Era madrugada do dia 25 de janeiro de 1835 quando estourou, na Bahia, a chamada “Revolta dos Malês”, uma insurreição inédita feita por escravizados, a maioria muçulmanos e de origem africana. Um dos objetivos principais dos escravizados era tomar a cidade, obter liberdade religiosa e derrubar o regime de escravidão. A revolta foi massacrada, mas o episódio foi histórico, assustou senhores em toda a América do Sul e teve muitos significados políticos que perduram até hoje.
A incrível história dos “Malês” já foi tema de muitos artigos, livros e filmes, mas agora pode ser conhecida gratuitamente. A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco disponibilizou gratuitamente na internet o livro “Malês 1835: negra utopia”, do sociólogo Fábio Nogueira. O livro está disponível em dois formatos digitais: Mobi e PDF. Não é preciso preencher formulários para baixar.
A Revolta dos Malês
Em 1835, o Brasil vivia uma monarquia escravocrata. A cidade de Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravizados ou libertos. Na região dos engenhos de açúcar, o Recôncavo, o número de escravizados chegava a 80% da população. Essas pessoas tinham origens diversas no continente africano, mas todos pagavam caro pela manutenção de suas tradições culturais e religiosas. A repressão, a censura e até mesmo a morte estava constantemente no horizonte. Dois desses grupos de Salvador praticavam o islamismo, os haussas e os nagôs, ambos alfabetizados, e foram eles que protagonizaram a insurreição que entrou para a História.
O livro do historiador Bruno Leal, professor da Universidade de Brasília, é destaque na categoria “historiografia” e “ensino e estudo”da Amazon Brasil. Livro disponível para leitura no computador, no celular, no tablet ou Kindle. Mais de 60 avaliações positivas de leitores.
“A Revolta dos Malês é o mais importante levante urbano de negros do país e, portanto, um dos principais momentos da resistência negra contra o escravismo. Foi protagonizada por escravos anônimos numa sociedade excludente e racista, onde a presença africana era ao mesmo tempo desprezada e temida. Eram pessoas que carregavam em suas mentes e corações as experiências de viver em um continente rico e próspero, que começava a ser devastado por guerras e conflitos para atender aos interesses das elites locais e coloniais”, aponta Nogueira.
Fábio Nogueira é Doutor em Sociologia (USP) e Professor Adjunto da UNEB (Universidade do Estado da Bahia). Publicou Clóvis Moura: trajetória intelectual, práxis e resistência negra (Eduneb, 2015) e Malês (1835): Negra Utopia (Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, 2019), além de diversos artigos sobre a temática racial no Brasil e no Caribe.