Neste sábado (25), Elon Musk, o bilionário proprietário do X (antigo Twitter) e CEO da Tesla, fez uma aparição surpresa, por vídeoc, em um evento de campanha do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD), na cidade de Halle, na Alemanha. Estima-se que havia no local 4.500 pessoas. Durante sua aparição, Musk enfatizou a importância de preservar a cultura e os valores alemães, alertando contra aquilo que seriam efeitos diluidores do multiculturalismo.
“É bom ter orgulho da cultura alemã, dos valores alemães, e não perder isso em algum tipo de multiculturalismo que dilui tudo”, disse o bilionário apoiador de Donald Trump. Ele também sugeriu que a Alemanha deveria superar a culpa histórica do nazismo, dizendo: “As crianças não devem ser culpadas pelos pecados de seus pais, muito menos de seus bisavós.”
Gesto nazista
Na semana passada, Musk fez um discurso de agradecimento no palco da Capital One Arena, onde apoiadores de Donald Trump se reuniram para um comício do novo presidente americano algumas horas após sua posse.
“Eleições vêm e vão. Algumas eleições são importantes, outras não, mas esta realmente importou. E eu só quero dizer obrigado por fazer isso acontecer. Obrigado.” disse Musk, que em seguida colocou a mão direita no peito antes de estendê-la para frente com a palma voltada para baixo e os dedos se tocando, um gesto amplamente reconhecido como a saudação nazista, ou Seig Heil, que em português significa “Salve a vitória”.
Essa saudação foi muito comum em demonstrações coletiva na Alemanha Nazista. O gesto era uma reverência a Hitler, que gostava da popularidade e do personalismo das massas. Depois da Segunda Guerra Mundial e do processo de desnazificação do país, o gesto foi proibido. Hoje, quem faz o gesto pode receber multa ou até cinco anos de prisão. A saudação é passível de punição mesmo em caso de provocação sem motivação política.
A revista americana Wired, uma das mais importantes dos Estados Unidos, publicou na última segunda-feira uma reportagem relatando o estado de euforia de vários grupos neonazistas com o gesto de Musk.
“Coisas incríveis já estão acontecendo”, escreveu Andrew Torba, fundador de uma plataforma de mídia social popular entre antissemitas e supremacistas brancos, sobre uma foto de Musk. Já Christopher Pohlhaus, líder de grupo neonazista americano, escreveu em seu Telegram: “Não me importa se isso foi um erro, vou aproveitar as lágrimas por isso”.
Musk não negou nem confirmou que seu gesto foi a saudação nazista. Ele escreveu no X: “Francamente, eles precisam de truques sujos melhores. Essa coisa de ‘todo mundo é Hitler’ está tããão ultrapassada.”
Muitos historiadores não tiveram dúvida do gesto. Claire Aubin, historiadora especializada em nazismo nos Estados Unidos, afirmou que o gesto de Musk foi um ‘sieg heil’, ou saudação nazista. “Minha opinião profissional é que vocês estão certos; devem acreditar no que veem”, escreveu ela no X. Já Ruth Ben-Ghiat, professora de história na Universidade de Nova York, conforme reproduzido pelo G1, declarou: “Como historiadora do fascismo, posso dizer que foi uma saudação nazista — e uma bem agressiva, inclusive.”
A associação com o nazismo tem outros episódios. Na última quinta-feira, o Ministério Público alemão anunciou a abertura de um inquérito para investigar a suposta projeção de imagens durante um ato de protesto na fábrica de veículos elétricos da Tesla em Grünheide, na Alemanha.
Musk e a extrema-direita alemã
No evento deste sábado, na Alemanha, a líder do AfD, Alice Weidel, agradeceu a Musk por seu apoio, destacando a importância de sua participação no evento. Weidel também fez declarações bizarras, incluindo a afirmação de que Adolf Hitler era um “comunista”.
A participação de Musk no evento do AfD ocorre em um contexto de crescente polarização política na Alemanha, com o AfD ganhando apoio significativo nas pesquisas eleitorais. O partido é conhecido por suas posições anti-imigração e nacionalistas, e a intervenção de Musk pode ser vista como uma tentativa de influenciar as eleições federais alemãs, previstas para 23 de fevereiro de 2025.
Em meados de 1950, a imprensa soltou uma bomba que chocou a opinião pública brasileira: o imigrante letão Herberts Cukurs, criador e proprietário dos pedalinhos da Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal do Rio de Janeiro, havia cometido crimes de guerra durante a ocupação nazista da Letônia. Neste livro, que vai virar filme, o historiador Bruno Leal, professor da Universidade de Brasília e criador do Café História, investiga o chamado “Caso Cukurs”, desde a chegada de Cukurs no Brasil até a sua execução por agentes secretos do Mossad, de Israel. Livro disponível nas versões impressa e digital. Gosta de Segunda Guerra Mundial? Esse livro não vai deixar a desejar. Confira aqui.