Publicado pela primeira vez em 1996 pela editora Jorge Zahar e pela EDUSP, com apoio da FAPESP, “Imagens da Colonização: a representação do índio – de Caminha a Vieira”, de Ronald Raminelli, professor do Instituto de História da UFF, rapidamente se tornou um título presente em quase todos os programas de História do Brasil. Na obra, Raminelli procura compreender como o índio foi visto pelos colonizadores – portugueses, holandeses e franceses. Para isso, o autor combina problematização teórica com pesquisa documental, o que permite ao leitor conhecer uma pluralidade de representações, narrativas, mitos e olhares que os colonizadores construíram sobre os nativos do Novo Mundo. Para baixar o livro, clique aqui.
Na introdução do livro, a historiadora Laura de Mello e Souza pontua que o trabalho de Raminelli “inaugura um viés analítico no tratamento do tema: o da história antropológica, ou antropologia histórica, com forte influência das análises iconológicas norteadas pelos trabalhos dos warburguianos – destacando-se, entre estes, Erwin Panofsky e Ernst Gombrich”. E completa: “neste trabalho percussor, as imagens assumem o mesmo estatuto que as fontes escritas; aliás, as análises das representações iconográficas sobre o Mundo Novo constituem um dos pontos altos de Imagens da colonização”.
Livro esgotado e disponibilizado em momento oportuno
O livro foi disponibilizado há dois anos pelo próprio autor em seu perfil no site Academia.edu. Na última semana, contudo, Raminelli voltou a divulgar a obra. A lembrança vem em momento oportuno. No último dia primeiro, fazendeiros prepararam uma emboscada seguida de ataques a tiros, golpes de facão e pauladas à aldeia indígena Gamela, no Povoado das Bahias, em Viana, interior do Maranhão.
Além disso, “Imagens da Colonização” é um livro esgotado. Não pode ser mais encontrado nas livrarias ou na editora. Nos sebos, o livro ainda pode ser comprado, mas o preço é quase sempre alto. No site Estante Virtual, por exemplo, “Imagens da Colonização” dificilmente é encontrado por menos de 100 reais. Portanto, o que não faltam são motivos para ler esse clássico da historiografia, agora, totalmente acessível e gratuito.
Ótima oportunidade para quem deseja conhecer as nossas raízes, o nosso país. Os índios representam mais do que sabemos,mais do conhecemos, mais do que entendemos.
Com certeza, Edilani. Precisamos discutir mais a história e a cultura indígenas.
Poucos são os livros que nos dão a oportunidade de entender de forma clara e objetiva como foram os momentos iniciais do nascimento de nosso país. A associação de informação iconográfica, e suas possíveis interpretações, possibilitam um bom entendimento do que fomos e o que nos tornamos. Seja você historiador ou não (como no meu caso), a leitura de “Imagens da Colonização” é garantia do que há de melhor em conhecer nosso passado.
Prezado professor doutor Ronald Raminelli
Sou aluno do mestrado em história pela Universidade de Brasília, e gostaria de manter contato com o senhor, ou acessar algum blog, ou qualquer rede social sua.
Minha proposta de pesquisa é o papel intelectual da crônica colonial portuguesa e sua moldura renascentista, onde pretendo demonstrar como o naturalismo presente na descrição do novo mundo emerge como identidade de um país que tem a chancela do idílico, do belo e do paraíso perdido desde a sua certidão de nascimento, em Pero Vaz de Caminha.
Como poucos historiadores nos dão essa visão participativa em suas molduras descritivas do Brasil colonial, penso que é importante dar destaque ao caráter protagonista do Brasil, na visão dos cronistas, naquilo que muitas vezes parece ser um dos últimos apelos para a redenção ecológica do homem, embalada pelo retorno ao belo em sua forma mais pura, eternizada não somente nas crônicas coloniais, mas em Eckout em suas monumentais telas.
Nossa contribuição como um território que se caracterizou como berço de uma visão que não somente nos remeteu à beleza clássica da representação da natureza, mas foi elástica ao ponto de eles pensarem estar no Éden perdido depois do Gênesis, por via do mito do paraopeba, demonstra e eleva a importância da participação do novo mundo em um momento histórico de espetacular redescoberta da natureza como expressão da arte e a perfeição, inerentes à criação, e que acabará sendo chancelada pelas observações dos naturalistas do século XIX, como Wallace e Darwin, este último inclusive usando o Brasil como um dos seus “locus” de pesquisa.
Gostaria de poder entrar em contato consigo.
Outrossim, estou em Brasília para qualquer oportunidade de lhe ser útil.
Saudações fraternais,
Braulio Calvoso
Oi, Braulio. Bom dia. Tudo bem? Obrigado pelo comentário!
Talvez seja melhor você entrar em contato diretamente com o Professor Ronald.
Do contrário, acho difícil ele ver o seu comentário aqui na notícia do Café História.
Grande abraço!
Obrigado, amigos.
Sucesso nas belas publicações.
Cordialmente,
Braulio Calvoso