“Alien, o oitavo passageiro” (Ridley Scott,1979) é brilhante. O cinema de ficção científica pode ser dividido entre antes e depois dele. Os demais filmes da franquia não brilham tanto como o original, mas sempre foram, no mínimo, boas apostas, expandindo a história em direções instigantes e respeitando as reflexões sobre ambientalismo, capitalismo predatório, tecnologia e humanidade. “Alien: Romulus”(2024) é uma renúncia a tudo isso.
Dirigido pelo cineasta uruguaio Fede Álvarez (“O Homem nas Trevas” e “A Morte do Demônio”), o filme conta a história de um grupo de jovens colonizadores espaciais que se aventuram nas profundezas de uma estação espacial abandonada. Lá, eles passam o pão que o diabo amassou na mão das terríveis criaturas que tão bem conhecemos. Na linha do tempo, o filme se passa entre os eventos de “Alien: O Oitavo Passageiro” e “Aliens: O Resgate”.
“Romulus” fracassa em quase tudo. É um filme preguiçoso e sem muita razão para existir. O roteiro é um dos maiores problemas: superficial, previsível e repleto de diálogos bobocas. Mesmo os temas corporativos, tão bem explorados nos filmes anteriores, são tratados de forma rasa e apressada. O terror psicológico falha miseravelmente nas mãos de Álvarez.
Com um foco claro em atrair um público mais jovem, o filme tem um elenco formado por jovens adultos, entre 18 e 22 anos, aproximadamente, e muito estereotipados. Os atores não seguram a onda, muito provavelmente, devido a uma direção de elenco mais firme. O único que se salva é o ótimo ator David Jonsson. Na trama, ele faz Andy, um robô que vive uma crise de identidade e lealdade graças a uma atualização em seu sistema. Mas até isso, o filme é um desperdício, pois ao fim, o lado good cop do robô prevalece.
O único adulto mais velho no filme é uma bizarrice ética do filme. O ator britânico Ian Holm, morto em 2020, e que no primeiro filme viveu o robô traíra Ash, lacaio de sua empresa de exploração espacial, é trazido de volta por inteligência artificial. E não se trata apenas de uma ponta, como uma homenagem. Ash é um personagem que atravessa o filme do começo ao fim. Mesmo tendo sua família autorizado o uso de sua imagem e fala no filme, isso não anula, a meu ver, questões éticas muito importantes na atual fase do cinema.
“Alien: Romulus” sucumbe à lógica do “universo compartilhado”, uma obsessão de Hollywood desde o sucesso da Marvel. Essa tendência, replicada em franquias como Star Wars e séries como The Walking Dead, compromete frequentemente a qualidade ao tentar forçar conexões artificiais e expandir histórias desnecessariamente.
No fim das contas, “Alien: Romulus” não traz nada de novo para a franquia. Repetindo fórmulas gastas e sem inovar, o filme é “pointless” — desnecessário e sem direção clara. Não apenas falha em capturar o espírito dos filmes originais, mas também contribui para a saturação de universos cinematográficos que priorizam lucro sobre qualidade.