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Caça-palavras são divertidos e podem ajudar a aprender história

Caça-palavras são divertidos e podem ajudar a aprender história 1

Caça-palavras pode ajudar qualquer pessoa na aprendizagem da história. Foto: Erika Fletcher

No site da Amazon, um livro “Caça Palavras” da editora Ativa Mente entrega ao leitor, em 288 páginas, 365 atividades, todas de História. Uma para cada dia do ano. O livro está entre os mais vendidos da categoria. Por que ele vende tanto? O preço promocional de R$ 11,90 certamente ajuda, mas a verdade é que se trata de uma combinação infalível: caça-palavras + história. Pode haver diversão de baixo custo melhor do que procurar o nome das “Colônias alemãs no Brasil” ou dos “Castelos da Escócia”?

365 caça-palavras de história – um para cada dia do ano. Livro é um dos mais vendidos no segmento na Amazon Brasil.

Mas, além da diversão, um Caça-Palavras de História pode ajudar estudantes, principalmente do Ensino Médio e dos últimos anos do Ensino Fundamental, a se interessarem mais pela disciplina. Não há tanta problematização na atividade, pois são atividades de memorização. Porém, o material pode cumprir uma função muito importante: tornar a história mais atrativa e lúdica. Para muitos alunos que não gostam tanto da disciplina, pode ser um “começo”, e até mostrar que os tradicionais jogos de papel podem ser tão legais quanto os jogos eletrônicos. E considerando-se a criatividade do professor, há muito mais o que pode ser feito.

O que dizem as pesquisas?

Um estudo em inglês publicado em 2017 no periódico científico Journal of Educational and Practice examinou a implementação e o uso de aplicativos de jogos no ensino de História. O artigo, de autoria do pesquisador Victor Samuel Zirawaga e outros, destaca que os jogos possuem um papel importante na educação, aumentando a motivação e o engajamento dos alunos, além de melhorar habilidades visuais, promover a interação e colaboração entre os estudantes. Segundo o estudo, não só os jogos eletrônicos comerciais têm esse potencial, mas jogos tradicionais também, como caça-palavras, palavras-cruzadas, quebra-cabeças e enigmas.

“Usar caça-palavras para ensinar História envolve o uso de termos-chave que os alunos precisam conhecer e lembrar. (…) Enquanto aprendem História, outras habilidades, como seguir regras, podem ser aprendidas, pois os alunos precisam seguir as regras e encontrar todas as palavras no tempo determinado para obter uma boa pontuação.”

Na pesquisa, os pesquisadores desenvolveram e disponibilizaram cinco jogos em uma plataforma educacional de código aberto chamada ProProfs. O caça-palavras era um deles. “Várias teorias de aprendizagem, como a teoria do ativismo social e a teoria do processamento cognitivo da informação, foram aplicadas para entender o que a literatura diz sobre o impacto dos jogos na educação, de modo que o jogo possa ser integrado com sucesso ao currículo”, informa o estudo.

Trecho do artigo Gaming in Education: Using Games as a Support Tool to Teach
History
, de Victor Samuel Zirawaga, Adeleye Idowu Olusanya e Tinovimbanashe Maduku da
Faculty of Applied Science, Cyprus International University, Nicosia, Turkey.

Há evidências de que jogos como o caça-palavras também sejam benéficos em outras áreas das humanidades. O estudo Gamifying Teaching Elementary English:Word Search Game to Reach Vocabulary Mastery (em português, “Gamificando o ensino do inglês elementar: jogo de caça-palavras para alcançar o domínio do vocabulário”) mostra isso.

Nele, as pesquisadoras Tatum Derin e Devi Novita Sari Simatupang investigam o impacto do jogo de caça-palavras na proficiência de vocabulário de inglês dos alunos do quarto ano de uma escola da Indonésia. O estudo apresentou resultados que indicam que o uso do jogo tem um efeito significativo na melhoria do domínio do vocabulário dos alunos.

“Ensinar vocabulário usando jogos de caça-palavras torna os alunos mais relaxados, divertidos e felizes. Também ajuda os alunos a entender o material e melhora seu desempenho. Enquanto jogam jogos de tabuleiro, os alunos podem aprender inglês da mesma forma que as crianças aprendem sua língua materna, sem perceber que estão estudando; assim, sem estresse, eles podem aprender muito vocabulário respondendo às perguntas no jogo de tabuleiro”, dizem as duas no estudo.

Para professores de história

Os professores e professoras de história podem trabalhar de várias formas com os caça-palavras. Além de a elaboração desses jogos ser fácil e praticamente sem custos, os próprios alunos podem participar ativamente dessa construção. Isso pode ser uma atividade em grupo, um exercício a ser desenvolvido em sala de aula ou até mesmo constar em avaliações.

Um caça-palavras, ou uma palavra-cruzada, outro tipo de jogo que também pode ter os mesmos efeitos positivos, pode incluir nomes de cientistas e historiadoras brasileiras, como Elisa Frota Pessoa, Elza Furtado Gomide, Angela de Castro Gomes, Maria Beatriz Nascimento, dentre outras.

O jogo tem um potencial incrível de não só ajudar os alunos a se familiarizarem com os nomes dessas pesquisadoras, mas também os incentivam a pesquisar o contexto e as histórias por trás das palavras.

Sugestão de atividade

Aqui vai uma sugestão de atividade, que pode ser feita em diversos anos:

Seleção do Tema: O professor escolhe um dos temas abordados: História Indígena, História dos Quilombos ou História das Mulheres no Brasil. O tema pode ser escolhido segundo o conteúdo que está sendo estudado, como as lutas indígenas, história das mulheres ou a resistência quilombola.

Escolha das Palavras: O professor seleciona de 10 a 15 palavras-chave relacionadas ao tema escolhido. Exemplos para os três temas:

Criação do Caça-Palavras: O professor cria uma grade de palavras-cruzadas ou uma nuvem de caça-palavras.

Distribuição e Instrução: O professor distribui a folha do caça-palavras ou do caça-palavras para os alunos e explica o objetivo da atividade: encontrar todas as palavras-chave relacionadas ao tema, marcando-as na grade. Após encontrarem as palavras, os alunos devem relacioná-las aos eventos ou personagens históricos que representam.

Discussão Pós-Atividade: Após a conclusão da atividade, o professor inicia uma discussão sobre as palavras encontradas. Por exemplo, se a palavra “Zumbi” foi identificada, o professor pode perguntar sobre a importância de Zumbi dos Palmares na resistência quilombola. Se a palavra “Sufrágio” foi encontrada, pode-se debater a luta pelo direito ao voto das mulheres no Brasil.

Reforço Pedagógico: O professor pode solicitar que os alunos escrevam um pequeno texto sobre uma das palavras-chave que encontraram, explicando seu significado e sua relevância histórica. Isso estimula a reflexão e ajuda os alunos a consolidarem o conhecimento de forma mais profunda.

Como surgiram as palavras-cruzadas

Uma história pouco conhecida, mas muito interessante, é a do surgimento das palavras-cruzadas. Esse tipo de quebra-cabeça foi inventado praticamente de forma acidental em 1913, quando um editor do jornal New York World procurava algo para preencher o espaço vazio da coluna. Ele colocou o jogo e ele logo se tornou um sucesso comercial estrondoso. Desde então, o humilde quebra-cabeça está em qualquer jornal que se preze.

Há um livro que conta essa história, “Thinking inside the Box” (em português, ainda sem tradução, “Pensando dentro da caixa”), de Adrienne Rapahel. Segundo o jornal The New York Times, o livro é “divertido, informativo e discursivo”. Para saber mais, clique aqui.

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