Há alguns anos, encontrar periódicos científicos para a realização de textos acadêmicos não era uma tarefa tão fácil. Eles estavam disponíveis quase sempre apenas nas bibliotecas universitárias. E ainda assim, o catálogo de títulos era bastante limitado e lacunar. E isso sem mencionar o caso de milhares de cidades que não contavam com bibliotecas do gênero, uma vez que as universidades, especialmente no Brasil, são desigualmente distribuídas pelo mapa. Em alguns casos, restava a opção de comprar esses periódicos diretamente da fonte. Mas isso era caro e consumia muito tempo. Deste modo, escrever uma monografia, uma dissertação, uma tese ou um simples artigo era um duro exercício de paciência e de muita perseverança. Felizmente, isso começou a mudar nos últimos anos. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, sobretudo a internet, o acesso ao conhecimento foi descomplicado. Hoje, é possível ter acesso fácil aos principais periódicos científicos do planeta. Mais recentemente, essa tarefa se tornou ainda mais inteligente e simples, mediante a criação de bancos de antigos científicos, que reúnem milhares de títulos.
Há atualmente, uma grande variedade de bancos de dados que reúnem não só artigos, mas também livros e trabalhos científicos em geral. É o caso do Google Scholar, conhecido no Brasil como Google Acadêmico. Como o próprio nome diz, trata-se de um projeto criado pelo Google. Ele permite aos usuários de internet pesquisar e acessar todo tipo de trabalho acadêmico: de teses e dissertações a artigos e livros universitários. O serviço é gratuito e foi lançado em novembro de 2004 nos Estados Unidos. No Brasil, o sistema está disponível desde janeiro de 2006. As buscas são realizadas da mesma forma que o Google tradicional. O usuário coloca uma palavra-chave e o sistema oferece páginas de resultados pertinentes. Assim como o Google Books, outro projeto do Google, mas voltado para livros, o Google Acadêmico também possui um enorme acervo, boa parte em língua portuguesa. Seu lema é “Stand on the shoulders of giants” (“Sobre os ombros de gigantes”), metáfora que ilustra a colaboração como condição para o saber.
O universo de bancos de artigos científicos é enorme. Há duas, contudo, que não podemos esquecer. Um dessas dicas é SciELO, que vem sendo cada vez mais usado e reconhecido por estudantes e professores universitários. O SciELO é o produto da cooperação entre a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde). Fundado em 1998, o projeto abrange diversos periódicos científicos brasileiros e de outras partes do mundo. Desde 2002, o Projeto conta com o apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Segundo os indicadores bibliométricos, são mais de 158 mil artigos e documentos publicados de 2000 a 2008.
Esse sucesso, porém, foi fruto de muita luta. No início dos anos 2000, o SciELO quase deixou de existir devido aos baixos índices de acesso. Felizmente, através de publicidade institucional e a mobilização popular na internet, a rede tornou-se conhecida e hoje é uma referência para quem busca artigos científicos. Ele também disponibiliza livros, muitos dos quais gratuitos.
Nossa outra recomendação é o JSTOR, um acrônimo para Journal Storage. Trata-se de um sistema online baseado nos Estados Unidos e criado originalmente pela Fundação Andrew W.Mellon. O JSTOR é hoje um dos maiores bancos de artigos científicos do mundo, reunindo periódicos de centenas de universidades. Quase todo o seu arquivo é gratuito. Para acessar é preciso fazê-lo em bibliotecas universitárias – onde o sistema geralmente é liberado. Também é possível ter acesso ao JSTOR remotamente, mas isso exige registro no sistema e autorização de alguma instituição conveniada. Em geral, as bibliotecas de universidade pública ajudam seus estudantes e conseguir esse tipo de acesso. O JSTOR é hoje uma organização sem fins lucrativos, independente e autossustentável. Seu acervo impressiona: são mais de 1.079 títulos de periódicos em 18 coleções representando 51 disciplinas, além de mais de 260.000 artigos individuais, cobrindo mais de 33,7 milhões de páginas de texto.