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Brasileira que lutou pelo direito das mulheres na fundação da ONU é tema de livro infanto-juvenil

Brasileira que lutou pelo direito das mulheres na fundação da ONU é tema de livro infanto-juvenil 4

Bertha Lutz na Conferência de São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas. Fotografia do acervo do Ministério das Relações Exteriores, disponível no banco de dados Flickr.

Janeiro marcou o lançamento do livro “Bertha Lutz e a Carta da ONU”, publicado pela editora Veneta. A obra narra a participação da brasileira Bertha Lutz na elaboração do texto que deu origem à Organização das Nações Unidas, em 1945.

Em formato de história em quadrinhos, com roteiro de Angélica Kalil e ilustrações de Mariamma Fonseca, o livro, já à venda no site da editora, apresenta a luta feminina pela presença de mulheres nos cargos e nos espaços de decisão, dentro da ONU.

A narrativa da HQ se desenrola em primeira pessoa. Bertha Lutz é a narradora. Ela conta sua atuação na Conferência ocorrida em São Francisco, EUA, que deu origem à ONU. Lutz viveu entre os anos de 1894 e 1976. Ela foi líder do movimento sufragista no Brasil (organização de luta pelo direito ao voto feminino), além de feminista, cientista e diplomata. Esteve na Conferência de São Francisco, nos Estados Unidos, no cargo de delegada plenipotenciária, representando o Brasil, o que lhe garantia o direito de assinar o documento resultante dessa Assembleia internacional.

Trabalhando contra a maré

O trabalho, porém, não foi fácil. Lutz sofreu oposição de muitas pessoas, inclusive de diplomatas mulheres, mas não se conformou com os discursos machistas dirigidos a ela. Com o apoio de outras mulheres diplomatas, Lutz organizou uma subcomissão para defender que  a Carta da ONU registrasse o direito de as mulheres ocuparem cargos na organização.

QUADRINHOS

BERTHA LUTZ.

Cientista, feminista, política, militante sufragista, Bertha Lutz (1894-1976) foi uma das poucas mulheres a participar da elaboração da Carta da ONU. O documento criado em 1945 por representantes de 50 países tinha um objetivo ambicioso: selar um pacto de paz global e estabelecer uma organização para promover a cooperação internacional, após um período de duas guerras mundiais. Em um evento dominado por homens brancos, a brasileira liderou a luta para que os direitos das mulheres estivessem contemplados na carta.

Baseado em um texto de memórias da própria Bertha, o livro traz ainda as biografias das outras 14 mulheres que participaram do evento, além de fotos da época e outros documentos que serviram de referência para a criação da HQ. Consultora do projeto, a historiadora Teresa Novaes, professora da Universidade de Brasília, assina um texto sobre o contexto histórico em que se deu a criação da Carta da ONU e o surgimento das Nações Unidas. 

Informações e imagens: Veneta Editora.

Por meio de uma narrativa inspiradora, as autoras do livro apresentam a história de mulheres que não se calaram em uma conferência internacional que falava sobre justiça, direitos humanos, mas que não possuía dentre suas prioridades o direito das mulheres.

As ilustrações de “Bertha Lutz e a Carta da ONU” são acompanhadas por fotografias do período, que junto da narrativa em primeira pessoa, aproximam leitores e leitoras dos temas e problemas discutidos na Conferência. Educativo e entretenimento, ao mesmo tempo, o trabalho de Kalil e Fonseca faz uma literatura infanto-juvenil que enfrenta aquela história tradicional que parece querer esconder as mulheres.

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