O cinema é uma das principais formas de reflexão sobre a história e a cultura de um país, e no caso da ditadura militar brasileira, não é diferente. O cinema brasileiro foi e tem sido fundamental para denunciar as violações dos direitos humanos, a censura e a repressão durante o regime militar, além de trazer reflexões sobre a memória e a responsabilidade histórica do país.
A produção cinematográfica sobre a ditadura brasileira é vasta e diversa. Ela inclui filmes de ficção, documentários, animações e curtas-metragens. Esses filmes ajudam a revelar histórias e memórias que muitas vezes foram silenciadas, e permitem que as novas gerações tenham acesso a um registro crítico e consciente sobre esse período sombrio da história brasileira.
Além disso, o cinema também foi (e ainda é) uma forma de resistência e enfrentamento ao regime, além de material de análise de produção subjetiva para historiadores e historiadoras que se estudam o campo.
Abaixo, você pode conferir dez bons filmes sobre ditadura militar, e com eles aprender sobre essa dura página da história republicana brasileira. São filmes que mostram o vigor do chamado “cinema da retomada”.
“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” (2006)
Dirigido por Cao Hamburger, o filme é ambientado em 1970. Ele conta a história de um garoto comum de 12 anos deixado pelos pais em um bairro de São Paulo antes de serem obrigados a fugir da ditadura militar. Sozinho, ele é acolhido pelos vizinhos e aprende sobre amizade e solidariedade em tempos difíceis.
“Zuzu Angel” (2006)
Dirigido por Sergio Rezende, o filme conta a história da conhecida estilista mineira Zuzu Angel, que lutou para encontrar o corpo de seu filho, desaparecido durante a ditadura militar. Ela enfrentou o governo e a censura para denunciar as violações dos direitos humanos e exigir a verdade sobre o que havia acontecido com seu filho. No filme, Daniel de Oliveira faz o filho, enquanto Zuzu Angel é interpretada por Patrícia Pillar.
“Batismo de Sangue” (2007)
Dirigido por Helvécio Ratton, o filme se baseia no livro homônimo de Frei Betto. Trata-se da história de um grupo de frades dominicanos que se envolveram com a luta armada contra a ditadura militar e acabaram presos e torturados. O filme retrata a luta pela sobrevivência e as escolhas difíceis que eles tiveram que fazer para manterem-se firmes em seus ideais. No elenco, estão nomes conhecidos da teledramaturgia brasileira, como Caio Blat, Daniel de Oliveira e Cássio Gabus Mendes
“O Que É Isso, Companheiro?” (1997)
Dirigido por Bruno Barreto, o livro se baseia no livro homônimo de Fernando Gabeira, jornalista, ex-deputado federal e atualmente comentarista do canal GloboNews. O filme conta a história do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, no Brasil, em 1969, por um grupo de guerrilheiros. O filme tem pegada ágil e retrata o clima de repressão e o desejo de mudança que levaram a ações radicais contra o regime militar. Fez enorme sucesso na época de lançamento.
“O dia que durou 21 anos” (2013)
Dirigido por Camilo Tavares. A produção se apoia em documentos secretos e gravações originais da época mostram a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. O documentário destaca a participação da CIA e da Casa Branca na ação militar que deu início à ditadura.
O livro do historiador Bruno Leal, professor da Universidade de Brasília, é destaque na categoria “historiografia” e “ensino e estudo”da Amazon Brasil. Livro disponível para leitura no computador, no celular, no tablet ou Kindle. Mais de 60 avaliações positivas de leitores.
“Cabra Marcado Para Morrer” (1984)
Dirigido por Eduardo Coutinho, o documentário que conta a história de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado pela ditadura militar em 1964. Coutinho retoma o projeto de filmagem do filme que havia sido interrompido pela censura, durante ainda a ditadura, e reencontra anos depois os camponeses que participaram do projeto original para recontar a história de João Pedro e da luta pela reforma agrária. É considerado um marco no cinema documental brasileiro.
“Deslembro” (2019)
Dirigido por Flavia Castro. O filme conta a história de Joana, uma adolescente que retorna ao Brasil com sua família após passar grande parte da vida exilada na França durante a ditadura militar brasileira. Joana lida com as mudanças culturais e a saudade da França, enquanto tenta descobrir mais sobre seu passado e a história de sua família. O filme traz reflexões sobre a memória, a identidade e a reconciliação.
“Diário de uma Busca” (2010)
Neste documentário, a cineasta Flavia Castro investiga o desaparecimento de seu pai, um militante comunista durante a ditadura militar no Brasil. A diretora usa o material de arquivo e entrevistas com familiares e amigos para traçar um retrato de seu pai e sua história política, enquanto também explora as relações familiares e a construção da identidade.
“Cidadão Boilesen” (2009)
Documentário dirigido por Chaim Litewski que explora a relação do empresário dinamarquês Henning Boilesen com a ditadura militar brasileira. O filme usa entrevistas, imagens de arquivo e documentos para traçar um perfil de Boilesen, que foi presidente da Ultragaz e também colaborou financeiramente com o regime militar, além de ter sido um dos torturadores do famoso jornalista Vladimir Herzog. O documentário mostra como Boilesen financiou diversas atividades do regime, incluindo a repressão aos movimentos sociais e a tortura de presos políticos.
“Em Busca de Iara” (2003)
Dirigido de Flávio Frederico e Mário Bortolotto, o documentário busca esclarecer as circunstâncias da morte de Iara Iavelberg, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), em 1971, aos 27 anos. Até 2003 sua era oficialmente registrada como suicídio.