Entre os anos de 1640 e 1660, as Ilhas Britânicas passaram por uma enorme turbulência. De um contexto de rebeliões, que eclodiam na Irlanda (contra a dominação inglesa) e na Escócia (contra as reformas religiosas conduzidas por Carlos I e o arcebispo da Cantuária, William Laud), os chamados Três Reinos entraram em uma convulsão política sem precedentes. O cenário de crise culminou na suspensão da monarquia por mais de uma década. De 1642 a 1648, a Inglaterra virou palco de uma Guerra Civil que opôs o rei e o seu Parlamento.
Em 1649, o monarca foi culpabilizado pelas disputas bélicas. Julgado como um traidor que derramara o sangue de seu próprio povo, Carlos I foi executado em praça pública. O episódio inédito marcou o início de um período de transformações e experimentações nos campos político, social, econômico e cultural. A partir de então, a Inglaterra viveu uma república de 1649 a 1653, um protetorado de 1653 a 1658, uma nova e breve república em 1659, e voltou ao sistema monárquico em 1660.
A violência dos conflitos, a extensão das transformações políticas, sociais e culturais, e o ineditismo dos episódios que marcaram a época fizeram com que os eventos que transcorreram entre as décadas de 1640 e 1660 se tornassem objeto de acalorados debates desde o próprio século XVII.
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Monarquistas consideraram que o que havia se passado era uma rebelião odiosa, causada por fanáticos religiosos e traidores do reino. Republicanos enalteciam o período de luta pela “boa e velha causa” do bem público, da commonwealth. Diversos sectários religiosos interpretaram os eventos como sinais de uma guerra santa entre Deus e o Diabo. Não havia consenso sequer na forma de se referir àquele contexto: seus detratores o chamavam de “Grande Rebelião”, caracterizando-o como um momento de anarquia; seus apoiadores se referiam a uma Guerra Civil que provocou a libertação do povo inglês da tirania e da servidão.
Foi só entre os finais do século XVII e inícios do século XVIII, que o termo “revolução” começou a ser mobilizado para tratar dos episódios de 1640 a 1660. O sentido da palavra à época não era o mesmo de hoje. “Revolução” era um termo utilizado, sobretudo, na astronomia, servia para descrever os movimentos circulares dos corpos celestes.
No campo da política, “revolução” aparecia como descrição de um ciclo político. Thomas Hobbes, por exemplo, utilizou o termo nesse sentido ao declarar que a Restauração da dinastia Stuart ao trono em 1660, completava a revolução, recolocando a política em ordem. Para Hobbes, a revolução era o retorno da monarquia ao poder e não a convulsão político-social de outrora. No entanto, as experiências britânicas do século XVII logo levaram a um deslocamento semântico.
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Foi na esteira dos eventos de 1688, chamados de “Revolução Gloriosa” (o adjetivo aqui marcaria o triunfo de uma “revolução sem sangue”), que o termo entrou mais fortemente no campo político, agora significando uma transformação radical. Edmund Burke o utilizou em diversas ocasiões, especialmente para comparar as experiências revolucionárias britânicas e francesas. Em seus estudos, Burke considerava que a verdadeira Revolução Inglesa fora a de 1688: moderada e legítima. A de 1640 continuava a ser vista como uma rebelião desordenada (e a francesa, acreditava ele, teria um destino semelhante: estaria fadada ao desastre).
No século XIX, o vocabulário revolucionário estava bem estabelecido, mas os eventos de 1640 continuavam difíceis de caracterizar. François Guizot foi um dos primeiros autores a falar em uma “Revolução Inglesa”. Mas a nomenclatura servia apenas para diferenciar o episódio inglês do francês (que o interessava mais diretamente). Karl Marx e Friedrich Engels, por sua vez, preferiram falar em uma “revolução burguesa”, que derrotara o absolutismo e colocara a Inglaterra no caminho do desenvolvimento do capitalismo. Samuel Gardiner mobilizou o termo “revolução” para falar de 1640, mas o juntou com um outro adjetivo: “puritana”, ressaltando o papel dos grupos religiosos no evento.
Diversos sectários religiosos interpretaram os eventos como sinais de uma guerra santa entre Deus e o Diabo.
A questão da ideia de revolução e dos seus qualificadores continua a permear todo o estudo sobre a Inglaterra de meados do século XVII. Diante de tantas nomenclaturas e possibilidades, ficamos num impasse: como caracterizar e compreender o que ocorreu a partir de 1640? Foi ou não uma revolução?
Esta bibliografia comentada pretende oferecer algumas respostas. Longe de esgotar o longuíssimo debate sobre o assunto, este texto tem um caráter introdutório: ele sumariza alguns dos principais embates em torno do tema e apresenta algumas das correntes de interpretação mais atuais.
SWEEZY, Paul et al. A transição do feudalismo para o capitalismo: um debate. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
A primeira indicação de leitura é uma coleção de ensaios publicados entre os anos 1950 e 1970 em revistas como Science and Society, La Pensée, Società, Past & Present e New Left Review. A coletânea traz contribuições, sobretudo, dos historiadores marxistas britânicos (Rodney Hilton, Maurice Dobb, Paul Sweezy, Christopher Hill, Eric Hobsbawm e John Merrington), mas também do francês George Lefebvre, do japonês Kohachiro Takahashi e do italiano Giuliano Procacci. Todos estavam interessados em entender o desenvolvimento do capitalismo e, nesse ponto, a Revolução Inglesa de 1640 foi, muitas vezes, interpretada como a primeira revolução burguesa, que consolidou o poder da burguesia e as novas formas de relação de trabalho.
Embora o livro não tenha a Revolução de 1640 como enfoque, ele organiza um extenso debate que informou todas as reflexões a respeito do caráter revolucionário do evento e, por isso, constitui uma leitura fundamental para entender a história social e econômica da Inglaterra do século XVII.
HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: idéias radicais durante a revolução inglesa de 1640. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Ainda entre as interpretações marxistas, a principal obra sobre a Revolução Inglesa é, sem dúvidas, O mundo de ponta-cabeça, publicado originalmente em 1972. Nele, Hill procurou recuperar diversas ideias disruptivas que circularam em meados do século XVII.
Ao tentar traçar as origens do radicalismo, em oposição ao clássico estereótipo da moderação britânica, Hill adotou o que chamou de “ponto de vista de minhoca” para contar uma história da Revolução Inglesa desde baixo. Interessava a ele narrar as ideias da “gente simples do povo” e de “proto-comunistas”, como levellers, diggers, seekers e ranters, que viraram o mundo de ponta-cabeça com suas propostas de igualdade de direitos civis, tolerância religiosa e reforma agrária.
Ainda que o livro tenha recebido diversas críticas (sobre as quais falarei mais adiante), em especial pelos anacronismos e pela própria forma de trabalho de Hill, O mundo de ponta-cabeça continua a ser um trabalho incontornável para quem quiser estudar a Revolução Inglesa.
STONE, Lawrence. Causas da Revolução Inglesa: 1529-1642. Bauru: Edusc, 2000.
No mesmo ano de publicação de O mundo de ponta-cabeça, saiu também Causas da Revolução Inglesa de Lawrence Stone, historiador de tradição whig. O livro é composto por três ensaios acerca da crise da nobreza britânica que, em sua perspectiva, teria precipitado nos conflitos da Revolução Inglesa. Em grande medida, Stone ecoava no livro as perspectivas já defendidas em 1965, quando publicou seu livro de maior impacto, The Crisis of Aristocracy.
Para Stone, a gentry estava no centro do que levou à Revolução, mas não por conta de qualquer característica empreendedora e potencialmente capitalista, como historiadores da geração anterior haviam sustentado. Em sua concepção, era a decadência dessa nobreza que havia levado a uma reação política. Em Causas da Revolução Inglesa, Stone trata dos pressupostos, das precondições e dos precipitantes do contexto revolucionário.
Ele os busca em eventos que começaram mais de um século antes da eclosão dos conflitos, examinando a Reforma Anglicana, o declínio da aristocracia elisabetana e a transformação culturais e intelectuais dos séculos XVI e XVII. Stone, assim, descreve uma revolução, mas não de características burguesas como a da tradição marxista. Sua perspectiva foi alvo de críticas vorazes da chamada “onda revisionista” (da qual também falarei mais à frente), mas ainda constitui um panorama interessante para pensar as causas de longa duração da Revolução.
TREVOR-ROPER, Hugh. A crise do século XVII: religião, a reforma e mudança social. Rio de Janeiro: Topbooks, 2007.
Junto a Christopher Hill e Lawrence Stone, o outro grande nome da historiografia sobre a Revolução Inglesa é o tory Hugh Trevor-Roper. O livro em questão é uma coleção de ensaios publicados originalmente entre os anos 1950 e 1960, mas revisados e ampliados entre os anos 1970 e 1980. Neles, Trevor-Roper buscou superar (em alguma medida) a insularidade dos estudos sobre os eventos que se passaram na Inglaterra do século XVII, comparando-os ao restante do contexto europeu. Em especial, destaca-se seu artigo sobre a Crise Geral do século XVII, lançado pela primeira vez em 1959 em resposta direta a tese de Eric Hobsbawm de que, nos seiscentos, houve uma crise de produção na economia europeia.
Para Hobsbawm, embora o comércio estivesse em expansão devido às rotas marítimas, a estrutura feudal da sociedade não conseguia suprir as demandas do contexto. Em oposição à leitura marxista e economicista de Hobsbawm, Trevor-Roper considerava que a Crise Geral fora causada pelo inchaço dos “Estados renascentistas” com sua onerosa estrutura burocrática. Para Trevor-Roper, a Revolução de 1640 era um exemplo claro disso: Carlos I fora deposto porque a sociedade estava descontente com a sua custosa administração. Em outras palavras, havia uma disputa entre a sociedade britânica e o Estado de Carlos I.
RICHARDSON, R. C. The debate on the English Revolution. Manchester: Manchester University Press, 1998.
Como já se deve ter percebido, os embates sobre a Revolução foram intensos e extensos, tanto que eles mesmos se tornam objeto de reflexão. R. C. Richardson publicou The Debate on the English Revolution em 1977. Nele, é possível recuperar diversas fases da discussão. Embora comece as reflexões no próprio século XVII, a maior parte do livro é dedicada a narrar o debate historiográfico do século XX. Stone, Hill e Trevor-Roper são figuras centrais nessa discussão.
O livro de Richardson foi reeditado em 1988 e 1998, incorporando atualizações no debate, sobretudo no que diz respeito ao revisionismo dos anos 1980 e 1990, que colocou em questão as grandes explicações sobre o contexto revolucionário. Para os revisionistas, os eventos de 1640 e 1660 eram um acidente de percurso, marcado pela má gestão de Carlos I e de seu arcebispo da Cantuária, William Laud. Os revisionistas tiveram o marxismo de Hill e o whiggismo de Stone como seus principais antagonistas. Ademais, suas reflexões acabaram por colocar em questão a própria categoria de “revolução”.
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Pela obra de Richardson podemos acompanhar como a geração de historiadores como John Morrill e Conrad Russel preferiam referenciar o contexto turbulento do século XVII por meio de outros termos, como “Grande Rebelião” (repercutindo uma posição nominalista), Guerras Civis, ou Interregno (“entre reinos”, que, apesar da aparente neutralidade, sugere uma narrativa que segue como fio orientador a instituição monárquica).
MORRILL, John (ed). Reactions to the English Civil War, 1642-1649. Londres: McMillan, 1982.
Um bom exemplo da leitura revisionista dos eventos transcorridos a partir de 1640 é a obra organizada por John Morrill, Reactions to the English Civil War. O livro conta com contribuições de historiadores como Ronald Hutton e Mark Kishlansky. Na coletânea, percebe-se o combate às grandes narrativas, inclusive, com uma redução na escala de observação: não interessa examinar a Inglaterra ou as Ilhas Britânicas como um todo, mas perceber como os condados e as cidades vivenciaram os acontecimentos das Guerras Civis, da república, do protetorado e da Restauração.
Com recurso à extensa documentação arquivística, os revisionistas colocaram um contraponto à interpretação de Christopher Hill sobre o radicalismo: a maioria da população fora de Londres se mostrava neutra diante dos conflitos, ou apenas desejosa de que as Guerras acabassem. Ainda que os revisionistas tenham apontado importantes problemas com relação ao anacronismo e a teleologia das perspectivas de Hill e Lawrence Stone, suas visões não se estabeleceram como uma corrente coerente da historiografia. O próprio John Morrill, em artigo de balanço publicado posteriormente, pensa como o revisionismo não era um movimento ordenado capaz de estabelecer raízes e constituir uma “escola de análise”, pois seus expoentes tinham perspectivas muito diversas.
MCDOWELL, Nicholas. The English radical imagination: culture, religion, and revolution, 1630-1660. Oxford: Oxford University Press, 2003.
A onda revisionista, ainda assim, impactou os estudos sobre a Revolução Inglesa e, atualmente, as pesquisas tendem a problematizar as caracterizações de Hill, Stone e Trevor-Roper, mas sem dispensar suas importantes contribuições. Exemplo interessante é o trabalho de Nicholas McDowell, que buscou repensar a ideia de radicalismo expressa por Hill em O mundo de ponta-cabeça.
McDowell retoma as críticas colocadas pelos revisionistas, ressaltando como havia fragilidades na própria metodologia de Hill. Ele não consultava manuscritos, baseando suas interpretações exclusivamente em documentos impressos, o que deixava de lado grande parte das fontes sobre os eventos analisados.
Para McDowell, Hill não soube interpretar a própria retórica desses impressos. Entre muitos dos panfletos radicais analisados por Hill, os autores se declaravam como pessoas rústicas e desprovidas de posses para reivindicar direitos junto às autoridades. Não obstante, alguns desses autores não eram “simples” ou “do povo”, mas sim ex-estudantes de Oxford e Cambridge, eruditos e com algum poder financeiro. Suas afirmações tinham a ver com as estratégias de captação da benevolência dos leitores, comum à retórica da época, mas não refletiam suas posições sociais concretas.
OSTRENSKY, Eunice. As revoluções do poder. São Paulo: Alameda, 2005.
A questão da retórica e das linguagens políticas também é fundamental no estudo de Eunice Ostrensky, As revoluções do poder, resultado de sua tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo. O trabalho de Ostrensky apresenta um salto significativo nas produções sobre a Revolução Inglesa realizados a partir do Brasil.
Desde os pioneiros estudos de Modesto Florenzano e José Jobson de Arruda, muitas outras pesquisas a respeito da Revolução Inglesa se desenvolveram no Brasil. Se Florenzano e Arruda ainda se aproximaram das discussões sobretudo a partir das tradições marxista e whig de Hill e Stone, os novos trabalhos vêm se destacando pelas possibilidades de acessar uma bibliografia mais extensa e, sobretudo, fontes primárias (seja por meio de bases de dados online, seja por viagens de pesquisa financiadas por agências de fomento). As revoluções do poder faz um escrutínio das reflexões filosóficas que deram ensejo aos projetos republicanos do século XVII.
PESTANA, Carla Gardina. The English Atlantic in the age of revolution, 1640-1661. Cambridge: Harvard University Press, 2007.
Atualmente, há uma tendência em contestar a centralidade dada à Inglaterra (e, sobretudo à Londres) nos estudos sobre o contexto revolucionário. Diversos historiadores vêm adotando outras nomenclaturas para se referir ao período de 1640 a 1660 para evitar esse anglocentrismo. “Guerra dos Três Reinos” ou “Revoluções Britânicas” são termos que visam chamar atenção para os eventos que ocorreram também na Escócia, na Irlanda e em Gales (que não era uma região autônoma no século XVII).
Mais interessante ainda são as perspectivas que ultrapassam os limites das Ilhas Britânicas e pensam o contexto colonial, como é o caso do livro The English Atlantic in the age of revolution de Carla Pestana. Nele, Pestana propõe pensar o contexto revolucionário também pela chave do colonialismo e do imperialismo e, assim, nos indica que se a Revolução Inglesa é, por um lado, um marcador dos debates sobre as liberdades civis na metrópole; por outro, nesse mesmo período, o Atlântico inglês se constituiu, sobretudo, enquanto espaço de exploração e tráfico de pessoas escravizadas.
HUGHES, Ann. Gender and the English Revolution. Londres: Routledge, 2012.
Há também uma série de estudos, mais frequentes desde os anos 2000, que têm se preocupado com outros aspectos do contexto revolucionário. A questão de gênero, por exemplo, ganhou um espaço de destaque. Diversas pesquisas tentam entender o papel das mulheres no contexto revolucionário, demonstrando como, em meio às turbulências, elas encontraram maior espaço de atuação. Encontramos mulheres em manifestações públicas e levantes, em pregações de diferentes seitas religiosas, e em publicações radicais.
Em Gender and the English Revolution,Ann Hughes procurou demonstrar como a experiência revolucionária afetou algumas das convenções de gênero do período. Ao longo de seus três capítulos, Hughes discute os posicionamentos políticos e religiosos das mulheres, bem como discute suas estratégias de participação dos debates públicos e dos conflitos civis; aborda a masculinidade em meio à guerra; e explora as questões dos corpos, do sexo e da família em meados do século XVII.
PEACEY, Jason. Print and public politics in the English Revolution. Cambridge: Cambridge University Press, 2013.
A literatura, bem como a prolífica produção e disseminação de impressos no período também chamou atenção. A Revolução Inglesa, por vezes, foi descrita também como uma revolução na imprensa, dado o vertiginoso aumento do número de títulos em circulação na esfera pública. Embora não haja consenso com relação ao montante de textos que efetivamente foi emitido no período, reconhece-se que o contexto marcou novas relações com o impresso. Práticas de colecionismo e periodismo, por exemplo, foram reforçadas conforme as pessoas estavam ávidas por notícias sobre as Guerras Civis e as rápidas mudanças políticas nos Três Reinos.
Jason Peacey discutiu a força da imprensa em um trabalho de fôlego, Print and public politics in the English Revolution. Nele, o autor foca na importância da propaganda política por meio dos impressos. Seus estudos tratam, sobretudo, sobre as inúmeras petições impressas que circularam durante todo o contexto revolucionário para pressionar as autoridades (fossem da monarquia, da república ou do protetorado).
REES, John. The Leveller Revolution: radical political organisation in England, 1640-1650. Londres: Verso, 2016.
Entre os trabalhos que dialogam com Christopher Hill e visam a reabilitar a categoria de “revolução”, é de destaque o livro de John Rees, The Leveller Revolution. Na obra, o autor descreve os levellers como um “grupo de ativistas políticos” interessados, entre outras coisas, na soberania popular num governo republicano, no sufrágio universal masculino, na tolerância religiosa e na diminuição das desigualdades sociais. Nessa linha, procurou recuperar a atuação do grupo não por meio de um escrutínio de suas perspectivas intelectuais e teóricas, mas polêmicas e propagandísticas, percebendo-o como um movimento de intervenção política concreta nas práticas cotidianas.
Como disse no início deste texto, a lista aqui apresentada não esgota os estudos sobre a Revolução Inglesa. Há uma infinidade de artigos, livros e eventos científicos inteiramente dedicados ao evento. Espero, contudo, que as indicações sirvam de ponto de partida para os estudos. Seja pelo prisma econômico da discussão sobre o desenvolvimento do capitalismo; pelo social interessado nas diversas transformações do contexto; pelo político pautado na vasta gama de projetos em debate no período; pelo cultural com os seus mais variados enfoques, vê-se que o que ocorreu entre as décadas de 1640 e 1660 continua a ser um tema amplamente explorado e com muitas potencialidades para pesquisas acadêmicas.
Como citar esta bibliografia comentada
LIMA, Verônica Calsoni. 12 livros para (começar a) pensar a Revolução Inglesa de 1640. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/bibliografia-comentada-revolucao-inglesa. ISSN: 2674-5917. Publicado em: 3 mar. 2025.