Pesquisa revela que 68,4% dos formados em História estão desempregados ou trabalhando fora da área

Dados foram divulgados pelo Instituto Semesp, que considerou as respostas de 5.681 egressos do ensino superior no Brasil. 1 em cada 3 formados em história está desempregado.
23 de setembro de 2024
Pesquisa revela que 68,4% dos formados em História estão desempregados ou trabalhando fora da área 1
Assim, 1 em cada 3 formados em história está desempregado, e 68,4% dos formados estão desempregados ou trabalham fora da área. Foto: Bruno Leal.

O Instituto Semesp acaba de divulgar dados de empregabilidade dos egressos de cursos superior no Brasil, a partir de um levantamento com 5.681 egressos do ensino superior de todos o país entre agosto e setembro desse ano, considerado rede privada e pública. A área da história é um dos destaques do relatório. Mas um destaque negativo. Os egressos de história lideram o ranking dos desempregados (31,6%) e ocupam o 10º lugar de empregados fora da área (36,8%). Assim, 1 em cada 3 formados em história está desempregado, e 68,4% dos formados estão desempregados ou trabalham fora da área.

O historiador Luiz César de Sá Júnior, coordenador do Programa de Pós-Graduação em história da Universidade de Brasília, comentou os números:

– A questão da empregabilidade na área de História passa por repensar as competências oferecidas aos estudantes. Além da docência, um profissional que passou com sucesso pela graduação e sobretudo pela pós-graduação adquire a capacidade de sintetizar grandes volumes de informação, dar sentido crítico a essas informações, pensar com criatividade e iniciativa e publicizar seus achados considerando públicos-alvo diferentes. São qualidades vitais para o setor privado, especialmente num mundo cada vez mais voltado para uma economia dos saberes que tem automatizado as tarefas mais simples.

Lucas de Oliveira Rocha, formado em História pela UnB em 2022, recentemente passou em um concurso de professor de História na rede pública de Goiás. Ele conta que teve dificuldades após formado:

– Fiquei a graduação inteira tentando arrumar um estágio e eu só consegui porque, no último ano, eu tive um quem me indicasse. No Distrito Federal é bem difícil conseguir aulas em escola particulares. Você precisa ter um contato, alguém para te indicar. O currículo na maioria das vezes não basta. E aí, acaba que o pessoal geralmente vai para os contratos temporários. No DF, a cada dois anos você tem uma prova para professor temporário. Mesmo assim, o contrato temporário tem uma demanda muito alta de professores para poucas vagas nas regionais mais pequenas. Então muita gente nem com isso consegue se empregar. Eu assinei minha posse esse mesmo Goiás, então, agora tenho um pouco menos medo do desemprego.

Em maio, o Instituto Semesp já havia divulgado outro dado preocupante para aérea: oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Entre os motivos alegados pelos respondentes da pesquisa, baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e i desinteresse dos alunos estão entre as razões. Os dados estão na 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil.

O Instituto Semesp

O Instituto Semesp é um centro de inteligência analítica criado pelo Semesp. Integrado por especialistas com sólida experiência no levantamento e análise de dados sobre o ensino superior, o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas referentes ao setor.

Outros dados da pesquisa

Áreas que registram egressos com maior desemprego:

  1. História (31,6% de desempregados)
  2. Relações internacionais (29,4% de desempregados)
  3. Serviço social (28,6% de desempregados)
  4. Radiologia (27,8% de desempregados)
  5. Enfermagem (24,5% de desempregados)
  6. Química (22,2% de desempregados)
  7. Nutrição (22% de desempregados)
  8. Logística (18,9% de desempregados)
  9. Agronomia (18,2% de desempregados)
  10. Estética e cosmética (17,5% de desempregados)

Áreas que registram egressos com maior empregabilidade:

  1. Medicina (92% de empregados)
  2. Farmácia (80,4% de empregados)
  3. Odontologia (78,8% de empregados)
  4. Gestão da tecnologia da informação (78,4% de empregados)
  5. Ciência da computação (76,7% de empregados)
  6. Medicina veterinária (76,6% de empregados)
  7. Design (75% de empregados)
  8. Relações públicas (75% de empregados)
  9. Arquitetura e urbanismo (74,6% de empregados)
  10. Publicidade e propaganda (73,5% de empregados)

Aéreas que registram egressos com emprego fora da área:

  1. Engenharia química (55,2% de empregados em outra área)
  2. Relações internacionais (52,9% de empregados em outra área)
  3. Radiologia (44,4% de empregados em outra área)
  4. Engenharia de produção (42,4% de empregados em outra área)
  5. Processos gerenciais (41,2% de empregados em outra área)
  6. Gestão de pessoas/RH (40,5% de empregados em outra área)
  7. Jornalismo (40,4% de empregados em outra área)
  8. Biologia (40,0% de empregados em outra área)
  9. Química (38,9% de empregados em outra área)
  10. História (36,8% de empregados em outra área)

Com dados retirados do G1.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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