensa onda de violência.

A revolta durou 5 dias, resultou em 43 mortes, aproximadamente 700 feridos e mais de 7 mil presos. Cerca de 683 prédios foram depredados ou incendiados, sendo os danos a patrimônios estimados em 75 milhões de dólares. Para controlar a situação, a polícia local ganhou reforço da guarda nacional, da polícia estatal e do próprio exército [1].

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Legenda: O ator Anthony Mackie em cena o episódio do Algiers Motel em “Detroit”. Crédito: François Duhamel/ Divulgação.

Todos esses eventos fazem parte do pano de fundo do filme “Detroit”, dirigido por Kathryn Bigelow, ganhadora do Oscar por “Guerra ao terror” (2008) e indicada ao prêmio por “A hora mais escura” (2012). A previsão é de que o filme entre em cartaz em agosto nos EUA. No Brasil, ainda não há data de estréia.

O incidente no Motel Algiers: o recorte do filme

A narrativa principal de “Detroit” (que acaba de ganhar seu primeiro trailer, ver abaixo) será inspirada no incidente do motel Algiers, no qual 3 policiais brancos e um segurança negro teriam seguido ao local após denúncias de que tiros foram disparados de um dos quartos do hotel para as ruas. Na ação, os policiais espancaram 8 jovens negros e duas jovens brancas a fim de localizar armas, sendo que 3 dos rapazes foram assassinados a tiros. Nenhum dos jovens foi preso ou indiciado e nenhuma arma foi encontrada.

Mais tarde, tanto os policiais como o segurança foram julgados pelos assassinatos e espancamentos. Todos foram absolvidos, embora os relatos dos réus tenham confirmado as agressões e um dos policiais tenha confessado o crime, alegando que agiu em sua defesa. (Leia a transcrição de matéria do New York Times de 1970 sobre os julgamentos aqui).

A questão racial e a memória de Detroit

É provável que o crescimento da população afrodescendente na cidade tenha intensificado os conflitos raciais naquele período. Nas décadas de 1960, cerca de 30% da população de Detroit, cidade do estado de Michigan, era negra. Atualmente, este é um dos locais de maioria negra: cerca de 80% dos residentes são afrodescendentes. [2]

Quer saber mais sobre o episódio? A Sociedade Histórica de Detroit tem um projeto de coleta de depoimentos e relatos sobre as revoltas, mas também sobre a cidade. Confira aqui.


Notas

[1] FINE, S. Violence in the Model City: The Cavanagh Administration, Race Relations, and the Detroit Riot of 1967. East Lansing: Michigan State University Press, 2007.

[2] MIREL, Jeffrey. The Rise and Fall of an Urban School System: Detroit, 1907-81. 2ª end. Ann Arbor: University of Michigan, 1999, p. 259.


Bibliografia sugerida:

LOCKE, Hubert G. The Detroit riot of 1967. Wayne State University Press, 2017.

STONE, Joel. Detroit 1967: Origins, Impacts, Legacies. Wayne State University Press, 2017.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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  1. Eu sou branco e europeu,mas tambem sou vìtima de xenofobia aqui onde vivo na Alemanha,aguentei tudo o que se pode dizer de mal,nunca desisti,atè os ter conseguido vencer.
    Tambem podia ter desistido e comecar a fazer mal aos meus tiranos,perseverei,hoje tenho muitos amigos por aqui.
    Lembro ao Bruno Leal de que atravès do CH consegui escrever um livro que vai ser hoje ou na sexta feira imprimido.
    Foi trabalho gigantesco,foi escrito em alemao,tive de contar com a ajuda de alemaes,porque nao tenho condicoes de escrever em alemao de forma correta para um livro.
    Sao lutas que lembro a cada um que se devem de aproveitar todas as oportunidades da vida para lutar,e nao lamentar.
    Quem assim fizer serä recompensado.
    Sei que o artigo è polèmico,mas è mesmo assim ,sao as polèmicas que alimentam as discusoes.

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