“Ter o apoio moral dos países neutros era muito importante para as dinâmicas da guerra”

Em entrevista ao Café História, a historiadora Lívia Claro explica como intelectuais e imigrantes alemães no Brasil foram peças importantes para a posição do Brasil na Primeira Guerra Mundial.
17 de março de 2025
Historiadora Lívia Clara é uma mulher branca, está em um parque e sorri para a foto, de óculos e braços cruzados.
HIstoriadora Lívia Claro Pires, estuda o Brasil na Primeira Guerra Mundial. Foto: Bruno Leal.

Todo mundo conhece relativamente bem a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. O país enviou para a Europa uma Força Expedicionária com 25 mil homens, que alcançou feitos significativos, principalmente na Itália. Já foram feitos filmes sobre o assunto, e quase toda cidade no Brasil possui ao menos um lugar de memória aos “pracinhas”. Mas o que pouca gente sabe é que o Brasil também participou da Primeira Guerra Mundial. O país foi o único da América Latina a enviar efetivos militares para o conflito, ao lado de potências como os Estados Unidos e o Canadá.

A participação foi certamente bastante modesta: alguns aviadores, um punhado de oficiais (que chegaram a ter alguma participação em combates), uma divisão naval e unidades médicas que organizaram um hospital em Paris. Mas a grande questão é que o envolvimento brasileiro no conflito não se resume a isso. Enquanto as batalhas aconteciam ao redor do mundo, antes mesmo do envio de tropas, o país já estava profundamente envolvido com a guerra.

Na imprensa brasileira, houve uma ampla discussão sobre que lado apoiar, ou mesmo se o Brasil deveria apoiar algum. Na época, embora a influência europeia fosse grande no país, intelectuais, artistas e a classe política tentavam encontrar uma identidade genuinamente brasileira, o que mais tarde influenciaria movimentos como o modernismo. Além disso, o afundamento de navios brasileiros levou milhares de pessoas às ruas para manifestações contra a Alemanha e contra imigrantes alemães e seus descendentes. No Sul e Sudeste do país, várias lojas e casas foram depredadas por turbas tomadas por sentimentos antigermânicos.

Protesto no Brasil, em São Paulo, durante a Primeira Guerra Mundial, após o afundamento do vapor "Paraná".
Protesto no Brasil, em São Paulo, durante a Primeira Guerra Mundial, após o afundamento do vapor “Paraná”. Fonte: A Cigarra, hemeroteca Digital da BN.

O Brasil – e a América Latina – tiveram envolvimento significativo na Primeira Guerra Mundial, ainda que de formas distintas das grandes potências. E para entender melhor tudo isso, conversei com a historiadora Lívia Claro Pires, graduada e mestre em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atualmente doutoranda em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde desenvolve um trabalho sobre os discursos germanófilos entre a intelectualidade brasileira durante a Primeira Guerra Mundial. O papo foi bom demais. Confira, a seguir.

O termo “germanófilo” costuma ser usado para designar as pessoas que tinham simpatia pelo lado alemão durante a Primeira Guerra Mundial. Mas o termo sempre me pareceu um pouco impreciso. Como você definiria “germanófilo”?

O termo germanófilo já era utilizado no Brasil antes da Primeira Guerra Mundial, no final do século XIX, para se referir ao indivíduo que demonstrava admiração pelo Império Alemão, por seu desenvolvimento econômico e tecnológico, pela “cultura germânica”. Vale lembrar que, desde a vitória em 1871, na Guerra Franco-Prussiana, a Alemanha despontava como uma potência, capaz de rivalizar com as tradicionais Inglaterra e França. Isso causou certo fascínio entre setores da sociedade brasileira.

No contexto da Primeira Guerra Mundial, no entanto, o termo germanófilo ganhou outros significados. A partir de agosto de 1914, favoritismos sobre os beligerantes se desenharam, uma vez que estamos falando de uma sociedade cujas elites estavam atreladas culturalmente à Europa e eram particularmente sensíveis ao que acontecia naquele continente. Havia um debate maniqueísta aberto na imprensa e em outros espaços sobre qual bloco combatente estaria agindo pelos motivos considerados legítimos, corretos.

O presidente brasileiro Venceslau Brás declara guerra às Potências Centrais.
O presidente brasileiro Venceslau Brás declara guerra às Potências Centrais. Arquivo Plínio Doyle.

Então, quando alguém se manifestava publicamente a favor dos Aliados ou criticava a campanha dos Impérios Centrais, era taxado de aliadófilo. Se, ao contrário, tecesse elogios à campanha da Tríplice Aliança ou críticas à Entente, era chamado de germanófilo. Não eram nomes que a própria pessoa adotava, mas que outra lhe dava com a intenção de atacar sua opinião sobre a guerra. Não foi só no Brasil que esse dualismo aconteceu, mas também em outros países da América Latina.

O germanófilo no Brasil, portanto, poderia ser um manifestante a favor da campanha dos Impérios Centrais ou alguém que se mostrava crítico aos Aliados por algum motivo, caso do diplomata Oliveira Lima, por exemplo.

Quais eram os principais “germanófilos” no Brasil durante a Primeira Guerra Mundial? Que meios eles utilizavam para disseminar suas ideias?

O principal personagem da campanha pró-Alemanha no Brasil foi o deputado federal João Dunshee de Abranches. Quando a guerra começou, ele estava exercendo a magistratura como deputado pelo Maranhão, seu estado natal, mas era conhecido no meio intelectual da capital como jornalista. Entre 1911 e 1913, foi presidente da Associação Brasileira de Imprensa e escreveu para inúmeros jornais do Rio de Janeiro.

Dunshee de Abranches se destacou por sua atuação política a respeito da conflagração. Parte considerável dos 24 livros que publicou sobre o tema foram baseados em suas ações na tribuna da Câmara dos Deputados. Fez uso do seu cargo para emitir sua opinião sobre o conflito e, principalmente, como o governo deveria se posicionar a respeito.

Porém, ele reproduziu em seus pronunciamentos parte do discurso utilizado na propaganda alemã: exaltava o rápido desenvolvimento tecnológico e econômico do país e suas produções culturais; e afirmava que a guerra então em curso era fruto de uma tentativa franco-inglesa de sufocar a concorrência germânica no plano internacional. Afirmava, também, que a Inglaterra era a grande inimiga do desenvolvimento brasileiro.  Mas negava o título de germanófilo, dizendo agir por patriotismo e pensando no que era melhor para o Brasil.

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Protesto no Brasil, em São Paulo, durante a Primeira Guerra Mundial, após o afundamento do vapor “Paraná”. Fonte: A Cigarra, hemeroteca Digital da BN.

Dunshee não foi uma voz solitária, apesar de a maioria dos grupos políticos e intelectuais no Brasil ter se posicionado em favor dos Aliados. Havia ainda o engenheiro Everardo Backheuser, o escritor Carlos de Laet, o jurista Paulo Germano Hasslocher, dentre outros não tão conhecidos. No Rio de Janeiro, inclusive, foi fundada uma liga em defesa da Alemanha, a Liga Brasileira Pró-Germânia, que contava com inúmeros participantes: profissionais liberais, militares e alguns intelectuais.

O governo alemão chegou a apoiar ou mesmo a financiar grupos, ou indivíduos simpáticos à Alemanha?

Esta era uma estratégia não só da Alemanha, como dos demais beligerantes. A Grande Guerra tem uma série de especificidades em relação aos conflitos anteriores: foi a primeira guerra de massas, não apenas no âmbito do potencial de destruição, mas de mobilização das sociedades em prol dos esforços de guerra; e foi uma guerra total, no sentido de que o objetivo maior dos envolvidos era a aniquilação completa do inimigo, não apenas no âmbito militar, o que reforçou a importância da mobilização dos civis e não-combatentes. Por sua vez, isto a caracterizou como uma guerra global.

Nesse cenário, ter o apoio moral dos países neutros era muito importante para as dinâmicas da guerra. Convencer os neutros de que a sua causa era a correta, a justa, possibilitaria o acesso a matérias-primas e outros produtos necessários, a utilização dos portos e do espaço marítimo, e futuras negociações quando a guerra terminasse.  A melhor forma de conquistar esse apoio era através da propaganda, que foi utilizada pela primeira vez como um instrumento bélico poderoso. Assim, se fez necessário obter canais de escoamento e recepção desse material de propaganda produzido para os neutros.

No Rio de Janeiro, inclusive, foi fundada uma liga em defesa da Alemanha, a Liga Brasileira Pró-Germânia, que contava com inúmeros participantes: profissionais liberais, militares e alguns intelectuais.

Os beligerantes se valiam, então, do auxílio de indivíduos, associações e até órgãos da imprensa local para popularizar esse tipo de publicidade e contribuir para a formação de uma opinião pública que lhe fosse favorável. Em geral, a intermediação era feita via agentes diplomáticos e mesmo personalidades – intelectuais, políticos, artistas – em visita a esses países. 

Em uma conversa recente que tivemos, você comentou que a sua pesquisa te levou a pesquisar imigração no Brasil. Por quê?

Os imigrantes foram um dos agentes de propaganda dentro dos países neutros, acionados pelos países combatentes. No caso dos imigrantes teutos, eles foram peças fundamentais tanto na recepção quanto na articulação das ações de propaganda pró-Alemanha entre os neutros, principalmente nas Américas.

Vale lembrar que os cabos telegráficos submarinos que permitiam uma comunicação direta da Alemanha com os americanos foram cortados pela Inglaterra em setembro de 1914, dificultando a comunicação. Os imigrantes foram, então, muito importantes para que notícias sobre os Impérios Centrais alcançassem o outro lado do Atlântico, sem passarem por intervenção aliada.

“Ter o apoio moral dos países neutros era muito importante para as dinâmicas da guerra” 1

Se liga nessa história: logo depois da Segunda Guerra Mundial, Herberts Cukurs imigrou para o Brasil vindo da Letônia. Ele criou os pedalinhos da Lagoa Rodrigo de Freitas e refez a vida. Mas, em 1950, ele foi denunciado como criminoso de guerra nazista. Essa incrível história real é examinada pelo historiador Bruno Leal no livro “O homem dos Pedalinhos” (FGV Editora), que em breve vai virar filme. Confira aqui o livro, em formato físico e digital.

Algumas comunidades traduziram seus jornais internos, que circulavam inicialmente em língua alemã, para fazer chegar à versão dos Impérios Centrais a respeito dos acontecimentos de guerra às sociedades locais. Financiaram, também, a impressão de livretos e outros materiais pró-Alemanha, e, não raro, escreviam aos jornais refutando as acusações feitas contra o seu país natal e de seus familiares. Outra estratégia comum era a aproximação com grupos e indivíduos fora da comunidade, para terem uma voz “isenta” defendendo a campanha germânica.

Não faziam isso apenas porque foram acionados pelo governo alemão via representantes diplomáticos. Tinham seus próprios interesses, que estavam sendo atingidos com a guerra: defender seus negócios, suas finanças e a relação com a sociedade local eram alguns dos motivos que impulsionaram o envolvimento dos imigrantes nos esforços de guerra.

Quais eram as principais características dessas comunidades de imigrantes alemães no Brasil antes da Primeira Guerra Mundial?

É preciso primeiro pensar as comunidades de imigrantes no plural, porque elas não eram homogêneas. Essa, talvez, seja uma das principais características desses imigrantes. Essas diferenças derivavam das suas regiões de origem, passando pelos locais onde se estabeleciam no Brasil, até as experiências que tinham junto às sociedades locais. A título de exemplo, a comunidade formada na cidade do Rio de Janeiro não agia de forma idêntica a uma comunidade do interior do Rio Grande do Sul.

Ainda assim, é possível traçar alguns paralelos. De maneira geral, as comunidades de imigrantes alemães tinham uma identidade étnica arraigada, baseada na ascendência familiar e no domínio do idioma alemão. Por isso, sujeitos que nasciam em solo brasileiro se consideravam alemães por identificação cultural e ascendência familiar. Essa era a base do pertencimento e da organização dessas comunidades.

Além disso, os núcleos, estivessem em zonas rurais ou nas grandes capitais, tinham um grau elevado de organização associativa: sociedades beneficentes, associações recreativas, desportivas, etc. A existência de jornais produzidos com os esforços intelectuais e materiais dessas comunidades também é uma constância a ser observada, jornais estes escritos em alemão e com circulação restrita a esses grupos.

Como os germanófilos brasileiros lidavam com o dilema entre apoiar o Império Alemão e sua integração ao Brasil?

Os germanófilos brasileiros não viam o Império Alemão e o Brasil em lados opostos. Ressalta-se que os debates acerca da Grande Guerra foram feitos permeados pelos nacionalismos correntes entre a intelectualidade e as elites políticas da Primeira República. Desde a virada do século XIX para o século XX, essas elites se preocupavam em pensar as bases culturais nas quais se assentava a identidade nacional brasileira para que, a partir dela, se traçasse um caminho para o futuro.

A Proclamação da República exacerbou essas reflexões, com a perspectiva de que o país inaugurava um novo momento da sua história, abandonando teoricamente o seu passado colonial, escravista, atrasado, por fim. Com a derrubada da monarquia, o Brasil ingressava na modernidade, iniciando um percurso rumo à civilização e ao progresso. Os padrões para a modernidade brasileira eram eurocêntricos, espelhados sobretudo na França, Inglaterra e Alemanha.

Dessa forma, os germanófilos brasileiros viam o Império como o modelo ideal a ser seguido pelo país. Aliás, este era um dos principais argumentos para convencer a opinião pública sobre a assertividade da sua posição sobre a guerra. Segundo essa interpretação, ao contrário da imagem da barbárie que os Aliados relacionavam aos alemães, estes eram a vanguarda cultural da época.  Muitos dos que se apresentaram como germanófilos no contexto da Primeira Guerra eram, previamente ao conflito, admiradores da “cultura alemã”. Mais uma vez, Dunshee de Abranches é um exemplo dessa postura.  Além de patriota, ele se considerava como um admirador da cultura germânica.

Esses posicionamentos foram suspensos quando o Brasil rompeu as relações com a Alemanha e, pouco depois, declarou guerra ao Reich, em 1917. Neste momento, sim, defender a Alemanha sendo brasileiro passou a ser considerado um contrassenso, uma verdadeira traição à pátria.

Por que os germanófilos não tiveram a mesma força que os “aliadófilos”?

Se os germanófilos eram admiradores da “cultura alemã”, os aliadófilos exaltavam a cultura francesa, mais conhecida entre as elites do país. Desde o século XIX, havia a predileção pela produção cultural da França, associada a um padrão de civilidade que se desejava adotar no Brasil. A reforma urbana do Rio de Janeiro, então capital da República, seguindo os moldes parisienses, foi uma demonstração da relevância da França para aqueles grupos, para a sua validação como dominantes numa sociedade de fortes influências indígenas e africanas.

Mais do que mimetizar os costumes e os padrões franceses, havia uma identificação cultural com aquele país. Na virada do século XIX para o XX, a França utilizou a ideia de pan-latinismo para se aproximar econômica e politicamente dos países da América Central, da América do Sul e do México. Segundo essa concepção, todos comungariam de uma mesma raiz cultural, identificada pelo domínio de línguas derivadas do latim, compondo um conjunto coeso. Eram os membros da civilização latina, a serem liderados pela França, seu exemplo maior. A nomenclatura América Latina foi concebida nesse contexto em que os franceses buscavam preservar e ampliar sua influência sobre aqueles países.

Esse discurso foi transposto para a guerra, com o intuito de construir uma opinião pública favorável à campanha francesa nos países neutros. Nos materiais de propaganda encaminhados ao Brasil, afirmava-se que a luta contra a Alemanha era uma batalha entre a civilização latina e a Kultur germânica – dois polos opostos, irreconciliáveis e excludentes. Isto é, nessa batalha, apenas um lado poderia prevalecer. Esse discurso propagandístico sensibilizou os brasileiros, já inclinados à França, a construírem um favoritismo pelos Aliados durante a Primeira Guerra Mundial.

Mais do que expressar uma preferência por aquele bloco de combatentes, os aliadófilos viam na defesa da campanha francesa uma defesa de si, por se identificarem como parte da civilização latina ameaçada pela Alemanha. A historiadora argentina María Inés Tato falou em beligerância cultural para definir esse estado adotado pelas intelectualidades latino-americanas, de uma maneira geral, sobre a Grande Guerra.

Propriedades alemãs e até mesmo alemães foram atacados durante a Primeira Guerra Mundial,. Você pode falar um pouco sobre esses episódios? Que outros tipos de ações essa comunidade sofreu?

Os ataques mais severos contra os núcleos de imigrantes alemães aconteceram em 1917, no contexto das mudanças do status do Brasil na guerra. Naquele ano, havia uma forte discussão sobre os termos da neutralidade assumida pelo governo no conflito. O anúncio da guerra submarina irrestrita mantida pela Alemanha asseverou as críticas contra a sua campanha no conflito, pois navios de bandeira neutra haviam sido postos a pique, resultando em mortes.

A entrada dos EUA no conflito ao lado dos Aliados, em fevereiro daquele ano, aumentou as pressões sobre Wenceslau Brás e seu chanceler, Lauro Müller. A situação deteriorou-se em definitivo em abril, depois que o navio Paraná foi atingido e as relações entre Brasil e Alemanha foram rompidas. Nesse mês, ocorreram os primeiros ataques, em várias regiões do país. Estabelecimentos comerciais foram depredados, indústrias foram invadidas e tiveram o maquinário destruído, além de jornais comunitários, que foram empastelados.

Porto Alegre registrou episódios de maior violência, com incêndios contra residências, espancamentos em público, atos que fizeram com que algumas famílias fossem se refugiar na serra gaúcha e o governo federal oferecesse ajudar militar. Em outubro de 1917, houve o afundamento do vapor Macau, novamente por torpedos alemães, o que gerou a declaração de guerra e a entrada do Brasil como beligerante ao lado dos Aliados. Naquele mês, novos ataques aconteceram por todo o país.

Uma vez assumindo a posição de combatente, o governo brasileiro adotou medidas restritivas contra as comunidades de imigrantes. A intenção maior era limitar a influência econômica desses imigrantes e descendentes, e coibir qualquer possível boicote ao esforço de guerra brasileira. Foram adotadas, então, uma série de leis que cerceavam os negócios financeiros e comerciais desses núcleos, limitavam suas atividades associativas e suas expressões étnicas. A mais conhecida dessas leis foi a Lei de Guerras, de novembro de 1917.

Conte uma coisa interessante que você descobriu na sua pesquisa.

Acho que o mais interessante na trajetória da pesquisa foi a percepção da amplitude e da complexidade da Primeira Guerra Mundial. No Brasil, os estudos historiográficos sobre esse conflito específico ainda são escassos, e mesmo no ensino básico a Grande Guerra é geralmente apresentada como uma antessala do que aconteceu a partir da década de 30.

A literatura sobre a guerra produzida em outros países ganhou traduções muito pontuais para o português, o que limita o acesso ao que está sendo estudado atualmente a respeito. Ao longo dos anos de pesquisa, perceber seus desdobramentos em países como os da América Latina, que ficaram distantes das zonas de batalhas mais conhecidas, foi algo fascinante, assim como compreender o quanto a conflagração de 1914 marcou o “fazer a guerra”, e encontrar essas heranças observando conflitos atuais.

Como citar esta entrevista

PIRES, Lívia Claro. “Ter o apoio moral dos países neutros era muito importante para as dinâmicas da guerra”. Entrevista feita por Bruno Leal Pastor de Carvalho. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/entrevista-livia-claro-primeira-guerra-mundial/. Publicado em: 17 de março de 2025.


Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas, justiça no pós-guerra e as duas guerras mundiais. Autor de "Quero fazer mestrado em história" (2022) e "O homem dos pedalinhos"(2021).

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