Fotos colorizadas mostram o cotidiano nos Estados Unidos durante “Gripe Espanhola”

19 de abril de 2018

Imagens em alta resolução mostram como os norte-americanos enfrentaram a doença que matou mais de 50 milhões de pessoas há um século.

Por Bruno Leal | Agência Café História

Uma nova série de fotos colorizadas mostra os efeitos devastadores da epidemia da “gripe espanhola” no cotidiano da sociedade norte-americana. As fotos foram divulgadas mês passado e marcam o 100º aniversário da pandemia que matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo entre 1918 e 1921. Elas revelam campos militares com soldados doentes, o trabalho de ativistas da Cruz Vermelha, o uso massivo de máscaras no cotidiano social, hospitais de campanha lotados de enfermos e muito mais.

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Policia de Seattle se protege contra o vírus. Foto: Royston Leonard, mediadrumworld.com

As imagens foram originalmente feitas em 1918, ainda durante a Primeira Guerra Mundial, e mostram como os Estados Unidos lutaram para lidar com o vírus moral. O material foi colorizado por Royston Leonard, eletricista de 55 anos, morador de Cardiff.

Doença devastadora

A pandemia de gripe espanhola é uma das mais letais da era moderna. A literatura especializada calcula que entre 21,5 e 39,3 milhões de pessoas morreram em decorrência da doença. Embora tenha “espanhola” no nome, sua origem ainda não é plenamente conhecida. Segundo o pesquisador Anton Erkoreka, acredita-se que ela estava associada aos soldados que lutaram na Primeira Guerra Mundial. Homens de diversas procedência juntos, solos profundamente remexidos, uso de gases tóxicos, insalubridade, contato com animais selvagens e outras condições poderiam explicar um pouco mais sobre o desenvolvimento da doença, classificada como da família da influenza A, subgrupo H1N1.

A primeira onda pandêmica da doença, na primavera de 1918, foi benigna, causando pouquíssimas mortes. No verão deste mesmo ano, contudo, o vírus sofreu uma mutação e se tornou extremamente virulento. A maioria dos que morreram eram adultos, jovens e saudáveis, com idades entre 15 e 44 anos. Os sintomas associados à doença são dor de cabeça, tremores, fraqueza, febre e dores articulares, apresentando o doente, por vezes, complicações em níveis torácicos ou intestinais. O primeiro país da Europa Ocidental em que a pandemia se espalhou para amplos setores da população, causando uma mortalidade significativa, foi a Espanha, derivando daí a denominação “gripe espanhola”. Em seguida, a “gripe espanhola” se espalhou por boa parte do planeta.

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Funcionários da Cruz Vermelha atuando em Washington. Foto: Royston Leonard, mediadrumworld.com

Durante a pandemia, nem mesmo os mais abastados estiveram livres. O Rei Afonso XIII, da Espanha, foi uma das vítimas fatais do vírus. No Brasil, a “gripe espanhola” vitimou, em 1919, o quinto presidente da República, Rodrigues Alves, que estava prestes a iniciar seu segundo mandato. No país, cerca de 30 mil morram devido a doença.

O Comitê de Saúde e da Organização de Higiene, antepassada da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi criado em 1922, entre outros motivos, para melhor estudar, prevenir e combater doenças deste tipo.


Como citar esta notícia

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de. Fotos colorizadas mostram o cotidiano nos Estados Unidos durante “Gripe Espanhola” (notícia).  In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/fotos-colorizadas-gripe-espanhola/‎. Publicado em: 19 abr. 2018. Acesso: [informar data]

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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