O democrata Joe Biden, de 78 anos, usou várias vezes a palavra “união” em seu primeiro discurso oficial como 46.º presidente dos Estados Unidos, no último dia 6 de janeiro. Na década de 1980, o então senador Joe Biden também pediu o mesmo. Ao lado de outros políticos democratas, como Edward Kennedy e Alan Cranston, Biden apoiou o “Concerto da Paz”, que reuniu as maiores estrelas do rock americano e soviético da época. A ideia era usar a música para promover a paz e a união entre EUA e URSS, que viviam um novo escalonamento da tensão nuclear da Guerra Fria.
O evento aconteceu no dia 4 de julho de 1987, no estádio Izmaylovo, em Moscou, e foi considerado por muitos como o maior concerto do gênero já realizado em solo soviético. Tocaram na ocasião nomes como Santana, James Taylor, The Doobie Brothers, Bonnie Raitt, entre outros. De acordo com a imprensa, o palco em Moscou estava enfeitado com bandeiras vermelhas e a palavra paz estava escrita em inglês e russo.
O show foi organizado pelo Comitê de Paz soviético e grupos pacifistas, e contou não só com o apoio de Biden e de outros políticos, como também de clérigos. O empresário Bill Graham, nascido na Alemanha, mas que fez carreira como promotor de concertos nos Estados Unidos, foi o responsável pela montagem, enquanto que Steve Wozniak, um dos fundadores da Apple, angariou cerca de 750 mil dólares para fazer a festa acontecer.
Foram seis horas de música no total. De acordo com reportagem do Jornal do Brasil, tudo transcorreu bem, com exceção da distribuição dos ingressos:
“A admissão ao estádio era livrem mas as autoridades soviéticas distribuíram as entradas entre representantes do Comitê da Paz soviético, a Juventude Comunista e os Sindicatos. Aqueles sem conexão com uma organização do PC não deram conseguir uma entrada – disputadíssima em toda Moscou”, disse o jornal.
Tratado de desarmamento
O “Concerto da Paz” foi uma espécie de conclusão de uma marcha antinuclear ocorrida duas semanas antes em Leningrado, da qual participaram ativistas antinucleares americanos e soviéticos.
Em dezembro daquele ano, o então presidente americano, Ronald Reagan, e seu colega soviético, Mikhail Gorbatchev, assinaram o histórico Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (“Tratado INF”), visando o controle das armas nucleares no plano internacional.