Brasileira que lutou pelo direito das mulheres na fundação da ONU é tema de livro infanto-juvenil 1
Bertha Lutz na Conferência de São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas. Fotografia do acervo do Ministério das Relações Exteriores, disponível no banco de dados Flickr.

Brasileira que lutou pelo direito das mulheres na fundação da ONU é tema de livro infanto-juvenil

Bertha Lutz esteve na Conferência de São Francisco, que originou a ONU, em 1945, e liderou uma organização de mulheres na luta por direitos.
17 de março de 2022

Janeiro marcou o lançamento do livro “Bertha Lutz e a Carta da ONU”, publicado pela editora Veneta. A obra narra a participação da brasileira Bertha Lutz na elaboração do texto que deu origem à Organização das Nações Unidas, em 1945.

Em formato de história em quadrinhos, com roteiro de Angélica Kalil e ilustrações de Mariamma Fonseca, o livro, já à venda no site da editora, apresenta a luta feminina pela presença de mulheres nos cargos e nos espaços de decisão, dentro da ONU.

A narrativa da HQ se desenrola em primeira pessoa. Bertha Lutz é a narradora. Ela conta sua atuação na Conferência ocorrida em São Francisco, EUA, que deu origem à ONU. Lutz viveu entre os anos de 1894 e 1976. Ela foi líder do movimento sufragista no Brasil (organização de luta pelo direito ao voto feminino), além de feminista, cientista e diplomata. Esteve na Conferência de São Francisco, nos Estados Unidos, no cargo de delegada plenipotenciária, representando o Brasil, o que lhe garantia o direito de assinar o documento resultante dessa Assembleia internacional.

Trabalhando contra a maré

O trabalho, porém, não foi fácil. Lutz sofreu oposição de muitas pessoas, inclusive de diplomatas mulheres, mas não se conformou com os discursos machistas dirigidos a ela. Com o apoio de outras mulheres diplomatas, Lutz organizou uma subcomissão para defender que  a Carta da ONU registrasse o direito de as mulheres ocuparem cargos na organização.

QUADRINHOS

BERTHA LUTZ.

Cientista, feminista, política, militante sufragista, Bertha Lutz (1894-1976) foi uma das poucas mulheres a participar da elaboração da Carta da ONU. O documento criado em 1945 por representantes de 50 países tinha um objetivo ambicioso: selar um pacto de paz global e estabelecer uma organização para promover a cooperação internacional, após um período de duas guerras mundiais. Em um evento dominado por homens brancos, a brasileira liderou a luta para que os direitos das mulheres estivessem contemplados na carta.

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Baseado em um texto de memórias da própria Bertha, o livro traz ainda as biografias das outras 14 mulheres que participaram do evento, além de fotos da época e outros documentos que serviram de referência para a criação da HQ. Consultora do projeto, a historiadora Teresa Novaes, professora da Universidade de Brasília, assina um texto sobre o contexto histórico em que se deu a criação da Carta da ONU e o surgimento das Nações Unidas. 

Informações e imagens: Veneta Editora.

Por meio de uma narrativa inspiradora, as autoras do livro apresentam a história de mulheres que não se calaram em uma conferência internacional que falava sobre justiça, direitos humanos, mas que não possuía dentre suas prioridades o direito das mulheres.

As ilustrações de “Bertha Lutz e a Carta da ONU” são acompanhadas por fotografias do período, que junto da narrativa em primeira pessoa, aproximam leitores e leitoras dos temas e problemas discutidos na Conferência. Educativo e entretenimento, ao mesmo tempo, o trabalho de Kalil e Fonseca faz uma literatura infanto-juvenil que enfrenta aquela história tradicional que parece querer esconder as mulheres.

Thaís Pio Marques

Faz parte da equipe do Café História, onde realiza estágio voluntário. Graduada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Durante a graduação fez parte do Grupo PET Conexões de Saberes – Licenciaturas, voltado para a elaboração e desenvolvimento de Projetos pedagógicos interdisciplinares. Atualmente, organiza o perfil de Instagram “Poesia e oralidade”, onde compartilha textos breves sobre competições de poesia (slams) e seus participantes. O trabalho na rede social é
articulado aos estudos sobre História Oral e História Pública.

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