E aconteceu mesmo: “Ainda estou aqui de” venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional nesta noite de domingo (2), em Los Angeles (Califórnia, EUA), no Teatro Dolby. Esta é a primeira estatueta que o Brasil vence na história. O país já tinha sido indicado 22 vezes, mas nunca venceu nenhuma categoria.
O filme venceu uma forte concorrência: Emilia Pérez”, representando a França, “Flow”, da Letônia, “A Garota da Agulha” (The Girl with the Needle), da Dinamarca, e “A Semente do Fruto Sagrado” (The Seed of the Sacred Fig), da Alemanha.
Walter Salles, que recebeu o prêmio, falou:
“Em nome do cinema brasileiro, é uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Isso vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não se dobrar e resistir… Esse prêmio vai para ela: o nome dela é Eunice Paiva. E também vai para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, disse Walter Salles durante seu discurso e agradecimento. Ele também citou os nomes de Tom Bernard e de Michael Baker, executivos da Sony Pictures Classic, principal produtora internacional do filme.
“Ainda estou aqui”
“Ainda Estou Aqui” adapta a autobiografia homônima de Marcelo Rubens Paiva para o cinema. Ambientado nos anos 1970, durante o auge da ditadura militar no Brasil, o filme narra a trajetória de Eunice Paiva (Fernanda Torres), uma mãe de cinco filhos cuja vida é transformada pelo desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (Selton Mello), ex-deputado sequestrado pelo regime. Forçada a abandonar sua rotina de dona de casa, Eunice se reinventa como advogada e ativista pelos direitos humanos, enfrentando a repressão e buscando respostas sobre o destino de Rubens.
Com uma narrativa sensível e poderosa, o longa explora temas de perda, resistência e memória, refletindo o impacto da ditadura em uma família e em toda uma nação. Fernanda Montenegro também aparece em uma participação especial como Eunice em seus anos finais, complementando um elenco marcante e uma direção que resgata um capítulo sombrio da história brasileira.