Lídice: o distrito brasileiro que homenageia um vilarejo tcheco dizimado pelos nazistas 1
Ernani Amaral Peixoto na inauguração da Lidice brasileira, no sul do Rio de Janeiro. Ele escuta atentamente Wladimir Novaek falar. Foto: Fundo Correio da Manhã, Arquivo Nacional.

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Destruição de vilarejo na Tchecoslováquia foi uma ação de represália contra a morte do oficial da SS Reinhard Heydrich, chefe do Gabinete Central de Segurança do Reich.
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O 10 de junho de 1944 foi um dia incomum na história do pequeno município de Itaverá, atual Rio Claro, na região do Médio Paraíba, no Sul do Rio de Janeiro. No início da tarde daquele dia, estavam presentes no local o interventor federal do Rio de Janeiro, Ernani Amaral Peixoto, representantes do ministro das Relações Exteriores Oswaldo Aranha, adidos militares e diplomatas dos governos da Tchecoslováquia, Polônia, México, Turquia, Bélgica, Reino Unido e de diversos outros países. Ao redor dessas figuras, havia um batalhão de curiosos, assessores e jornalistas. O motivo de tudo aquilo? Era a inauguração de Lídice, o novo distrito de Itaverá, criado especialmente para homenagear um vilarejo tcheco de mesmo nome que havia sido apagado do mapa pelos nazistas em 1942.

A morte de Reinhard Heydrich

Essa história começa com a morte de um alto oficial nazista: o SS Reinhard Heydrich, chefe do Gabinete Central de Segurança do Reich (em alemão, Reichssicherheitshauptamt — RSHA), que controlava as forças de segurança e inteligência do Terceiro Reich. Era também ele o encarregado dos Einsatzgruppen, as unidades móveis de extermínio, e desde o outono de 1941, o Protetor Interino do Reich no Protetorado da Boêmia e Morávia, onde estava o território tcheco ocupado.

No desempenho de sua função, Heydrich se tornou um dos homens mais poderosos e temidos da Europa. Perseguia membros da resistência, prendia-os e os executava sem qualquer apelo. Muitos judeus foram massacrados sob suas ordens. Segundo o historiador Robert Gerwarth, em 1941 Heydrich fora instruído por Hermann Göring, o número 2 da Alemanha, para encontrar e implementar uma “solução final para o problema judaico na Europa” — essa “solução final”, como saberíamos, era um eufemismo para o extermínio físico.

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SS-Brigadeführer Heydrich, chefe da polícia bávara e do SD, em Munique, 1934. Foto: Bundesarchiv, Bild 152-50-10 / Friedrich Franz Bauer / CC-BY-SA 3.0
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Hitler saudando as forças alemãs entrando na Tchecoslováquia. Cortesia da Biblioteca Pública de Nova York.

Mas Heydrich não era apenas muito temido. Ele era odiado na mesma proporção. Para muitos membros da resistência antinazista, ele precisava ser eliminado. E foi o que acabou acontecendo. Em 1941, o governo tcheco no exílio (em Londres) desenvolveu um plano secreto para assassinar Heydrich. Ele foi chamado de “Operação Antropoide”. Edvard Beneš, presidente tcheco na capital inglesa, foi um dos comandantes da operação, e nove agentes foram recrutados e treinados pelo Special Operations Executive (SOE), do Reino Unido. Coube a dois deles, Jan Kubiš e Jozef Gabčík, a tarefa de matar Heydrich.

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Mapa do Protetorado da Boêmia e Morávia de um atlas de bolso alemão, 1939-1940. Foto: Museum of Jewish Heritage.

O time da Operação Antropoide entrou secretamente no país, de paraquedas, em 28 de dezembro de 1941. Depois de cinco meses de preparativos, o grande dia chegou. Em 27 de maio de 1942, Kubiš e Gabčík seguiram o carro de Heydrich pelas ruas de Praga, e quando este parou em um cruzamento no subúrbio da cidade, uma bomba foi atirada na parte traseira do veículo, após uma mal sucedida rajada de metralhadora contra o SS (a arma emperrou). Heydrich sobreviveu, mas gravemente ferido, ele entrou em coma e morreu no dia 4 de junho, aos 38 anos. Sua morte despertou a ira de Hitler e de altos oficiais nazistas.

A barbárie como represália

Para vingar a morte de Heydrich e desencorajar as forças de resistência a fazerem novos atentados, Hitler ordenou no dia 9 de junho, dia do funeral de Heydrich em Berlim, a destruição de uma pequena aldeia tcheca chamada Lidice, no Protetorado da Boêmia e Morávia. A organização do massacre coube ao oficial nazista Karl Hemrann Frank (1898-1946). Segundo o Museu do Holocausto de Washington, os nazistas justificaram sua represália alegando que duas famílias de Lídice estavam ligadas aos assassinos de Heydrich e à resistência tcheca. Mas a verdade é que não havia evidência desta conexão. Aparentemente, os alemães só queriam uma história qualquer para vingar-se da resistência tcheca.   

Com aproximadamente 483 habitantes, Lidice estava localizada a cerca de 30 km de Praga. Era uma localidade calma, pouco conhecida, com um estilo de vida tradicional cada vez mais raro na modernidade. Sua população estava ali havia séculos, e era formada em maioria por mineiros e madeireiros, gente simples e pobre que trabalhava na bacia de carvão de Kladno. Não representavam nenhuma ameaça à ocupação alemã. Mas os nazistas foram implacáveis.

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Vista aérea de Lídice. Foto: Cortesia de Lidice Memorial.
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Lídice antes da destruição. Foto: Cortesia de Lidice Memorial.

No dia 10 de julho de 1942, quase todos os homens de Lidice foram presos, reunidos na praça da cidade e sumariamente assassinados. Outros foram mortos em fazendas locais nos dias seguintes. Mulheres e crianças foram deportadas para “centros de educação nazista” — muitas morriam em câmaras de gás. Igrejas, monumentos, casas, prédios públicos e a simples infraestrutura do vilarejo foram postos a baixo — Lidice se tornou um monte fumegante de escombros. As árvores foram derrubadas e os animais mortos. Nem o cemitério foi poupado.

A historiadora Jéssica Rapson, que estuda as políticas de memória implementadas na região, no pós-guerra, resume a tragédia da pequena Lidice:

“173 habitantes do sexo masculino de Lidice, principalmente mineiros e operários, foram baleados na cabeça, e as mulheres e crianças restantes foram deportadas à força, muitas para campos de concentração. 82 das crianças e 60 das mulheres morreram antes do fim da guerra. Um total de 340 pessoas foram mortas. A destruição da própria aldeia foi realizada com extraordinária atenção aos detalhes; levou mais de um ano para concluir as alterações ordenadas na topografia do terreno, que deveria ser coberto com solo importado da Alemanha. Os alemães renomearam o lugar onde Lidice estava ‘Vorwerk’ [‘propriedade periférica’]”

Segundo o historiador Paul Ham, aterrorizar civis era uma tática de guerra comum dos nazistas em países inimigos ocupados, e Hitler havia aprendido isso na Primeira Guerra Mundial, na ocupação da Bélgica, quando várias ações de terror e destruição foram tomadas para acelerar o avanço do exército alemão. Lidice parecia seguir aquele mesmo tipo de roteiro. Sua destruição não obedecia a nenhum propósito militar racional — visava tão somente disseminar o medo, impor ameaças e retaliar o assassinato de Heydrich.

Terror em todo o protetorado

Houve prisões e execuções na capital Praga e em outras cidades pequenas e vilas do país, como Kadno e Ležáky. Várias famílias tchecas foram separadas nessas ações. Calcula-se que as represálias em todo o protetorado nazista tenha resultado em mais de três mil prisões e mais de 1.300 mortes.

Kubiš e Gabčík e outros agentes da Operação Antropoide foram descobertos poucos dias depois pela SS em uma catedral de Praga. Kubiš trocou tiros com os nazistas e morreu; Gabčík e outros agentes preferiram o suicídio à captura. Suas famílias foram enviadas para o campo de concentração de Mauthausen.

Naqueles dias, as rádios de Praga irradiaram uma notícia ameaçadora: quem colaborasse com informações sobre a morte de Heydrich poderia ser recompensado e perdoado, mas aqueles quem escondesse algo sofreria as consequências.

A repercussão da destruição de Lídice

A ação dos nazistas na Tchecoslováquia chocou a opinião pública internacional. Jornais de boa parte do mundo noticiaram o massacre da aldeia como crime de guerra e símbolo da barbárie nazista. O Chicago Tribune, dos Estados Unidos, informou que a vila tcheca fora varrida do mapa, e que os nazistas haviam ordenado que o nome de Lídice fosse extinto. Os governos dos Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido, que já vinham sendo pressionados para se posicionarem de forma mais enfática contra as barbáries nazistas, estavam agora ainda mais pressionados. Em vários países, as pessoas clamavam por justiça.

Porém, antes que as forças aliadas pensassem em uma resposta apropriada, o que se fez ver e sentir em vários lugares foi uma onda de homenagens. Não eram ainda prisões e nem bombardeios, como muitos esperavam, mas essas homenagens denunciavam contundentemente o caráter genocida dos nazistas.

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Um pôster de guerra anti-nazista anunciando a destruição da vila de Lidice. Cortesia do National Archives dos EUA.

Em 1942, a poetiza norte-americana Edna St. Vicent Millay (1892-1950) publicou “O assassinato de Lídice”, um poema comissionado pelos Writers’ War Board in the United States, principal organização de propaganda doméstica privada nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. No ano seguinte, foi a vez do compositor tcheco Bohuslav Martinů escrever, no exílio, o musical “Memorial para Lídice”, e do autor britânico Gerald Kersh dramatizar o massacre na peça “Os mortos olham”.

A mais veemente forma de homenagem, contudo, foi a criação de cidades, em diversos lugares do mundo, chamadas Lidices — uma forma de dizer que a cidade não só continuava viva, mas que havia se tornado onipresente e indestrutível. Na Cidade do México, uma antiga vila do bairro de Magdalena Contreras foi rebatizada para San Jerônimo Lídice. Batismos iguais foram vistos na Venezuela, no Canadá, no Panamá e nos Estados Unidos – neste país, a localidade de Stern Park Gardens, no Illinois, foi rebatizada de Lidice.

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Selo patriótico de Walter T. Poppenger, um negociante de selos de Akron, Ohio, que produziu setenta e sete selos patrióticos diferentes ao longo dos anos de guerra. Neste, em homenagem a Lídice, com carimbo postal da US Navy, 30 de outubro de 1944, e rubricada por um censor naval, tinha como destino Buffalo, Nova York. Foto: Museu Nacional dos Correios

“Juremos que a memória desta pequena aldeia da Boêmia ressuscitada pelo povo de uma pequena aldeia de Illinois nos rememorará, agora e quando a guerra tiver terminado, com a férrea resolução de que a loucura dos tiranos deve desaparecer da face da Terra, de modo que o mundo possa retornar àqueles a quem pertence”, disse o advogado republicano Wendel Wilkie (1892-1944) no discurso de inauguração da Lidice norte-americana.

A Lídice brasileira

A ideia de homenagear Lidice no Brasil surgiu em uma sessão do Instituto dos Advogados Brasileiros, realizada em 17 de setembro de 1942, quase um mês após o Brasil declarar guerra a Alemanha Nazista. Mario Accioly, então procurador da República e secretário do Instituto, encaminhou ao interventor federal do estado, Ernani Amaral Peixoto, uma proposta para dar o nome de Lídice a local no interior do Estado do Rio de Janeiro. A justificativa seria obter do interventor do Rio “uma ação contra os inimigos do nosso país”. A proposta foi acatada e Peixoto escolheu a antiga Vila do Parado, antiga Santo Antônio do Capivari, no então município de Itaverá (atual Rio Claro), para isso.

A imprensa recebeu bem proposta e a prefeitura de Itaverá deu a sua contribuição para a homenagem, oferecendo em agosto de 1943 um terreno para a construção de uma escola e contratando o engenheiro urbanista Osmar Marinho para desenvolver um plano de urbanização do novo distrito fluminense.

A inauguração da Lídice brasileira aconteceu por volta das 13h do dia 10 de junho de 1944, data em que a destruição da Lidice tcheca completava dois anos. O evento reuniu autoridades brasileiras, adidos militares da Tchecoslováquia e diplomatas de vários países aliados, além de curiosos, assessores e jornalistas.

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Distrito de Lídice. Foto: Isabela Kassow/ Diadorim Ideias
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Lídice RJ Brasil – Vista do Centro, 2012. Fonte: Josue Marinho.

A ocasião também marcou a inauguração da nova escola pública a região, com capacidade para 300 alunos, bancada pelo governo do Estado do Rio, e cujo nome, Presidente Benes, homenageava o então presidente da Tchecoslováquia no exílio em Londres, Edvard Beneš. A banda de música da Força Policial do Estado do Rio executou os hinos da Tchecoslováquia e do Brasil. O Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda distribuiu cópias do poema “A carta que veio de Lídice”, do poeta Joaquim Tomaz.

O jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, descreveu a sessão do novo distrito:

“Este velho e histórico pedaço do hinterland fluminense esteve hoje muito movimentado com a inauguração de Lidice, nome dado a antiga Vila do Parado, município de Itaverá. A cerimônia concentrou, num brilhante espetáculo de civismo e compressão, pessoas vindas de todas as partes do mundo. (…) O Sr. Amaral Peixoto foi recebido entre as mais vivas demonstrações de carinho e simpatia por parte da massa popular que se aglomerava na praça principal, e em cujo centro se acha erguido o monumento a Lidice brasileira”.

Ernani Amaral Peixoto, por sua vez, discursou com as seguintes palavras:

“Este local, tranquilo e belo da Serra Fluminense, é o ponto de encontro de homens vindos de todos os recantos da terra, falando os mais variados idiomas e tendo as mais diversas crenças. Qual o motivo superior que nos congrega? Que de comum temos nós, os que aqui nos reunimos? Viemos atraídos por um ideal, prontos para uma afirmação, dispostos para uma luta. Liga-nos o amor à liberdade e o desejo de afirmar que queremos permanecer livres e que para isso lutaremos. Tchecos: a vossa condita heroica ainda oferece outra grande lição! Tivessem sido ouvidos os vossos chefes e outro seria o desenrolar dessa guerra O sacrifício de tudo o que para vós era mais caro – a vossa liberdade – não foi aproveitada pelos demais povos para a preservação a paz. Compreendem todos para o futuro que a liberdade de um é bem comum de todos e, que as ameaças que pesam sobre uma nação atingem a humanidade”. 

O encarregado de negócios da Checoslováquia, Waldimir Nosek, no local, agradeceu às autoridades brasileiras e aos oradores pelas homenagens, afirmando que o ato de criação da Lídice brasileira era “mais uma prova da simpatia do Brasil para a minha pátria”.

A colônia tcheca no Brasil doou dois quadros para o novo distrito: um de Santo Antônio, padroeiro da Lídice brasileira, e outro de São Wenceslau, padroeiro da Lídice original e fundador do Estado tcheco. Na Praça Padre Ezequiel, no centro do distrito, inaugurou-se um monumento oferecido pelo Instituto dos Advogados: uma ave fênix de 300 quilos e 5 metros de altura desenvolvida pelo escultor brasileiro Honório Peçanha (1907-1992) e uma placa memorial onde se lia: “Lídice, há de ser sempre no coração do Brasil como um símbolo de liberdade”.

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Fênix de Lídice (RJ). Foto: Isabela Kassow/ Diadorim Ideias
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Escola Presidente Benes, em Lídice, Rio de Janeiro. Foto: Benes News/Facebook.

Depois da solenidade, foi oferecido a todos um amplo churrasco, realizado na região da garganta dos Coutinhos, na Serra do Mar. E neste mesmo dia, o Comitê Interaliado, com sede em Londres, enviou uma mensagem aos presentes alusiva a memória dos tchecos mortos como represália ao atentado contra Heydrich. “Das cinzas de Lídice incendiada acendestes uma tocha cuja luz brilhará como um monumento comemorativo para todos os outros que deram a vida pela liberdade”.

No dia 11 de junho, registrou-se, segundo noticiou a imprensa, o primeiro nascimento de uma criança no novo distrito fluminense, um menino, batizado de…Eduardo Benes. 

Pós-Guerra

No pós-guerra, as autoridades aliadas não perdoaram os envolvidos com a destruição de Lidice. Nos julgamentos de Nuremberg, um vídeo com imagens da cidade destruída foi exibido perante os membros da corte e demais presentes. Em 1946, Karl Hermann Frank, o SS que ordenou a destruição de Lidice, foi preso e julgado pelo Tribunal Popular de Praga. Sua execução foi presenciada sete mulheres de Lídice que sobreviveram à guerra.

A cidade de Lidice original foi reconstruída em 1948 perto da original pelas autoridades tchecas, mas era uma cidade totalmente nova, embora alguns poucos sobreviventes tenham ido viver nela. O que sobrara da antiga Lidice foi usado para a criação de um memorial e de um museu aberto em 1962. Enquanto isso, as Lidices criadas no exterior mantiveram viva a memória da Lidice original. Em várias delas, todos os anos, no dia 10 de junho, são realizadas homenagens.

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Memorial de Marie Uchytilová às Crianças Vítimas da Guerra, 1969-2000. Foto: Rose Durand.
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O local da aldeia Lidice em 2014. Foto: Rose Durand

Na Lídice fluminense, que tem hoje cerca de 5 mil habitantes, as referências de 1942 e ao país europeu estão em todo lugar. No centro Cultural do distrito, há marionetes tradicionais da República Tcheca, quadros e exposições sobre a Tchecoslováquia. Há também de pé ainda, e bastante ativo, o Colégio Estadual Presidente Benes. A inauguração do distrito em 1944 foi não só uma homenagem, mas um exemplo de como as autoridades brasileiras souberam empregar lugares de memória como forma de engajamento da nossa frente doméstica e para melhor posicionar o Brasil na geopolítica global da guerra.  

Referências

GERWARTH, Robert. O carrasco de Hitler. Editora Cultrix, 2015.

HAM, Paul. O jovem Hitler: Os anos de formação do Führer. Objetiva, 2020.

ILLICHMANN, Carmen T. Lidice: Remembering the Women and Children. UW-L Journal of Undergraduate Research, v. 8, p. 1, 2005.

RAPSON, Jessica. Mobilising Lidice: cosmopolitan memory between theory and practice. Culture, Theory and Critique, v. 53, n. 2, p. 129-145, 2012.

RAPSON, Jessica. Topographies of Suffering: Buchenwald, Babi Yar, Lidice. Berghahn Books, 2015.

Fontes e outras referências

Arquivo Nacional do Brasil

Museu do Holocausto de Washington

Jornais “Correio da Manhã” e “O Globo”

Lidice Memorial

Museum of Jewish Heritage

Como citar este artigo

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de Carvalho. Lídice: o distrito brasileiro que homenageia um vilarejo tcheco dizimado pelos nazistas (Artigo). In: Café História. In: Café História. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/lidice-odistrito-brasileiro-que-homenagea-vilarejo-destruido-pelos-nazistas/. Publicado em: 11 dez. 2023. ISSN: 2674-5917.

Bruno Leal

Fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.

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