Segundo José Augusto Pádua, ocupar este espaço entendido como vazio sempre foi uma preocupação das elites e dos militares: “O que era uma ironia porque são espaços cheios de vida animal, vegetal, de ecossistemas e populações indígenas milenares”.
Agência Café História
O portal “O Eco”, especializado em jornalismo ambiental, publicou em seu canal no YouTube no último dia 30 um vídeo com o historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Augusto Pádua. Nele, o historiador, que é um dos maiores especialistas em História Ambiental no Brasil, discute a ocupação da Amazônia ao longo da história, bem como a relação dos governos e das elites com a região.
“O período dos governos militares em relação a Amazônia não pode ser separado de toda história anterior, principalmente no século XX e até mesmo no século XIX. Nós temos que entender que o Brasil herdou um território muito grande, politicamente, da América Portuguesa, mas a ocupação efetiva desse território foi muito pequena ao longo do tempo. Isso sempre gerou nas elites políticas e nas elites militares uma preocupação muito grande, a ideia de que era preciso ocupar esses sertões e esses espaços que eram vistos como vazios, o que é uma ironia, porque são espaços cheios de vida animal, vegetal, de ecossistemas e que tinham populações indígenas milenares e que manejavam de uma forma bastante inteligentes os recursos naturais dessas áreas”.
O vídeo chega em um momento em que as principais organizações ambientais do Brasil e do mundo assumem questionam o governo brasileiro a maneira como ele vem tratando o desmatamento na Amazônia e as populações nativas. Esta semana, em reportagem de capa, a revista britânica The Economist afirma que presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é “sem dúvida, o chefe de Estado mais perigoso em termos ambientais do mundo”.
“A maravilha natural da América do Sul pode estar perigosamente próxima do ponto de inflexão além do qual sua transformação gradual em algo mais próximo do estepe não pode ser impedida ou revertida (…). O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está apressando o processo – segundo ele, em nome do desenvolvimento. O colapso ecológico que suas políticas podem precipitar seria sentido com mais intensidade nas fronteiras de seu país, que circundam 80% da bacia – mas também ia muito além delas. Ainda dá para evitar”, afirma a reportagem.
Como citar esta notícia
CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Historiador fala sobre a ocupação da Amazônia (notícia). In: Café História – História feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/historiador-fala-sobre-ocupacao-da-amazonia/. Publicado em: 2 ago. 2019.
Sou graduado em História pela Universidade Federal do Acre, UFAC, e vejo, como cidadão, certos retrocessos nos dias de hoje a partir de quem deveria entender a Amazônia melhor em realce de quanto vale sua preservação para o Brasil e para o mundo. É triste isso, o pensamento ganancioso que tudo desconhece em nome de um progresso absurdo que pode resultar num amanhã catastrófico em escala global.Tive um professor justamente de História da Amazônia, guardando seu nome por sentir vergonha de explicitá-lo, que, em certa aula estudando texto de Márcio Souza sobre a ocupação da Amazônia, disse ser capitalista assumido e que a Amazônia podia muito bem ser derrubada e lajotada que não teria nenhuma importância ou impacto. Estas criaturas medonhas estão por todo canto até nos meios acadêmicos.
Vivemos um momento muito difícil mesmo, Raimundo.
Mas seguimos pesquisando e produzindo conhecimento.
Nada melhor do que seguir fazendo o nosso melhor. Abraço!
Estou lendo o livro História da Amazônia, do Márcio Souza, e me chamou atenção a matéria do Café História com o historiador José Augusto Pádua. Acredito que o tema mereça um tratamento com maior profundidade pelo Café História. De qualquer forma, parabéns por trazerem o tema para o espaço.
Salve, Manoel. Tudo bem? Obrigado pelo comentário.
Temos um artigo bem interessante sobre Amazônia:
https://www.cafehistoria.com.br/amazonia-e-floresta-amazonica-em-cartaz/
Nossa ideia é continuar produzindo material a respeito. Grande abraço!
O moço poderia ter abordado sobre os impactos sociais e ambientais que a antiga Vale do Rio Doce ocasionou durante sua implantação na Amazônia.